quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Música/Canções: Pragmática Sociocultural em Sala de Aula

A música é o barulho que pensa.❞ Víctor Hugo
Gláucia Lima
“O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas.” William Shakespeare
Quando escrevi minha tese de doutorado, minha pesquisa teve como objetivo realizar uma análise crítica da utilização de canções como reforço e estratégia no ensino comunicativo de língua espanhola como língua estrangeira, trabalhadas num contexto sociocultural.

 A motivação para trabalhar este tema surgiu de minha experiência laboral, como professora de língua espanhola no Centro de Línguas do IMPARH, na Prefeitura Municipal de Fortaleza. Elaborei minha argumentação a partir do resultado da análise de material didático e da minha prática profissional. Propus que a utilização de canções como atividades criativas em aulas de espanhol como língua estrangeira, possibilitasse interpretá-las num contexto social e cultural. Proceder à escrita desta tese sem levar em conta minha atuação no ensino de espanhol (como L2), seria fugir da realidade e fabricar, naturalmente, uma falsa identidade.

Acredito que canções constitui base para a aprendizagem de línguas, pois atua diretamente na prática da compreensão auditiva, numa comunicação real. A necessidade de uma instrução argumentativa, que faça análise buscando identificar oportunidades gerais e específicas que podem ser levantadas na hora de definir metas e estratégias de utilização de canções nas aulas de línguas estrangeiras, no meu caso em específico, a do espanhol. Já que a cultura, fundamentalmente, tem um papel central de aproximar as sociedades, percebe-se que se pode ensinar a "cultura", porque a música e as canções são manifestações culturais da comunidade linguística, de promover e estimular o conhecimento social e cultural através de canções do mundo hispânico, durante o aprendizado de línguas.

Desenvolver a competência comunicativa com ênfase nos aspectos sócio-culturais do mundo/sociedade hispânica estimula no aluno o interesse pela cultura e língua  hispânicas. Permite contextualizar autor e obra e identificar as características culturais, identificando na sociedade as influências do mundo hispânico através da canção.

Temos portanto nas canções, um  mecanismo por demais prazeroso, que podemos utilizar para fazer funcionar a nossa comunicação. E, nesta época, onde tudo se faz rapidamente, elaborações  mentais se fazem necessárias para acompanhar a velocidade do computador, de toda a evolução da tecnologia, por fim e principalmente, das “redes sociais”, que revolucionam a linguagem e, por conseguinte, as sociedades no mundo.

Minha tese consigna à teoria de Paulo Freire ao defender que “linguagem e realidade prendem-se dinamicamente”, para ele“a leitura do mundo precede à leitura da palavra”. Nada obstante, a língua (e sua linguagem), ainda exerce o protagonismo na comunicação. Ao falar de inteligência múltiplas e de inteligência emocional, se reforça a necessidade de leituras e audições de diversificadas linguagens. As canções têm este poder de acercar os povos e, sobretudo sua cultura e tradição, bases na sociedade. h

Figuras: 1. Lennon e Che ao violão/ 2. Capa CD-Livro Caetano/
     3. criança em losa digital  Capa LP Mercedes Sosa/ e
               4. criança em losa digital imagem show Pablo Milanés e Chico Buarque
Assim, compartilha com a linha de pensamento de Noam Chomsky ao demonstrar preocupação pela criatividade e a liberdade do falante, adicionando a “situação” como matiz que afeta à essência dessa mesma liberdade. As canções contribuem para familiarizar aos alunos com a realidade. Aproximá-los de outras realidades mais distantes, além de que nos traz mensagens diretas (ou não) que nos falam de nosso mundo, transpondo a barreira do mundo do mesmo idioma.

A psicolinguística confirma que a reprodução do modelo sonoro na música, implica sua percepção. A mensagem pode ter a capacidade de atuar sobre nossas emoções, conectando com nosso plano afetivo. Esta carga afetiva e próxima da realidade que traz as canções se convertem no material motivador e significativo para explorar na sala de aula.

