Nada a comemorar; Tudo a repudiar!
Gláucia Lima
*Fotos Intervenção Urbana Os Ex-sem-voto |
Jana Moroni Barroso codinome: Cristina (Fortaleza, 10 de junho de 1948 – Araguaia, (?) de 1974) uma guerrilheira brasileira, integrante da organização de extrema-esquerda Partido Comunista do Brasil, que combateu a ditadura militar brasileira na Guerrilha do Araguaia. Oficialmente consta como desaparecida política.
Cursava Biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro,
quando se envolveu na política e com outros companheiros ingressou no PC do B,
ficando responsável pela imprensa clandestina do Partido. Em abril de
1971 mudou-se para o Pará, onde passou a
integrar a guerrilha comunista criada na área. Quando se despediu dos pais,
disse que talvez não a tivessem de volta.1 :399 Casou-se com Nelson Lima Piauhy Dourado,
também guerrilheiro, e era membro do Destacamento A da guerrilha, depois
batizado como Helenira Resende.2
Desapareceu em 2 de janeiro de 1974, em companhia do marido e da
também guerrilheira Maria Célia Corrêa (Rosa) após ataque das Forças Armadas ao destacamento.2 Cristina, o nome pelo qual era
conhecida na região, anos depois teve sua morte assim descrita pelo mateiro
cearense José Veloso de Andrade, que vivia na região e acompanhou os militares:
"Não
foi combate... quando eles pressentiram a tropa do Exército ela correu .. um
guia atirou nela, o Zé Catingueiro ... deu chumbo mas o chumbo era pouco...
ela não morreu na hora, mas morreu... era a flor da subversão na boniteza."1 :401
Quase nua e ferida, foi levada para a base da Bacaba, embarcada
num helicóptero e desapareceu. O relatório do Ministério da Marinha atesta que foi morta em 8 de fevereiro
de 1974.2 Oficialmente, é dada como
desaparecida.
Uma rua na cidade de Campinas, São Paulo3 e uma avenida do Rio de Janeiro, no bairro de Paciência,4 foram batizados com seu nome. Em 2004,
seu irmão, o ator Breno Moroni,
participou do filme Araguaia - A Conspiração do Silêncio,
que trata sobre a guerrilha.
Em Fortaleza, sua cidade natal, um CUCA foi batizado de Jana Barroso.
FMFi - Fórum de Mulheres no Fisco, em Solenidade alusiva ao Março Lilás, dia 28 de março de 2014, lembrando os 50 anos do golpe militar, concedeu-lhe a Comenda "MULHER NO FISCO", homenagem especial às mulheres que no período
sombrio da ditadura militar brasileira tiveram participação efetiva, direta ou
indireta, na luta contra o regime vigente.
*Fotos
Intervenção Urbana Os Ex-sem-voto
O
Grupo Aparecidos Políticos, a partir de uma perspectiva da relação entre arte e
política (ou artivismo) realizou, em Fortaleza (CE) uma série de intervenções
urbanas no intuito de discutir questões concernentes ao direito à memória
relacionado à atualidade.
Por Aparecidos Políticos 25/10/2010
http://www.midiaindependente.org/pt/red/2010/10/479646.shtml
"Não foi combate... quando eles pressentiram a tropa do Exército ela correu .. um guia atirou nela, o Zé Catingueiro ... deu chumbo mas o chumbo era pouco... ela não morreu na hora, mas morreu... era a flor da subversão na boniteza."1 :401 |
Em Fortaleza, sua cidade natal, um CUCA foi batizado de Jana Barroso.
FMFi - Fórum de Mulheres no Fisco, em Solenidade alusiva ao Março Lilás, dia 28 de março de 2014, lembrando os 50 anos do golpe militar, concedeu-lhe a Comenda "MULHER NO FISCO", homenagem especial às mulheres que no período sombrio da ditadura militar brasileira tiveram participação efetiva, direta ou indireta, na luta contra o regime vigente.
*Fotos Intervenção Urbana Os Ex-sem-voto
O
Grupo Aparecidos Políticos, a partir de uma perspectiva da relação entre arte e
política (ou artivismo) realizou, em Fortaleza (CE) uma série de intervenções
urbanas no intuito de discutir questões concernentes ao direito à memória
relacionado à atualidade.
Por Aparecidos Políticos 25/10/2010
http://www.midiaindependente.org/pt/red/2010/10/479646.shtmlPor Aparecidos Políticos 25/10/2010
Apesar de Você - Chico Buarque
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
Lá lá lá lá laiá
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
Lá lá lá lá laiá
* "Apesar
de Você" é uma canção escrita e originalmente interpretada pelo cantor e compositor brasileiro Chico Buarque em 1970,1 lançada inicialmente como compacto
simples naquele mesmo ano. A canção, por lidar
implicitamente com a falta de liberdades durante a ditadura militar, foi
proibida de ser executada pelas rádios brasileiras pelo governo do general Emílio Garrastazu Médici. No
entanto, seria liberada oito anos mais tarde, durante o final do governo de Ernesto Geisel. Além disso, a
cantora Clara Nunes, que regravou a
canção sem saber de seu tema implícito, viu-se obrigada a se apresentar nas
Olimpíadas do Exército de 1971 para compensar o mal-entendido.
