quinta-feira, 27 de março de 2014

Ditadura Nunca Mais! 50 anos do golpe militar...

Nada a comemorar; Tudo a repudiar!


Gláucia Lima

*Fotos Intervenção Urbana Os Ex-sem-voto

Jana Moroni Barroso codinome: Cristina (Fortaleza, 10 de junho de 1948  Araguaia,  (?) de 1974) uma guerrilheira brasileira, integrante da organização de extrema-esquerda Partido Comunista do Brasil, que combateu a ditadura militar brasileira na Guerrilha do Araguaia. Oficialmente consta como desaparecida política.

Cursava Biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, quando se envolveu na política e com outros companheiros ingressou no PC do B, ficando responsável pela imprensa clandestina do Partido. Em abril de 1971 mudou-se para o Pará, onde passou a integrar a guerrilha comunista criada na área. Quando se despediu dos pais, disse que talvez não a tivessem de volta.1 :399 Casou-se com Nelson Lima Piauhy Dourado, também guerrilheiro, e era membro do Destacamento A da guerrilha, depois batizado como Helenira Resende.2
Desapareceu em 2 de janeiro de 1974, em companhia do marido e da também guerrilheira Maria Célia Corrêa (Rosa) após ataque das Forças Armadas ao destacamento.2 Cristina, o nome pelo qual era conhecida na região, anos depois teve sua morte assim descrita pelo mateiro cearense José Veloso de Andrade, que vivia na região e acompanhou os militares:
"Não foi combate... quando eles pressentiram a tropa do Exército ela correu .. um guia atirou nela, o Zé Catingueiro ... deu chumbo mas o chumbo era pouco... ela não morreu na hora, mas morreu... era a flor da subversão na boniteza."1 :401
Quase nua e ferida, foi levada para a base da Bacaba, embarcada num helicóptero e desapareceu. O relatório do Ministério da Marinha atesta que foi morta em 8 de fevereiro de 1974.2 Oficialmente, é dada como desaparecida.
Uma rua na cidade de Campinas, São Paulo3 e uma avenida do Rio de Janeiro, no bairro de Paciência,4 foram batizados com seu nome. Em 2004, seu irmão, o ator Breno Moroni, participou do filme Araguaia - A Conspiração do Silêncio, que trata sobre a guerrilha.
Em Fortaleza, sua cidade natal, um CUCA foi batizado de Jana Barroso. 
FMFi - Fórum de Mulheres no Fisco, em Solenidade alusiva ao Março Lilás, dia 28 de março de 2014, lembrando os 50 anos do golpe militar, concedeu-lhe a Comenda "MULHER NO FISCO", homenagem especial às mulheres que no período sombrio da ditadura militar brasileira tiveram participação efetiva, direta ou indireta, na luta contra o regime vigente.
*Fotos Intervenção Urbana Os Ex-sem-voto


O Grupo Aparecidos Políticos, a partir de uma perspectiva da relação entre arte e política (ou artivismo) realizou, em Fortaleza (CE) uma série de intervenções urbanas no intuito de discutir questões concernentes ao direito à memória relacionado à atualidade.
Por Aparecidos Políticos 25/10/2010
http://www.midiaindependente.org/pt/red/2010/10/479646.shtml


Apesar de Você - Chico Buarque
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
Lá lá lá lá laiá
* "Apesar de Você" é uma canção escrita e originalmente interpretada pelo cantor e compositor brasileiro Chico Buarque em 1970,1 lançada inicialmente como compacto simples naquele mesmo ano. A canção, por lidar implicitamente com a falta de liberdades durante a ditadura militar, foi proibida de ser executada pelas rádios brasileiras pelo governo do general Emílio Garrastazu Médici. No entanto, seria liberada oito anos mais tarde, durante o final do governo de Ernesto Geisel. Além disso, a cantora Clara Nunes, que regravou a canção sem saber de seu tema implícito, viu-se obrigada a se apresentar nas Olimpíadas do Exército de 1971 para compensar o mal-entendido.
Em março de 1970, Chico Buarque retornou ao Brasil após um autoexílio de mais de um ano na Itália.2 Seu retorno fora influenciado por André Midani, diretor de sua gravadora, a Philips, que lhe assegurou "estar melhorando a situação no Brasil".2 3 No entanto, a realidade encontrada pelo cantor era bem diferente daquela descrita nas cartas de Midani; a tortura e o desaparecimento de pessoas contrárias ao regime eram frequentes, assim como o ufanismo presente em adesivos de carros (como Brasil, ame-o ou deixe-o e Ninguém segura esse país)3 e em algumas canções populares4 (como "Pra Frente Brasil"), que só foi agravado pela conquista do tricampeonato da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo de 1970.3 O cantor externou seu desapontamento na canção, onde a crítica à ditadura era disfarçada como uma briga entre namorados.2 3 Ao enviar a canção para o departamento de censura, Chico imaginou que a letra da canção seria vetada, mas acabou sendo liberada.4
A canção foi lançada no formato compacto simples e atingiu a marca de cem mil cópias vendidas.4 3 Além disso, o samba estourou nas rádios de todo o país.3 A canção virou mania nacional e acabou sendo regravada por Clara Nunes em 7 de janeiro de 1971.3 Ela também acreditava que a letra da canção se tratava de uma briga entre namorados.

Censura

Em fevereiro de 1971, o jornalista Sebastião Nery, do Tribuna da Imprensa, publicou uma nota em sua coluna dizendo que seu filho e os colegas dele cantavam "Apesar de Você" como se estivessem cantando o Hino Nacional.3 Como resultado, Nery foi chamado para depor na polícia.3 Semanas depois, a execução pública da canção foi vetada pelo governo, que finalmente compreendeu sua mensagem.2 3 Os oficiais do regime invadiram a sede da Philips e destruíram as cópias restantes do disco.4 3 O censor que aprovou a canção também foi punido.2 3 Os oficiais do governo, no entanto, não destruíram a matriz,3 o que possibilitou a reedição da versão original da gravação.2 Num interrogatório, Buarque foi indagado sobre quem era o "você" da letra da canção.4 "É uma mulher muito mandona, muito autoritária", teria respondido o cantor.4 3
A censura de "Apesar de Você" teve um impacto negativo no relacionamento entre Chico e os censores, que duraria até o final da ditadura.2 Chico seria implacavelmente marcado pelos censores, sofrendo suas letras as mais absurdas rejeições.2 A situação chegou ao ponto de ele se disfarçar, sob os pseudônimos de Julinho da Adelaide e Leonel Paiva, para aprovar três composições, uma das quais, "Acorda Amor", foi incluída no LP Sinal Fechado de 1974.2 Descoberta a farsa, a censura criou novas exigências: toda letra apresentada teria que ser acompanhada de cópias da carteira de identidade e do CPF do compositor.2 5
Devido à censura, a canção só seria incluída num álbum do cantor em 1978, quando foi lançada como última faixa de Chico Buarque (1978).

Consequências para Clara Nunes

De maneira semelhante, o presidente da Odeon, Henry Jessen, que era advogado, foi intimado para dar explicações sobre as intenções de Clara Nunes ao regravar a canção.3 Jessen, que mantinha um ótimo relacionamento com os militares, fez um acordo com o governo para colocar um fim ao mal-entendido e provar que Clara não teve qualquer intenção político-partidária ao regravar "Apesar de Você".3 Ficou combinado que a cantora gravaria, num compacto simples, o "Hino das Olimpíadas do Exército", composto por Miguel Gustavo, publicitário responsável por "Pra frente, Brasil".3 Também interpretaria a canção na cerimônia de abertura das Olimpíadas do Exército de 1971 em Belo Horizonte.3 Clara se apresentou ao lado de Luiz Cláudio, que não esteve ciente do motivo pelo qual seria acompanhado pela cantora.3
Assim como Clara, outros artistas se viram obrigados a fazer publicidade para o governo.3 Em 1972, Elis Regina foi convocada pelos militares para cantar o Hino Nacional durante as festividades do sesquicentenário da Independência.3 Isto porque havia declarado à imprensa holandesa que o Brasil era governado por "gorilas".3 Temendo represálias, aceitou o "convite".

Regravações

Além de Clara Nunes, a canção também seria regravada mais tarde por Maria Bethânia, Benito Di Paula e Beth Carvalho.

_Fonte: Wikipédia*

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