Widdowson propõe que o aluno, através da manipulação da linguagem e da percepção de sua função social, desenvolva habilidades comunicativas que ajudam na aquisição da segunda língua.

A música e as canções, numa perspectiva psicopedagógica, contribuem positivamente na compreensão e desenvolvimento para a comunicação e aprendizagem de idiomas (ou 2ª língua), sem alijá-lo  da realidade do mundo; sim, pondo professor/a e aluno/a, de forma prazerosa, no centro e partícipe da situação.  

É nesta mesma perspectiva, ou seja, da educação construtiva, que defendemos e apoiamos a inclusão da música e/ou canções, também  como disciplina curricular, em sala de aula. Ganha a estudantada, o magistério, a arte, a educação como um todo e, principalmente, a sociedade. 
Gláucia Lima * glaucialimavoz.blogspot.com.br/@Glaucia_Lima_

“…debe el canto ser luz sobre los campos
iluminando siempre a los de abajo.
                     (composición: Horacio Guarany-Si se calla el cantor)

Mercedes Sosa & Horacio Guarany Si se calla el cantor - 1972
&♪♫ ?  y  x♪♫ r t  h  ♪♫ 
*Gláucia Lima escreveu a Tese: LAS CANCIONES COMO REFUERZO Y ESTRATEGIA EN LA ENSEÑANZA COMUNICATIVA EN EL CONTEXTO SOCIOCULTURAL DE E/LE (E/LE = Espanhol como Língua Estrangeira)


BLOG DA DILMA: Canções: Pragmática Sociocultural em Sala de Aula: Escrito por Gláucia Lima - 2º WebFor "A música é o barulho que pensa." Víctor Hugo Quando escrevi minha tese de doutorado...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CONSCIÊNCIA NEGRA ▲ SORRISO NEGRO


Dona Ivone Lara

Sorriso Negro

Um sorriso negro 
Um abraço negro 
Trás felicidade 
Negro sem emprego 
Fica sem sossego 
Negro é a raiz da liberdade 
Negro é uma cor de respeito 
Negro é inspiração 
Negro é silencio é culto 
Negro é a solução 
Negro que já foi escravo 
Negro é a voz da verdade 
Negro também é amor 
Negro também é saudade

♥♫

CONSCIÊNCIA NEGRA NOVEMBRO NEGRO

20 de novembro: Dia Nacional da Consciência Negra: Zumbi - O Líder Negro de todas as Raças!
 /  Solano Trindade - o Poeta do Povo e da Resistência Negra!
Ser ¡Voz!: Dia Nacional da Consciência Negra - Homenagem a Zumbi e a Solano Trindade






Dia da Consciência Negra - Homenagem a Zumbi e Solano Trindade


Gláucia Lima
CONSCIÊNCIA NEGRA NOVEMBRO NEGRO
.¸¸.••COMBATE AO RACISMO:
            TAREFA URGENTE PARA TOD@S NÓS!
◄••.¸¸.•
20 de novembro: Dia Nacional da Consciência Negra*
Pintura por Antônio Parreiras.
Data escolhida em homenagem a Zumbi, que lutou até a morte pela cultura e pela liberdade do seu povo. 
Zumbi - O Líder Negro de Todas as Raças!
Líder ou Rei do Quilombo dos Palmares, Zumbi morreu no dia 20 de novembro no ano de 1695.

Justa homenagem a Zumbi, personagem histórico que representou a luta do negro contra a escravidão, no Brasil Colonial. Zumbi morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana no Brasil. 


A importância da criação desta data é que serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em todos os locais, inclusive nas Redes Sociais, valorizando a cultura afro-brasileira. 

A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888 (no Ceará, 1º Estado do Brasil a libertar os escravos, ocorreu quatro anos antes, em 1884, no dia 25 de março é feriado em todo o estado cearense). Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão.

 Heróis de Todo Mundo – Zumbi dos Palmares

     ▲ Kizomba, A Festa da Raça (Valeu, Zumbi)** 
Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados heróis nacionais. A Lei vem nos trazer a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história. Passos importantes estão sendo tomados no sentido desta valorização, nas escolas brasileiras já são obrigatórias a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.
Solano Trindade - o Poeta do Povo e da Resistência Negra

(...)
 Na minh'alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...

Eita negro!

(...) “Eita negro!
- Quem foi que disse que a gente não é gente?
Quem foi esse demente, se tem olhos não vê.”
“Conversa”, Cantares do Meu Povo, 1961.
Pintor, teatrólogo, folclorista, ator e, sobretudo, poeta da resistência negra.
Legou à história brasileira, além de 5 livros publicados, poemas e peças inéditos, principalmente seu exemplo de sabedoria e lições para que o povo negro se orgulhasse das suas origens étnicas e de suas tradições culturais. Defendia que tinha de haver maior solidariedade entre os negros de todo o mundo, os quais deveriam se reunir aos brancos que são contra o racismo. 
Heróis de Todo Mundo – Solano Trindade
De Solano Trindade pouco se houve falar na mídia. Nunca foi, e permanece ainda sem ser, conveniente tocar nas feridas não cicatrizadas da história. “Para a mídia é muito complicado, amedronta falar sobre Solano Trindade”, explica Raquel Trindade, filha do poeta. 

Pintor, teatrólogo, folclorista, ator e, sobretudo, poeta da resistência negra. Em 1936, fundou a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-brasileiro.
Num caixote de cebola, que ele improvisava de estante, ele trazia juntos: a Bíblia e O Capital, de Karl Marx
Por sua poesia carregada de significado e em virtude de seu engajamento político, Solano foi preso duas vezes pela ditadura militar do Estado Novo.

“As grandes musas dele eram o povo e as mulheres.”
A preocupação de Solano era o povo. Grande parte de suas obras são voltadas à valorização da cultura negra e à luta contra a desigualdade social e racial no Brasil. Mas as mulheres também tiveram espaço entre os versos do poeta, como pode ser observado no texto Linda Negra, do livro Cantares do Meu Povo, de 1961:
“Naquela Noite
 ficou o teu olhar branco
 vagando no escuro
entre ternura e medo
teus olhos grandes
dançavam como loucos 
na música do silêncio”.
 


Poeta, Solano Trindade era artista plástico, teatrólogo, ator e com a primeira de suas três esposas, Margarida da Trindade, aprendeu o ofício de folclorista. Foi na companhia de Margarida, e do etnólogo Edson Carneiro que, em 1950, ele funda o Teatro Popular Brasileiro – TPB. O casal Trindade ainda ajudou Aroldo Costa a montar o Teatro Folclórico, rebatizado posteriormente como Brasiliana.
Sensível às injustiças, denuncia as condições de vida às quais o povo é submetido. Talvez, por isso, alguns críticos insistam em ressaltar apenas um lado de sua poesia, dizendo, erroneamente, que ela era mais social do que negra, como se os dois aspectos se excluíssem.
"Há nesses versos uma força natural e uma voz individual rica e ardente que se confunde com a voz coletiva" Carlos Drummond de Andrade, referindo-se a alguns de seus poemas.
Sua poesia, carregada de sentimento, expressa inconformismo, com simplicidade e beleza. Poeta da Resistência Negra por excelência! “De todos os escritores negros, ligados à coletividade negra brasileira, o que deixou presença mais forte foi Solano Trindade. Foi o primeiro a escrever, com especificidade, para negros, naquele tempo.” 
POETA DOS NEGROS, POETA DO POVO!

Um de seus trabalhos mais famosos foi musicado e gravado por Ney Matogrosso:                                 ▲ "Tem gente com fome" 


Solano Trindade nasceu há 105 anos em Recife, 24/07/1908 e faleceu aos 66 anos de idade no Rio de Janeiro em 19/02/1974.

Filho do sapateiro Manuel Abílio Trindade, foi operário, comerciário e colaborou na imprensa. Idealizou, no ano de 1934, o I Congresso Afro-Brasileiro em Recife/PE e participou em Salvador/BA, no ano de 1936 do II Congresso Afro-Brasileiro.

*data estabelecida pelo projeto Lei 10.639, de 9/01/2003
Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, a data foi incluída em 2003 no calendário escolar nacional.No final do artigo, saiba quais cidades no Brasil vão ter feriado no Dia da Consciência Negra**
Kizomba, A Festa da Raça (Valeu, Zumbi) de Jonas, Rodolpho e Luis Carlos da Vila, samba-enredo da Unidos de Vila Isabel, em 1988, quando ela foi campeã, no desfile que comemorou os 100 anos da Abolição da Escravatura no Brasil.



«Valeu Zumbi!

O grito forte dos Palmares

Que correu terras, céus e mares

Influenciando a abolição (Zumbi, valeu!) 

Zumbi valeu!

Hoje a Vila é Kizomba

É batuque, canto e dança

Jongo e maracatu

Vem menininha pra dançar o caxambu


Ôô, ôô, Nega Mina

Anastácia não se deixou escravizar

Ôô, ôô Clementina

O pagode é o partido popular
O sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção

Esta Kizomba é nossa Constituição

Que magia

Reza, ajeum e orixás

Tem a força da cultura

Tem a arte e a bravura

E um bom jogo de cintura

Faz valer seus ideais

E a beleza pura dos seus rituais
Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede é nossa sede
De que o "apartheid" se destrua.»


.¸¸.••COMBATE AO RACISMO: TAREFA URGENTE PARA TOD@S NÓS!◄••.¸¸.•


Saiba quais cidades no Brasil vão ter feriado no Dia da Consciência Negra

Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, a data foi incluída em 2003 no calendário escolar nacional

A data é feriado em mais de mil cidades brasileiras. A lista completa de 1.044 cidades brasileiras onde dia 20 de novembro é feriado oficial, com a respectiva lei que regulamenta a data, pode ser conferida em levantamento realizado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

Confira no link acima

Acre: no Acre, o 20 de novembro não é feriado oficial em nenhum município.
Alagoas: de acordo com a Lei Estadual n° 5.724 de 1995, todos os municípios do estado de Alagoas tem feriado no Dia da Consciência Negra.
Amazonas: desde 2010, por força de uma lei estadual, o dia 20 de novembro passou a ser considerado feriado em todos os municípios do Amazonas. A capital Manaus também tem uma lei municipal que decreta 20 de novembro feriado do Dia da Consciência Negra.
Amapá: a Lei Estadual Nº 1169, de 2007, garantiu feriado oficial em 20 de novembro em todas as cidades do estado do Amapá.
Bahia: apenas três municípios baianos têm o Dia da Consciência Negra no calendário oficial de comemorações: Alagoinhas, Camaçari e Serrinha. Em todos eles, o feriado foi determinado por lei municipal.
Ceará: no estado do Ceará, o Dia da Consciência Negra não é feriado em nenhum município.
Distrito Federal: Distrito Federal não tem feriado para comemorar o Dia da Consciência Negra.
Espírito Santo: as cidades de Cariacica e Guarapari têm feriado oficial no dia 20 de novembro, por determinação de leis municipais.
Goiás: quatro cidades goianas celebram oficialmente o Dia da Consciêcia Negra em 20 de novembro: a capital Goiânia, Aparecida de Goiânia, Flores de Goiás e Santa Rita do Araguaia.
Maranhão: apenas o município de Pedreiras terá feriado no dia 20 de novembro, garantido por uma lei municipal de 2008.
Minas Gerais: 11 cidades mineiras têm feriado do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro: Além Paraiba, Betim, Guarani, Ibiá, Jacutinga, Juiz De Fora, Montes Claros, Santos Dumont, Sapucai-Mirim e Uberaba. Em Belo Horizonte não haverá o feriado.
Mato Grosso do Sul: só a cidade de Corumbá tem feriado oficial em 20 de novembro, por força de lei municipal de 2008.
Mato Grosso: uma lei de 2002 determina feriado do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro em todos os municípios do estado.
Paraíba: o 20 de novembro é oficialmente feriado apenas na capital, João Pessoa.
Pará: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.
Paraná: só duas cidades paranenses, Guarapuava e Londrrina, tem feriado oficial no 20 de novembro. Nos dois casos, o feriado foi determinado por lei municipal de 2009.
Pernambuco: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.
Piauí: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.
Rio de Janeiro: lei estadual de 2002 garante o feriado do Dia da Consciência Negra em todos os municípios cariocas.
Rio Grande do Norte: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.
Rio Grande do Sul: desde 1987, uma lei estadual determina que o 20 de novembro é feriado em todos os municípios gaúchos.
Rondônia: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.
Roraima: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.
Santa Catarina: Florianópolis
São Paulo: não há uma lei estadual que detemine o feriado de 20 de novembro no estado. Entretato, a data está no calendário oficial de 101 cidades por leis municipais, incluindo a capital São Paulo. São eles: Aguai, Aguas Da Prata, Aguas De Sao Pedro, Altinópolis, Americana, Americo Brasiliense, Amparo, Aparecida, Araçatuba, Aracoiaba da Serra, Araraquara, Araras, Atibaia, Bananal, Barretos, Barueri, Bofete, Borborema, Buritama, Cabreuva, Cajeira, Cajobi, Campinas, Campos do Jordão, Canas, Capivari, Caraguatatuba, Carapicuíba, Charqueada, Chavantes, Cordeirópolis, Cruz das Almas, Diadema, Embu, Embu Das Artes, Estância De Atibaia, Florida Paulista, Franca, Franco Da Rocha, Francisco Morato, Franco da Rocha, Getulina, Guaira, Guarujá, Guarulhos, Hortolândia, Ilhabela, Itanhaem, Itapecerica da Serra, Itapeva, Itapevi, Itararé, Itatiba, Itu, Ituverava, Jaguariuna, Jambeiro, Jandira, Jarinu, Jaú, Jundiaí, Juquitiba, Lajes,Leme, Limeira, Mauá, Mococa, Olímpia, Paraiso, Paulo de Faria, Pedreira, Pedro de Toledo, Pereira Barreto, Peruíbe, Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, Ribeirão Pires, Ribeirão Preto, Rincão, Rio Claro, Rio Grande Da Serra, Salesópolis, Salto, Santa Albertina, Santa Isabel, Santa Rosa de Viterbo, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São João Da Boa Vista, São Paulo, São Roque, São Vicente, Sete Barras, Sorocaba, Sumaré e Suzano.
Sergipe: não é feriado em 20 de novembro em nenhuma cidade do estado.
Tocantins: só o município de Porto Nacional tem, por lei municipal, feriado no 20 de novembro.


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sábado, 17 de novembro de 2012

PADARIA ESPIRITUAL

HÁ 100 ANOS, DEPOIS DE 100 ANOS E 20 ANOS DEPOIS...

Gláucia Lima
 “Padaria Espiritual: O pão do espírito para o mundo” 
Resultado do movimento “Padaria Espiritual”, de uma agremiação de jovens literatos, deu-se a Fundação da Academia Cearense de Letras, Academia de Letras do País em 1892, antecedendo-se, em quatro anos, à brasileira ABL, que se deu em 1896. Segundo historiadores e críticos literários, a Padaria Espiritual foi uma espécie de "prenúncio do Modernismo" e, após 30 anos, da Semana de Arte Moderna, em 1922.