Em março de 1970,
Chico Buarque retornou ao Brasil após um autoexílio de mais de um ano na Itália.2 Seu retorno fora influenciado por André Midani, diretor de sua
gravadora, a Philips, que
lhe assegurou "estar melhorando a situação no Brasil".2 3 No entanto, a realidade encontrada
pelo cantor era bem diferente daquela descrita nas cartas de Midani; a tortura e o desaparecimento de pessoas contrárias ao regime eram
frequentes, assim como o ufanismo presente em adesivos de carros (como Brasil,
ame-o ou deixe-o e Ninguém segura esse país)3 e em algumas canções populares4 (como "Pra Frente Brasil"),
que só foi agravado pela conquista do tricampeonato da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo de 1970.3 O cantor externou seu desapontamento
na canção, onde a crítica à ditadura era disfarçada como uma briga entre
namorados.2 3 Ao enviar a canção para o departamento de censura,
Chico imaginou que a letra da canção seria vetada, mas acabou sendo liberada.4
A canção foi lançada
no formato compacto simples e atingiu a marca de cem mil cópias vendidas.4 3 Além disso, o samba estourou nas
rádios de todo o país.3 A canção virou mania nacional e
acabou sendo regravada por Clara Nunes em 7 de janeiro de 1971.3 Ela também acreditava que a letra da
canção se tratava de uma briga entre namorados.
Censura
Em fevereiro de 1971, o jornalista Sebastião Nery, do Tribuna da
Imprensa, publicou uma nota em sua coluna dizendo que seu filho
e os colegas dele cantavam "Apesar de Você" como se estivessem
cantando o Hino Nacional.3 Como
resultado, Nery foi chamado para depor na polícia.3 Semanas
depois, a execução pública da canção foi vetada pelo governo, que finalmente
compreendeu sua mensagem.2 3 Os
oficiais do regime invadiram a sede da Philips e destruíram as cópias restantes
do disco.4 3 O
censor que aprovou a canção também foi punido.2 3 Os
oficiais do governo, no entanto, não destruíram a matriz,3 o
que possibilitou a reedição da versão original da gravação.2 Num
interrogatório, Buarque foi indagado sobre quem era o "você" da letra da canção.4 "É
uma mulher muito mandona, muito autoritária", teria respondido o cantor.4 3
A censura de "Apesar de Você" teve um impacto negativo
no relacionamento entre Chico e os censores, que duraria até o final da
ditadura.2 Chico
seria implacavelmente marcado pelos censores, sofrendo suas letras as mais
absurdas rejeições.2 A
situação chegou ao ponto de ele se disfarçar, sob os pseudônimos de Julinho da
Adelaide e Leonel Paiva, para aprovar três composições, uma das quais,
"Acorda Amor", foi incluída no LP Sinal Fechado de 1974.2 Descoberta
a farsa, a censura criou novas exigências: toda letra apresentada teria que ser
acompanhada de cópias da carteira de
identidade e do CPF do compositor.2 5
Devido à censura, a canção só seria incluída num álbum do cantor
em 1978, quando foi lançada como última faixa de Chico Buarque
(1978).
Consequências
para Clara Nunes
De maneira semelhante, o presidente da Odeon, Henry Jessen, que era advogado, foi
intimado para dar explicações sobre as intenções de Clara Nunes ao regravar a
canção.3 Jessen,
que mantinha um ótimo relacionamento com os militares, fez um acordo com o
governo para colocar um fim ao mal-entendido e provar que Clara não teve
qualquer intenção político-partidária ao regravar "Apesar de Você".3 Ficou
combinado que a cantora gravaria, num compacto simples, o "Hino das Olimpíadas
do Exército", composto por Miguel Gustavo, publicitário responsável por
"Pra frente, Brasil".3 Também
interpretaria a canção na cerimônia de abertura das Olimpíadas do Exército de
1971 em Belo Horizonte.3 Clara
se apresentou ao lado de Luiz Cláudio, que não esteve ciente do motivo pelo
qual seria acompanhado pela cantora.3
Assim como Clara, outros artistas se viram obrigados a fazer
publicidade para o governo.3 Em
1972, Elis Regina foi
convocada pelos militares para cantar o Hino Nacional durante as festividades
do sesquicentenário da Independência.3 Isto
porque havia declarado à imprensa holandesa que o Brasil era governado por
"gorilas".3 Temendo
represálias, aceitou o "convite".
Regravações
Além de Clara Nunes, a canção também seria regravada
mais tarde por Maria Bethânia, Benito Di Paula e Beth Carvalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário