*Lucas Jr.
No dia 13 de abril de 1726, Fortaleza foi oficializada Vila, reconhecendo o seu surgimento ao lado do Forte de N. Sra. de Assunção, antigo Schoonemborch, pelos holandeses, em 1649. Ou seja, nunca se aceitou a sua origem na Barra do Ceará, que nos tempos de Soares Moreno não passaria de uma base militar, tese que eu discordo, mas respeito.
Abaixo, um texto publicado em dezembro de 2013 em meu grupo: Relatos Históricos, no Facebook. Apenas para rockeiros malucos e sem miolos como eu.
A todos os fortalezenses e moradores o meu abraço. Tenho todo o carinho do mundo por esta cidade.
Abaixo, um texto publicado em dezembro de 2013 em meu grupo: Relatos Históricos, no Facebook. Apenas para rockeiros malucos e sem miolos como eu.
A todos os fortalezenses e moradores o meu abraço. Tenho todo o carinho do mundo por esta cidade.
Um Passeio pelas Praias -
Um pedaço da história de Fortaleza 103 anos após a chegada de Cabral ao Brasil, certo português, Pero Coelho, tornou-se o primeiro homem branco a tentar governar o Ceará. Com a família e alguns soldados, entre eles Martim Soares Moreno, jovem de 17 anos, logo teve que retornar por falta de estrutura e vencido pela seca. Habitada por índios, sem apoio da Coroa, foi a última Capitania a se desenvolver, isso porque ora era administrada por Pernambuco, ora pelo Maranhão, tendo um só guerreiro na defesa de ataques de invasores franceses e holandeses: Soares Moreno, que combatia ainda no Maranhão e no RN.
No que pese a vila tenha nascido na Barra
do Ceará, somente após a conquista de Pernambuco pelos holandeses foi que
Fortaleza veio a dar os primeiros passos de progresso, quando o governador
Maurício de Nassau designou Matias Beck a construir o Forte de Shoonemborch em
1649, tomando a vila quando Moreno se encontrava no Maranhão. Surgia uma fase
robusta de uma cidade de perfil comercial e de influência europeia nas
proximidades da praia. Passados, porém, alguns anos, os holandeses caíram em
PE, e Fortaleza retornou ao comando português, que mudou o nome do forte para
Nossa Senhora de Assunção, cuja capela fora fundada bem antes na Barra do Ceará
por Soares Moreno. O comércio cresceu e os negócios passaram para a beira da Prainha,
onde foram construídos armazéns para estocagens. Um pedaço da história de Fortaleza 103 anos após a chegada de Cabral ao Brasil, certo português, Pero Coelho, tornou-se o primeiro homem branco a tentar governar o Ceará. Com a família e alguns soldados, entre eles Martim Soares Moreno, jovem de 17 anos, logo teve que retornar por falta de estrutura e vencido pela seca. Habitada por índios, sem apoio da Coroa, foi a última Capitania a se desenvolver, isso porque ora era administrada por Pernambuco, ora pelo Maranhão, tendo um só guerreiro na defesa de ataques de invasores franceses e holandeses: Soares Moreno, que combatia ainda no Maranhão e no RN.
No século IXX usava-se trapiches como ancoradouros, depois, em 1906, construíram um “porto”, idealizado por um cearense e um escocês, a Ponte Metálica. Em 1920, porém, a mesma passou por uma reforma radical, mudando de nome para Ponte dos Ingleses, numa alusão aos engenheiros estrangeiros que comandaram os trabalhos.
De Prainha para Porto das Jangadas, Praia do Peixe, nos dialetos Graúça, a Praia de Iracema foi soberba ao denominar suas ruas aos donos da terra, às tribos Potiguaras, Tabajaras, Groairas, Tremembés, Guanacés...
Mesmo após a construção do Porto do Mucuripe, em 1938, bem adiante, que lhe trouxe destruição com avanço do mar, deixou de ter seus encantos. E jamais deixará de ser a Praia dos Amores.
Em 4 de junho de 1937 aterrizou no campo do Cocorote, no Alto da Balança, onde hoje se localiza a Base Aérea, a famosa aviadora americana Amelia Earhart, que estava dando a volta ao mundo num Electra, escalando Fortaleza em sua rota. Hospedou-se no Hotel Excelsior, no Centro, e saiu registrando fotos históricas de uma cidade que vivia uma fase de profunda influência da cultura parisiense, conhecida como Belle Epoque.
Encantou-se com a Praia de
Iracema. Partiu para Natal, de lá foi para a África, desaparecendo no mar nas
proximidades das ilhas do Pacífico Central. Nunca encontraram seu corpo. Durante a Segunda Guerra Mundial os EUA fundaram na cidade uma base para oficiais, alugando o prédio da Vila Morena, pertencente à família Porto, que mais tarde passou a chamar-se Estoril, aquele mesmo na Praia de Iracema.
Povo de fora, fardado, logo chamou a atenção das jovens da sociedade. A Vila Morena virou um cassino e as meninas objeto dos estrangeiros. Para os carnavais fundaram o bloco das Coca-Colas, à frente, as garotas dos americanos, para a tristeza dos rapazes cearenses e dos pais envergonhados. A bem da verdade, a marca do refrigerante chamava atenção porque só era encontrada com os gringos.
Voltei ao tempo, pois quero entrar na minha época na certeza de que pisei no mesmo chão que os ilustres que ajudaram a fazer a história de minha terra. E começo o passeio pela Ponte dos Ingleses, onde muitas vezes eu e meus amigos levamos gravadores para “viajarmos” nas batidas das ondas e na vista encantadora da cidade. Se os europeus tomaram uísque ali, nós ingerimos muita cachaça ao som de thrash metal. Ao lado o Bar do Pirata, uma aventura turística-sexual às segundas-feiras. Nunca me interessei por aquilo.