 "Alimentar com pão e espírito todos os sócios e a população em geral"

Agremiação cultural das mais importantes de nossa história obteve forte repercussão nacional. Caracterizada por sempre florescer em torno de grupos literários, a Literatura Cearense recebe uma significativa contribuição no que diz respeito à arte e à intelectualidade do século XIX.
O grêmio de intelectuais formado por escritores, pintores, desenhistas e músicos foi representado por sua heterogeneidade, não só nas diversas artes, mas também nas diversas ideias e correntes estéticas em que mergulhou.
Todos os sócios, ou melhor, todos os "padeiros" assinavam seus textos com pseudônimos, assim Antônio Sales era Moacir Jurema, Adolfo Caminha era Félix Guanabarino, Lívio Barreto era Lucas Bizarro e, ao longo de toda a sua jornada, foram 34 autores,cada um com um pseudo-nome específico.
Seu programa de instalação, formado por 48 artigos, expressavam seu pensamento e objetivos, era divertido e criativo. A Padaria contou com a ativa participação de Antônio Sales que, com sua veia publicitária enviou o programa de instalação para os mais renomados escritores do eixo Rio-São Paulo da época, sempre pedindo a eles adesão na colaboração do periódico O Pão, uma espécie de jornal que era "impresso", ou melhor, "amassado" semanalmente pela Padaria. Esta atitude de Sales deu certa notoriedade ao movimento em todo o país, fazendo do Ceará uma referência literária nacional.
Os participantes possuíam em seus títulos a irônica e irreverente nomenclatura hierárquica das padarias reais: o padeiro-mor (presidente), os forneiros (secretários), o gaveta (tesoureiro), os padeiros (sócios) e o forno (sede oficial da Padaria).
Muitos historiadores e críticos literários enxergarem na Padaria Espiritual uma espécie de prenúncio do Modernismo, que trouxe esta como uma de suas principais preocupações, quase trinta anos mais tarde, na Semana de Arte Moderna, em 1922.
“Toda a ironia e irreverência da Padaria se justificavam por seu objetivo primordial: criticar a sociedade burguesa e as instituições que mantinham seu poderio ideológico, uma vez que os padeiros eram, em sua maioria, oriundos das camadas média e baixa da população e se mostravam descontentes com a classe burguesa, dentre outras coisas, por seu exacerbado apreço pela cultura europeia.”

Muitos historiadores e críticos literários enxergarem na Padaria Espiritual uma espécie de prenúncio do Modernismo, que trouxe esta como uma de suas principais preocupações, quase trinta anos mais tarde, na Semana de Arte Moderna, em 1922.

