sexta-feira, 28 de junho de 2013

As multidões nas ruas: como interpretar? _por, Leonardo Boff *

"As massas querem estar presentes nas decisões dos grandes projetos que as afetam e que não são consultadas para nada. Nem falemos dos indígenas cujas terras são sequestradas para o agronegócio ou para a indústria das hidrelétricas."
segue o texto em sua íntegra:

"Um espírito de insurreição de massas humanas está varrendo o mundo todo, ocupando o único espaço que lhes restou: as ruas e as praças. O movimento está apenas começando: primeiro no norte da África, depois na Espanha com os “indignados”, na Inglaterra e nos USA com os “occupies” e no Brasil com a juventude e outros movimentos sociais.    Ninguém se reporta às clássicas bandeirtas do socialismo, das esquerdas, de algum partido libertador ou da revolução. Todas estas propostas ou se esgotaram ou não oferecem o fascínio suficiente para mover as massas. Agora são temas ligados à vida concreta do cidadão: democracia participativa, trabalho para todos, direitos humanos pessoais e sociais, presença ativa das mulheres, transparência na coisa pública, clara rejeição a todo tipo de corrupção, um novo mundo possível e necessário. Ninguém se sente representado pelos poderes instituídos que geraram um mundo politico palaciano, de costas para o povo ou manipulando diretamente os cidadãos.

 Representa um desafio para qualquer analista interpretar tal fenômeno. Não basta a razão pura; tem que ser uma razão holística que incorpora outras formas de inteligência, dados aracionais, emocionais e arquetípicos e emergências, próprias do processo histórico e mesmo da cosmogênese. Só assim teremos um quadro mais ou menos abrangente que faça justiça à singularidade do fenômeno.

 Antes de mais nada, importa reconhecer que é o primeiro grande evento, fruto de uma nova fase da comunicação humana, esta totalmente aberta, de uma democracia em grau zero que se expressa pelas redes sociais. Cada cidadão pode sair do anonimato, dizer sua palavra, encontrar seus interlocutores, organizar grupos e encontros, formular uma bandeira e sair à rua. De repende, formam-se redes de redes que movimentam milhares de pessoas para além dos limites do espaço e do tempo. Esse fenômeno precisa ser analisado de forma acurada porque pode representar um salto civilizatório que definirá um rumo novo à história, não só de um país mas de toda a humanidade. As manifestações do Brasil provocaram manifestações de solidariedade em dezenas e dezenas de outras cidades no mundo, especialmente na Europa. De repente o Brasil não é mais só dos brasileiros. É uma porção da humanidade que se indentifica como espécie, numa mesma Casa Comum, ao redor de causas coletivas e universais.

Por que tais movimentos massivos irromperam no Brasil agora? Muitas são as razões. Atenho-me apenas a uma. E voltarei a outras em outra ocasião.

 Meu sentimento do mundo me diz que, em primeiro lugar, se trata de um efeito de saturação: o povo se saturou com o tipo de política que está sendo praticada no Brasil, inclusive pelas cúpulas do PT (resguardo as políticas municipais do PT que ainda guardam o antigo fervor popular). O povo se beneficiou dos programas da bolsa família, da luz para todos, da minha casa minha vida, do crédito consignado; ingressou na sociedade de consumo. E agora o quê? Bem dizia o poeta cubano Ricardo Retamar: “o ser humano possui duas fomes: uma de pão que é saciável; e outra de beleza que é insaciável”. Sob beleza se entende educação, cultura, reconhecimento da dignidade humana e dos direitos pessoais e sociais como  saúde com qualidade minima e transporte menos desumano.