Mais um pouco e estamos na Beira Mar de Iracema, Praia do Ideal, boa para o surf, atraindo mulheres bonitas! Matei muitas aulas para tomar banho lá...
Praia dos Diários, Praia da AABB, começavam as barracas. Havia uma que nós frequentávamos quando voltávamos da "Feirinha da 13 de Maio" ou de casas de amigos, chegando já “melados”. O vendedor era gente boa e deixava a turma ouvir som alto. E o pau rolava a noite toda com direito a banho de mar. Encontrei um camelô na calçada que vendia cana artesanal, sendo que uma se chamava “Amansa Corno”, tida como violenta. Comprei uma e coloquei debaixo do banco do Opala de meu pai. Mas esqueci da bichinha ao chegar em casa. De modo que no outro dia, quando papai freou o carro a maldita deslizou aos pés dele mostrando a foto de um chifrudo. Ele voltou pra casa feito uma fera, indo tomar satisfação com a inocente da mamãe. Felizmente eu estava lá na hora e disse que o capeta era meu...
Praia dos Diários, Praia da AABB, começavam as barracas. Havia uma que nós frequentávamos quando voltávamos da "Feirinha da 13 de Maio" ou de casas de amigos, chegando já “melados”. O vendedor era gente boa e deixava a turma ouvir som alto. E o pau rolava a noite toda com direito a banho de mar. Encontrei um camelô na calçada que vendia cana artesanal, sendo que uma se chamava “Amansa Corno”, tida como violenta. Comprei uma e coloquei debaixo do banco do Opala de meu pai. Mas esqueci da bichinha ao chegar em casa. De modo que no outro dia, quando papai freou o carro a maldita deslizou aos pés dele mostrando a foto de um chifrudo. Ele voltou pra casa feito uma fera, indo tomar satisfação com a inocente da mamãe. Felizmente eu estava lá na hora e disse que o capeta era meu...
Praia do Náutico, puro comércio e vadiagem.
Volta da Jurema e seu “calçadão” tomado de barracas de caipirinha. Parecia que toda a juventude da cidade estava ali, uma multidão. Certa vez a polícia fez uma batida e prendeu muita gente, baseados e drogas afins. Aquelas barracas comercializavam de tudo, e aos poucos foram se extinguindo. Havia um hippie que desenhava as faces dos clientes em papel de cartolina, ilustrando o Jander (com quem criei um fã-clube) e eu, bem legal. Quis o destino, porém, que eu encontrasse a figura no ano passado, agora bem séria, distinta, na Praça do Ferreira. No outro dia levei a gravura e a fixei na sua cara. Ele tomou um susto: “quem desenhou fui eu, mas não sei quem são esses caras não...” Um pouco depois havia o bowl de skate onde dei um mosh (pulo) alucinado de tanto mel; e ao lado o restaurante Aquários, voltado aos seresteiros, casais de terceira idade e assediado por prostitutas. Acabou sendo vendido para construção de um prédio de luxo.
Depois vem a turma de pescadores com seus barcos e jangadas, início da Praia do Mucuripe, fim da minha
jornada. Quando eu morava no Papicu perdia o horário do ônibus e voltava a pé,
dobrando na estátua de Iracema, no Mucuripe. Antes de construírem o hotel da
esquina havia um trailer onde eu sempre parava como “saideira”. O melhor
espetinho que já saboreei. Uma latinha de Antarctica com a carne gostosa pois
em casa era entrar e dormir. Mas certa vez deu zebra. Quando eu me encontrava
na Varjota fui assaltado por quatro malandros. Dinheiro não tinha, os
documentos eles “gentilmente” me devolveram, mas me fizeram voltar para casa só
de calça. Afinal, tênis e camisa de banger
não são de jogar fora. Essa fatalidade, porém, não tira o brilhantismo da orla
de Fortaleza. Volta da Jurema e seu “calçadão” tomado de barracas de caipirinha. Parecia que toda a juventude da cidade estava ali, uma multidão. Certa vez a polícia fez uma batida e prendeu muita gente, baseados e drogas afins. Aquelas barracas comercializavam de tudo, e aos poucos foram se extinguindo. Havia um hippie que desenhava as faces dos clientes em papel de cartolina, ilustrando o Jander (com quem criei um fã-clube) e eu, bem legal. Quis o destino, porém, que eu encontrasse a figura no ano passado, agora bem séria, distinta, na Praça do Ferreira. No outro dia levei a gravura e a fixei na sua cara. Ele tomou um susto: “quem desenhou fui eu, mas não sei quem são esses caras não...” Um pouco depois havia o bowl de skate onde dei um mosh (pulo) alucinado de tanto mel; e ao lado o restaurante Aquários, voltado aos seresteiros, casais de terceira idade e assediado por prostitutas. Acabou sendo vendido para construção de um prédio de luxo.
A história começa com o conservadorismo de uma gente enraizada no “ouvidizer sobre as damas de Paris”, mas chega à liberdade democrática, que nos permite tomar banho de cueca. A Beira Mar é um encanto, uma obra que não devemos deixar de valorizar. E quem sabe voltemos a tomar umas nas areias ao som do eterno thrash. ( o artigo é de Lucas Jr.)
♫♥♪ Mucuripe – Belchior e Fágner ♫♥♪
vídeo da canção interpretada por Roberto Carlos e Fágner:♫♥♪
*Joaquim Lucas Júnior
lucas.junior.370515@facebook.com
lucasjunior@bnb.gov.br
Mais, em Fortaleza Nobre: Especial 288 anos – Praças da Cidade
http://www.fortalezanobre.com.br/2014/04/especial-fortaleza-288-anos-pracas-da_11.html
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