Sérios ou bem-humorados, os padeiros não perderam, em nenhum momento, a sua ousadia e nem por isso deixaram de fazer poesia. Agraciada por seu humor e identidade próprios, a Padaria existiu durante 6 anos, passando por duas fases: a primeira, de 1892 a 1894, considerada a fase da pilhéria, do humor escrachado; a segunda, de 1894 a 1896 (quando de seu término em dezembro), apesar de mais séria e compenetrada, não fugiu completamente ao seu humor característico.
Juntos, durante seis anos, representaram o que houve de mais criativo, inovador e significativo para a cultura cearense.
Ednardo - Artigo 26 
Fiz parte da turma concludente do Curso de Letras da UECE – Universidade Estadual do Ceará (de 1992.2). Homenageamos o centenário da Padaria Espiritual. Toda a cerimônia foi alusiva, a turma chamou-se Padaria Espiritual, os convites, patronos etc, com ‘bolachinhas’ e tudo o mais...
Em Fortaleza, capital cearense ocorreu a X Bienal Internacional do Livro do Ceará - “Padaria Espiritual: O pão do espírito para o mundo” de 8 a 18 de novembro de 2012, em Fortaleza, no Centro de Eventos do Ceará. 
resultado do movimento “Padaria Espiritual”, uma agremiação de jovens literatos, deu-se a Fundação da Academia Cearense de Letras, 1ª Academia de Letras do País em 1892, antecedendo-se, em quatro anos, à brasileira que se deu em 1896.
Padaria Espiritual / Fortaleza Belle Epoque*
A diversão do fortalezense em fins do século XIX era o Passeio Público: vaivém de moças em saias rodadas, corpetes justos, carmim nas faces e rapazes, na calçada oposta, em fatiotas engomadas, incompletas se não portassem chapéu, colete e lapela em flor.
A crescente circulação de pessoas e negócios na cidade estimulou o aparecimento de famosos cafés na Praça do Ferreira, logo tornando-se uma nova alternativa da sociedade. Nas mesas do Café Java, o primeiro a funcionar, de propriedade de Manuel Pereira dos Santos, tipo mais singular de Fortaleza, o popular Manuel Côco, se encontravam os chamados "bacharéis" - intelectuais de formação universitária - para longos debates sobre letras, entre eles Antônio Sales, Ulisses Batista, Tibúrcio de Freitas, Álvaro Martins, Temístocles Machado e Lopes Filho. Nestes encontros transparecia a insatisfação geral quanto ao marasmo literário em que a cidade se encontrava, resultando na criação da Padaria Espiritual, agremiação literária mais importante de Fortaleza, fundada por Leonardo Mota.
Por ocasião das reuniões da Padaria, Mané Coco obsequiava seus amigos intelectuais com aluá e, às vezes, empinava enorme balão em que se lia o dístico "Padaria Espiritual". E então Mané Coco, de fraque e sem gravata, explicava aos basbaques circunstantes que o seu aerostato, subindo ao céu, ia dizer ao Reino da Glória p'ra quanto prestava a gloriosa "Padaria Espiritual do Ceará".
A Instalação da Padaria Espiritual, entretanto, se deu no número 105 da Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco) e não no Café Java, como muitos podem pensar. Antônio Sales escreveu o Programa de Instalação, que acabou sendo transcrito em um jornal do Rio de Janeiro, o que deu grande status ao movimento. Seu lema era "alimentar com pão o espírito dos sócios e da população em geral". 
Os títulos nessa academia seguiam o padrão usado nas padarias reais: 
Forno: a sede do movimento 
Padeiro-mor: o presidente 
Forneiros: os secretários 
Gaveta: tesoureiro 
Investigador das cousas e das gentes: bibliotecário 
Amassadores: sócios 
Amassado a cada domingo, um jornalzinho de oito páginas intitulado O Pão circulou seus 36 irreverentes números até se finar, segundo dizia seu padeiro-mor, Antônio Sales, de "caquexia pecuniária". Na foto abaixo temos o encarte com a primeira edição do jornal criado pela Padaria Espiritual, em 1892. O Programa de Instalação não permitia que se usassem, em quaisquer publicações, palavras estrangeiras ou animais que não os nativos do Brasil, numa postura radicalmente nacionalista. A importância do movimento se deu pelo fato dele haver proporcionado a consolidação do Realismo e o nascimento do Simbolismo no Ceará. 
No período de funcionamento do Forno, juntamente com o periódico O Pão, foram lançadas importantes publicações e alguns livros de grande importância para a literatura brasileira como: Phatos (1893) de Lopes Filho Marinhas (1897) de Antônio de Castro Flocos (1894) de Sabino Batista Contos do Ceará (1894) de Eduardo Sabóia Cromos (1895) de X. de Castro Trovas do Norte (1895) de Antônio Sales Os Brilhantes (1895) de Rodolfo Teófilo Dolentes (1897) de Lívia Barreto Maria Rita (1897) de Rodolfo Teófilo Perfis Sertanejos (1897) de José Carvalho Em dezembro de 1898, depois de 6 anos de funcionamento, a Padaria "fecha". Nessa atmosfera fervilhante e paralelamente ao movimento da Padaria Espiritual, acontece a fundação da Academia Cearense de Letras, em 15 de agosto de 1896, quando, mais uma vez, os intelectuais locais valorizam-se com seu movimento de vanguarda, já que esta foi a primeira academia de letras do país, surgindo mesmo antes da própria Academia Brasileira de Letras. Em 1992, em comemoração ao centenário da Padaria Espiritual, outro grupo de escritores, artistas plásticos, músicos e amantes da arte em geral pôs a mão na massa e O Pão tornou a circular, como o seu ilustre antepassado, distribuindo os biscoitos finos da imaginação. (*Do site Acervo Ceará Cultural)

imagem 1Antiga fotografia preservada no Museu do Ceará registra um encontro da Padaria Espiritual
Foto: SILVANA TARELHO