Essa segunda fome não foi atendida adequadamente pelo poder publico seja do PT ou de outros partidos. Os que mataram sua fome, querem ver atendidas outras fomes, não em ultimo lugar, a fome de cultura e de participação. Avulta a consciência das profundas desigualdades sociais  que é o grande estigma da sociedade brasileira. Esse fenômeno se torna mais e mais intolerável na medida em que cresce a consciência de cidadania e de democracia real. Uma democracia em sociedades profundamente desiguais como a nossa, é meramente formal, praticada apenas no ato de votar (que no fundo é o poder escolher o seu “ditador” a cada quatro anos, porque o candidato uma vez eleito, dá as costas ao povo e pratica a política palaciana dos partidos). Ela se mostra como uma farsa coletiva. Essa farsa está sendo desmascarada. As massas querem estar presentes nas decisões dos grandes projetos que as afetam e que não são consultadas para nada. Nem falemos dos indígenas cujas terras são sequestradas para o agronegócio ou para a indústria das hidrelétricas.

 Esse fato das multidões nas ruas me faz lembrar a peça teatral de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes escrita em 1975:”A Gota d’água”. Atingiu-se agora a gota d’água que fez transbordar o copo. Os autores de alguma forma intuíram o atual fenômeno ao dizerem no prefácio da peça em forma de livro: “O fundamental é que a vida brasileira possa, novamente, ser devolvida, nos palcos, ao público brasileiro… Nossa tragédia é uma tragédia da vida brasileira”. Ora, esta tragédia é denunciada pelas massas que gritam nas ruas. Esse Brasil que temos não é para nós; ele não nos inclui no pacto social que sempre garante a parte de leão para as elites. Querem um Brasil brasileiro, onde o povo conta e quer contribuir para uma refundação do pais, sobre outras bases mais democrático-participativas, mais éticas e com formas menos malvadas de relação social.


Esse grito não pode deixar de ser escutado, interpretado e seguido. A política poderá ser outra daqui para frente."
Gota D’Água – Chico Buarque
Inspirada na obra grega Medeia, a trama de Gota D’água se inicia num complexo habitacional do baixo Rio, a “Vila do Meio Dia” quando Jasão, compõe um samba que se torna famoso nas rádios, abandona a mulher Joana e seus dois filhos por Alma, filha do proprietário. Inconformada, Joana planeja sua vingança. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Um Continente em Ebulição

Lucas Jr. (*)

Desde a invasão europeia no Século XV a América do Sul respira, finalmente, a liberdade democrática. Anos de domínio imperialista foram golpeados por uma sequência de vitórias eleitorais de forças representativas dos trabalhadores, do povo que jamais desistiu de sonhar.

José Martí
O recente massacre das urnas sufragado pelos equatorianos desencadeou a constatação de que o continente vive uma ebulição, da qual acende, sob os sentidos mais salutares, a chama da esperança dos latinos. Pois Correa se expressa em Humala, que respeitou Chávez, que foi fiel a Fidel e a Martí.

Cruzadas surgidas nos primórdios dos movimentos indianistas, na década de 20, marcada pela dor e por dezenas de anos em luta contra o imperialismo, abortaram os planos dos americanos de dominarem a Amazônia e tornarem suas terras meras colônias de apoio ao mercantilismo covarde e elitista. Um povo que se levantou lutou pelas suas causas.

Presidente do Equador
Durante esses anos o Brasil se entregou ao poderio estrangeiro em troca do fortalecimento das forças armadas e do coronelismo, estagnando por completo os avanços sociais e evidenciando as distorções entre as classes. Vimos riquezas da Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai sendo extorquidas sob as bênçãos do militarismo, pelos agentes dos ianques golpistas, que usurparam nossos bens e as nossas liberdades.

Mas a resposta veio com o povo nas ruas, em memoráveis passeatas em choque contra a alienação e estupidez do capitalismo. Toda a América do Sul levantou voz pelo direito ao voto direto, por mais educação, saúde e desenvolvimento. E Cuba, que ainda vive a Revolução, também soube preparar sua gente para tal, caminhando para a irrestrita democracia, tão cobrada pela mídia capitalista. Sabemos, pois, que a Ilha é, social e culturalmente, a mais liberta dos países latino-americanos.

Ex e atual Presidente da Venezuela
(imagem de Bolívar)
Ao mesmo tempo, durante seus doze anos de governo, o presidente Hugo Chávez conclamou , em discursos e práticas aplausíveis, os venezuelanos à luta por uma sociedade mais igualitária, resultando na inveja e ódio das raposas elitizadas. Suas marchas de milhões em vermelho mostraram o caminho, a estrada das igualdades. Mas o comandante foi chamado para nova missão, agora no além. Às lágrimas, a Nação, em nova eleição sob forte influência capitalista, mostrou que jamais abandonará sua bandeira.

E o Chile, respirando democracia, vai e vem e troca seus presidentes, em resposta aos governos em deslizes. O Uruguai é comandado por um comunista popular que anda num Fusca, carismático apoiador das causas revolucionárias do continente. A Argentina possui uma história rica, na qual o peronismo se moderniza e, cada vez mais popular, apavora a imprensa dos ricos e aproxima as classes.

Presidentes da Argentina, Brasil e Uruguai
Popularidade que é a ferramenta maior de Dilma Rousseff. O Brasil, que de fato elimina a miséria, mas que precisa vencer a corrupção para evidenciar seu foco, o social. Como a saúde, que carece de avanços. Os desafios são muitos, urgem mudanças nas Leis, reformas, daí essas manifestações populares atuais que de princípio tinha como fato a exploração de tarifas de ônibus, mas que expandiu e abriu espaços aos conhecidos golpistas responsáveis pelo terror ocorrido nos últimos dias. A Presidente, porém, respondeu precisando o diálogo e condenando os atos manipulados que geraram badernas.

1º de Maio - Havana/Cuba
Enfim, nossa Pátria Verde e Amarela precisa de um empurrão, pois apoio é que não falta, o apoio dessa gente que nunca parou de lutar, dessa gente socialista.

(*) o artigo de Joaquim Lucas Jr. foi publicado paralelamente no Jornal Nossa Voz, da AFBNB, jun/2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Propostas dos Pactos Propostos pela Presidente Dilma

Dilma propõe: Plebiscito para Constituinte específica para Reforma Política; Corrupção como Crime Hediondo; Investimentos em Saúde, abrindo mais de 11 mil vagas para universidades no Curso de Graduação em Medicina e mais de 12 mil em Pós-Graduação e Residência; Investimentos de R$ 50 bilhões para Ônibus, Metrôs e Trens; para Educação: 10% do PIB, 100% dos royalties do petróleo e 50% do Pré-Sal.

A presidenta Dilma, em reunião com governadores e prefeitos de capitais, propôs pactos:

- Reforma Política: a convocação de um plebiscito para formar uma Constituinte específica;

- Corrupção: Uma nova legislação que a torne crime hediondo;

- Controle de gastos rigoroso (responsabilidade fiscal de todos), em todas as instâncias, para continuar garantindo a estabilidade da economia diante da atual crise mundial.

- Saúde: acelerar os investimentos em convênio nos hospitais, UPAs (unidades de pronto-atendimento) e unidades básicas de saúde. Mobilizar pela inclusão de hospitais filantrópicos ao programa que rebate dívidas com mais vagas a pacientes do SUS.

- Médicos estrangeiros: haverá um grande esforço de incentivos para levar médicos brasileiros a áreas carentes do País, que sempre tiveram prioridade. Na falta de interesse por médicos brasileiros, contratará estrangeiros. "Sempre ofereceremos primeiro aos médicos brasileiros as vagas a serem preenchidas. Precisa ficar claro que a saúde do cidadão deve prevalecer sobre quaisquer outros interesses", afirmou. 

- Ônibus, metrô e trens: Investimentos novos de R$ 50 bilhões para obras de mobilidade urbana, como a construção de linhas de metrô e corredores de ônibus. 

- Passagens do transporte público: criação do Conselho Nacional do Transporte Público, com participação popular da sociedade e dos usuários, para maior transparência e controle social no cálculo das tarifas. 

- Menos impostos sobre o diesel para ônibus: O governo pretende desonerar os impostos PIS e Cofins cobrado do óleo diesel usado em ônibus e da energia elétrica empregada em trens e metrôs.

- Educação: reafirmou a defesa dos 100% dos royalties do petróleo à educação, e pediu apoio do Congresso para acelerar a tramitação da pauta. O Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Senado, destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área.

_fonte: Blog Os Amigos do Presidente Lula

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Dilma Rousseff: da luta nas ruas por democracia, à primeira líder mundial a ouvir as ruas!http://glaucialimavoz.blogspot.com.br/2013/07/dilma-rousseff-da-luta-nas-ruas-por.html
Integra do Pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff (junho 2013)http://glaucialimavoz.blogspot.com.br/2013/07/integra-do-pronunciamento-da-presidenta.html

Propostas que dependem do congresso

sábado, 22 de junho de 2013

Dilma Rousseff - Leonardo Boff

"Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar construindo juntos este nosso grande país." Dilma
             Presidenta Dilma Rousseff e Frei Leonardo Boff
"Não podemos colocar em risco tudo o que conquistamos. Temos muita coisa a perder. Não foi fácil chegar onde chegamos e não será fácil chegar onde se deseja” — disse a Presidente Dilma ao lembrar os tempos difíceis quando lutou contra a ditadura militar."
Antes de ver e ler o pronunciamento da Presidente Dilma, neste último 21 de junho, propomos uma, digamos, releitura deste artigo do Teólogo, Escritor e Filósofo Frei Leonardo Boff, divulgado logo após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais brasileiras em 2010. 
O Amor Vence o Terror
“Dilma Rousseff marcará seu governo com identidade própria se realizar mais fortemente a agenda que elegeu Lula: a ética e as reformas estruturais.” Profetizava o Frei em novembro de 2010 sobre eleição ganha por Dilma.

“Lula incluiu socialmente uma França inteira dentro de uma situação de decência.” Leonardo Boff

“Celebramos alegremente a vitória de Dilma Rousseff.” Leonardo Boff

Celebramos alegremente a vitória de Dilma Rousseff. E não deixamos de folgar também pela derrota de José Serra que não mereceu ganhar esta eleição dado o nivel indecente de sua campanha, embora os excessos tenham ocorrido nos dois lados. Os bispos conservadores que, à revelia da CNBB, se colocaram fora do jogo democrático e que manipularam a questão da descriminalização do aborto, mobilizando até o Papa em Roma, bem como os pastores evangélicos raivosamente partidizados, saíram desmoralizados.
Post festum, cabe uma reflexão distanciada do que poderá ser o governo de Dilma Rousseff. Esposamos a tese daqueles analistas que viram no governo Lula uma transição de paradigma: de um Estado privatizante, inspirado nos dogmas neoliberais para um Estado republicano que colocou o social em seu centro para atender as demandas da população mais destituída. Toda transição possui um lado de continuidade e outro de ruptura. A continuidade foi a manutenção do projeto macroeconômico para fornecer a base para a estabilidade política e exorcizar os fantasmas do sistema. E a ruptura foi a inauguração de substantivas políticas sociais destinadas à integração de milhões de brasileiros pobres, bem representadas pela Bolsa Família entre outras.
Não se pode negar que, em parte, esta transição ocorreu pois, efetivamente, Lula incluiu socialmente uma França inteira dentro de uma situação de decência. Mas desde o começo, analistas apontavam a inadequação entre projeto econômico e o projeto social. Enquanto aquele recebe do Estado alguns bilhões de reais por ano, em forma de juros, este, o social, tem que se contentar com bem menos.
Não obstante esta disparidade, o fosso entre ricos e pobres diminuiu o que granjeou para Lula extraordinária aceitação.
Agora se coloca a questão: a Presidente aprofundará a transição, deslocando o acento em favor do social onde estão as maiorias ou manterá a equação que preserva o econômico, de viés monetarista, com as contradições denunciadas pelos movimentos sociais e pelo melhor da inteligencia brasileira?
Estimo que, Dilma deu sinais de que vai se vergar para o lado do social-popular. Mas alguns problemas novos como aquecimento global devem ser impreterivelmente enfrentados. Vejo que a novel Presidente compreendeu a relevância da agenda ambiental, introduzida pela candidata Marina Silva. O PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) deve incorporar a nova consciência de que não seria responsável continuar as obras desconsiderando estes novos dados. E ainda no horizonte se anuncia nova crise econômica, pois os EUA resolveram exportar sua crise, desvalorizando o dólar e nos prejudicando sensivelmente.
Dilma Rousseff marcará seu governo com identidade própria se realizar mais fortemente a agenda que elegeu Lula: a ética e as reformas estruturais. A ética somente será resgatada se houver total transparência nas práticas políticas e não se repita a mercantilização das relações partidárias (“mensalão”).
As reformas estruturais é a dívida que o governo Lula nos deixou. Não teve condições, por falta de base parlamentar segura, de fazer nenhuma das reformas prometidas: a política, a fiscal e a agrária. Se quiser resgatar o perfil originário do PT, Dilma deverá implementar uma reforma política. Será difícil  devido os interesses corporativos dos partidos, em grande parte, vazios de ideologia e famintos de benefícios. A reforma fiscal deve estabelecer uma equidade mínima entre os contribuintes, pois até agora poupava os ricos e onerava pesadamente os assalariados. A reforma agrária não é satisfeita apenas com assentamentos. Deve ser integral e popular levando democracia para o campo e aliviando a favelização das cidades.
Estimo que o mais importante é o salto de consciência que a Presidente deve dar, caso tomar a sério as consequências funestas e até letais da situação mudada da Terra em crise sócio-ecológica. O Brasil será chave na adaptação e no mitigamento pelo fato de deter os principais fatores ecológicos que podem equilibrar o sistema-Terra. Ele poderá ser a primeira potência mundial nos trópicos, não imperial mas cordial e corresponsável pelo destino comum. Esse pacote de questões constitui um desafio da maior gravidade, que a novel Presidente irá enfrentar. Ela possui competência e coragem para estar à altura destes reptos. Que não lhe falte a iluminação e a força do Espírito Criador. Escrito por Leonardo Boff.
“Temos que aproveitar o vigor das manifestações para produzir mais mudanças”, afirma Dilma.

Integra do Pronunciamento da Presidenta Dilma 

Minhas amigas e meus amigos,

Todos nós, brasileiras e brasileiros, estamos acompanhando, com muita atenção, as manifestações que ocorrem no país. Elas mostram a força de nossa democracia e o desejo da juventude de fazer o Brasil avançar.

Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer, melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por causa de limitações políticas e econômicas. Mas, se deixarmos que a violência nos faça perder o rumo, estaremos não apenas desperdiçando uma grande oportunidade histórica, como também correndo o risco de colocar muita coisa a perder.

Como presidenta, eu tenho a obrigação tanto de ouvir a voz das ruas, como dialogar com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem, indispensáveis para a democracia.
O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático. E também está lutando muito para se tornar um país mais justo. Não foi fácil chegar onde chegamos, como também não é fácil chegar onde desejam muitos dos que foram às ruas. Só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia – o poder cidadão e os poderes da República.

Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo, de propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de defender com paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e ordeira.

O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos. Essa violência, promovida por uma pequena minoria, não pode manchar um movimento pacífico e democrático. Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil. Todas as instituições e os órgãos da Segurança Pública têm o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma de violência e vandalismo.

Com equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.
Brasileiras e brasileiros,

As manifestações dessa semana trouxeram importantes lições: as tarifas baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que aproveitar o vigor destas manifestações para produzir mais mudanças, mudanças que beneficiem o conjunto da população brasileira.

A minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada, e ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros.

Sou a presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos que não se manifestam. A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática.

Ela reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos públicos. Todos me conhecem. Disso eu não abro mão.

Esta mensagem exige serviços públicos de mais qualidade. Ela quer escolas de qualidade; ela quer atendimento de saúde de qualidade; ela quer um transporte público melhor e a preço justo; ela quer mais segurança. Ela quer mais. E para dar mais, as instituições e os governos devem mudar.

Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos.

O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por cento dos recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas contribuições, reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente.

Brasileiras e brasileiros,

Precisamos oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade. É a cidadania, e não o poder econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar.
Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático. 

Temos de fazer um esforço para que o cidadão tenha mecanismos de controle mais abrangentes sobre os seus representantes.

Precisamos muito, mas muito mesmo, de formas mais eficazes de combate à corrupção. A Lei de Acesso à Informação, sancionada no meu governo, deve ser ampliada para todos os poderes da República e instâncias federativas. Ela é um poderoso instrumento do cidadão para fiscalizar o uso correto do dinheiro público. Aliás, a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e rigor.

Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e os governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a Saúde e a Educação.

Na realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e Educação, e vamos ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional aprovará o projeto que apresentei para que todos os royalties do petróleo sejam gastos exclusivamente com a Educação.

Não posso deixar de mencionar um tema muito importante, que tem a ver com a nossa alma e o nosso jeito de ser. O Brasil, único país que participou de todas as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda parte. Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria, é assim que devemos tratar os nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência pacífica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.

Minhas amigas e meus amigos,

Eu quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que pedem mudança. Eu quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: eu estou ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a arruaça.

Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar construindo juntos este nosso grande país.

Boa noite!
                            O Amor Vence o Terror

domingo, 16 de junho de 2013

As Marchas - Paulo Freire

Paulo Freire tinha razão, quando perguntado sobre o que achava das Marchas, respondeu: "quão maravilhoso seria se tudo acabasse em Marcha, já pensou, Marcha pelo Amor?"
precisa dizer mais?

Mas, dia 17 de Abril de 1997, Paulo Freire em sua última entrevista fala com tamanha clareza e simplicidade sobre as marchas.
Trechos (e vídeo) da última Entrevista de Paulo Freire.

"... Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio em seu tempo histórico de marchas.

Marcha dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marchas dos que querem amar e não podem, marcha dos que recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser.

...Eu acho que as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo ...O meu desejo, o meu sonho como eu disse antes é que outras marchas pela superação da sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente nesse pais. Essas marchas nos afirmam como gente, como sociedade, e querendo democratizar-se.


Eu estou absolutamente feliz por estar vivo ainda e ter acompanhado essa marcha (Marcha dos Sem Terras) que como outras marchas históricas revelam o ímpeto da vontade amorosa de mudar o mundo."

"Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica."
                                                               _Paulo Freire

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Che Guevara - 85 anos de nascimento

Há 85 anos nascia Che Guevara – ¡Hasta la victoria, siempre!
14/06/1928 a 8-9/10/1967 - celebramos com artigos, imagens –fotos / vídeos- frases e música: ☻/*˚
/
* ° 。★ ¡Hasta la victoria, siempre!
/ \ ˚.


» Link para Ser ¡Voz! CHE GUEVARA
com:
'Buena Vista Social Club' em Hasta Siempre, Commandante  
                            Che e a Bicicleta b
Se eu tiver que fazer alguma ligação de bicicleta com alguma personalidade conhecida, indubitavelmente, é com Che...


sobre esta famosa foto de Che, por Alberto Korda

"Después de haber tomado las fotos de Dorticós y de Fidel se produce un vacío…"

Fernando Pessoa - Sonhos, Amigos, Delírios...

 Há 125 anos nascia o consagrado e conhecido poeta Fernando Pessoa 

Fernando António Nogueira Pessoa, consagrado e conhecido poeta, Fernando Pessoa, foi também filósofo e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.
Nasceu em 13/06/1888 em Distrito de Lisboa – Portugal e faleceu em 30/11/1935 em Lisboa, Portugal. Media 1m e 73cm de altura

Caríssimos,

"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril" Fernando Pessoa 


Ser ¡Voz! "...tenho em mim todos os sonhos do mundo." Fernando Pessoa
http://glaucialimavoz.blogspot.com.br/2012/06/tenho-em-mim-todos-os-sonhos-do-mundo.html
Ser ¡Voz! Sonho - Fernando Pessoa / Le Rêve - Pablo Picasso
http://glaucialimavoz.blogspot.com.br/2012/09/sonho-fernando-pessoa-le-reve-pablo.html

Fernando Pessoa - poesia completa para download
O portal Domínio Público disponibiliza para download a poesia completa de Fernando Pessoa. O acervo contempla toda a obra conhecida do poeta português.
LINK: