Ela desenvolveu novas formas de
incorporar políticas de gênero no anarquismo, escrevia sobre a emancipação da mulher,
problemas sociais e a luta sindical. Emma
Goldman também defendeu o direito dos gays e lésbicas a se
relacionarem como desejassem e condenou o medo e o estigma associado
com a homossexualidade. Como muitas das feministas da atualidade, ela entendia
o aborto como
uma trágica consequência das condições sociais, e o controle de natalidade como uma alternativa
positiva.
Goldman falou e escreveu extensivamente sobre
um amplo escopo de assuntos. Enquanto rejeitava a ortodoxia e o pensamento fundamentalista, contribuiu também para
diversos campos da filosofia política moderna. Ela foi influenciada por muitos
pensadores e escritores, incluindo Mikhail Bakunin, Henry David
Thoreau, Piotr Kropotkin, Ralph Waldo
Emerson, Nikolai
Chernyshevsky, e Mary
Wollstonecraft. Outro filósofo que influenciou Goldman foi Friedrich
Nietzsche. Em sua autobiografia ela escreveu:
"Nietzsche não foi um teórico social, mas um poeta, um rebelde
e inovador. Sua aristocracia não era por nascimento ou dinheiro; era em
espírito. A esse respeito Nietzsche era um anarquista, e todos os verdadeiros
anarquistas foram aristocratas."
—em Anarquismo, p. 62.
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escritora,
feminista, sindicalista,
antimilitarista, ativista anarquista e oradora |
Goldman tornou-se uma renomada ensaísta de filosofia anarquista e escritora, escrevendo artigos anticapitalistas bem como sobre a emancipação da mulher, problemas sociais
e a luta sindical.
Goldman foi presa várias vezes nos
anos que se seguiram, por "incentivar motins" e ilegalmente
distribuir informações sobre contracepção.3 Em 1906, Goldman fundou o jornal anarquista Mother Earth (Mãe Terra).
“O capitalismo sabe corromper aqueles que deseja destruir.” Emma Goldman
Emma ficou conhecida por seu ativismo, seus escritos políticos e conferências que reuniam
milhares de pessoas nos Estados Unidos. Teve um papel fundamental no desenvolvimento do anarquismo na América do Norte na primeira metade do século XX.
Enquanto viveu em Inglaterra,
Canadá e França escreveu uma autobiografia chamada Vivendo Minha Vida (Living My Life).5 Com o início da Guerra
Civil Espanhola, em 1936, Emma, já com mais de 60 anos, viajou até a Espanha para
apoiar a Revolução
Anarquista.
Durante sua vida, Goldman foi
celebrada por seus admiradores, como uma livre pensadora e "mulher rebelde", e achincalhada pelos
adversários, como sendo defensora de assassinatos políticos e revoluções
violentas. Seus escritos e
conferências abrangeram uma variedade de assuntos, incluindo o sistema prisional, ateísmo, liberdade
de expressão, militarismo,capitalismo, casamento e emancipação
das mulheres. Também
desenvolveu novas formas de incorporar políticas de gênero no anarquismo.
“Em uma sociedade sustentada pela mentira, qualquer expressão
de verdade é vista como loucura.” Emma Goldman
Após décadas de obscuridade, nos anos 1970 a vida e a obra de Emma Goldman
voltaram a ser reconhecidas na medida em que acadêmicas, feministas e anarquistas passaram a se interessar
por ela. Este interesse implicou uma nova onda de divulgação de seu legado, com
publicações de seus artigos e livros sendo relançados, e citações e imagens
suas sendo estampadas em camisetas e cartazes.
É creditada a ela diversos ditos
marcantes do anarquismo entre estes a famosa frase que diz - "Se não posso
dançar, não é minha revolução" - capaz de definir de maneira simples a
ideia anarquista de liberdade.
Feminismo
Ainda que fosse hostil a primeira onda do
feminismo e seus objetivos sufragistas nos Estados Unidos,
Emma Goldman defendia apaixonadamente a emancipação das mulheres, e é hoje
considerada uma das fundadoras do anarcofeminismo,
que se contrapõe tanto ao patriarcado como
também à hierarquia se manifeste ela em divisões de classe ou na estrutura do
estado. Em 1897 ela
escreveu:
"Busco a independência da mulher, seu direito de se apoiar; de
viver por sua conta; de amar quem quer que deseje, ou quantas pessoas deseje.
Eu busco a liberdade de ambos os sexos, liberdade de ação, liberdade de amor
e liberdade na maternidade." Emma Goldman
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Um enfermeira por profissão, ela era desde cedo
uma defensora da educação das mulheres com relação aos métodos
contraceptivos. Como muitas das feministas da atualidade, ela
entendia o aborto como
uma trágica consequência das condições sociais, e o controle de natalidade como uma alternativa
positiva. Goldman também defendia o amor livre,
e realizou uma forte crítica do casamento.
Ela viu nas feministas que lhe precederam uma perspectiva confinada em seu
escopo e limitadas por forças sociais do puritanismo e
do capitalismo.
Escreveu:
"Temos a necessidade de libertarmo-nos das velhas tradições e
hábitos. O movimento para a emancipação feminina desde então conseguiu dar
apenas o primeiro passo nesta direção."
—Goldman, Anarchism, p. 224.
Homossexualidade
"Ela foi a primeira e única mulher, e mesmo a primeira e única
americana, a se levantar em defesa do amor homossexual antes do público em
geral"
Goldman foi também uma dura crítica da perseguição aos
homossexuais. Ela acreditava que a libertação sexual deveria se
estender às demandas dos gays e lésbicas que virtualmente não eram sequer
ouvidos em sua época, mesmo pelos anarquistas. Como Magnus
Hirschfeld escreveu, "Ela foi a primeira e única mulher, e
mesmo a primeira e única americana, a se levantar em defesa do amor homossexual
antes do público em geral" Em inúmeras conferências e cartas ela
defendeu o direito dos gays e lésbicas a se relacionarem como desejassem e
condenou o medo e
o estigma associado
com a homossexualidade. Como Goldman escreveu em uma carta para Hirschfeld,
"É uma tragédia, sinto que essas pessoas de tipo sexual distinto são
lançadas em um mundo que mostra tão pouca compreensão com relação aos
homossexuais e é tão rudemente indiferente às várias gradações e variações de
gênero em sua grande significação na vida."
Liberdade de expressão
“Anarquismo luta
pela liberação da mente humana do domínio da religião. Pela liberação do corpo
humano do domínio da propriedade. Pela liberação das cadeias e restrições
governamentais. O anarquismo luta por uma ordem social baseada na livre
associação dos indivíduos.” Emma Goldman
Como anarquista, Goldman atuou em inúmeras
causas relacionadas às liberdades humanas, especialmente no que se refere à liberdade de expressão. Constantemente perseguida
por sua defesa do anarquismo bem como por sua oposição a Primeira Guerra Mundial, Goldman foi ativa no
movimento por liberdade de expressão no início doséculo XX,
vendo nesta forma de liberdade uma necessidade fundamental para atingir a
mudança social. Sua defesa incansável de seus ideais e suas colocações
frente as inúmeras prisões que sofrera inspirariam toda uma geração de
ativistas pró liberdades civis, entre eles Roger Baldwin, um dos fundadores da
União Americana Por Liberdades Civis.
O movimento
feminista do final da década de 1960 e da década de 1970, que
"redescobriu" Emma Goldman, foi acompanhado pela ressurgência do
movimento anarquista, o que também chamou a atenção dos pesquisadores para os
anarquistas do início do século XX. O crescimento do feminismo também suscitou
uma valorização do trabalho filosófico de Goldman por parte de estudiosos que
passaram a destacar a sua significativa contribuição teórica para o anarquismo
de seu tempo. Goldman acreditava, por exemplo, em uma estética anarquista,
cuja influência podia ser percebida nas artes.
Simultaneamente, a ela foi creditado o pioneirismo na abordagem de um amplo
espectro de questões sociais - desde as liberdades sexuais e dos direitos
reprodutivos à liberdade de expressão e ao movimento anti-carcerário.
"Se não posso dançar não é minha revolução." Emma Goldman
*Margaret Sanger ironicamente era contrária ao aborto, mesmo sendo a responsável pela primeira
clinica de aborto dos Estados Unidos, ela o considerava muito perigoso para as
mulheres, além de ser ilegal na época. Seus esforços no sentido da
contracepção, que incluíram a obtenção de financiamento para pesquisas que
levariam à criação da pílula, tinham como foco tornar o aborto menos
necessário.
Ao fundar a Liga
Americana de Controle de Natalidade, em 1921, com vista a tornar o planejamento
familiar mais acessível à classe média, ela incorporou aos princípios
fundadores os seguinte dizeres.
Nós sustentamos
que as crianças devem ser (1) Concebidas em amor (2) Nascidas de um desejo
consciente da mãe (3) E geradas apenas em condições que possibilitem uma
descendência sadia. Assim, sustentamos que toda mulher deve possuir a liberdade
e o poder de prevenir a concepção até que essas condições sejam satisfeitas.
Berkman e ela organizaram a Liga
Anti-Alistamento (No Conscription League) de Nova Iorque, que declarava:
"Nos opomos ao alistamento porque somos internacionalistas,
antimilitaristas, e contra todas as guerras perpetradas por governos
capitalistas."
Em 15 de julho de 1917,
Goldman e Berkman foram presos durante uma batida em seus escritórios de onde
"um vagão carregado de gravações e propaganda anarquista" foi
apreendido pelas autoridades. O New York Times reportou que Goldman pedira para
colocar um figurino mais adequado, e aparecera em um vestido de "púrpura
real". A dupla foi
processada por conspiração por "induzir pessoas a não se alistarem" sob o recentemente aprovado Ato de Espionagem de 1917, tendo que pagar uma fiança de 25 mil
dólares cada um. Defendendo a ela e a Berkman durante seu julgamento, Goldman evocou a Primeira Emenda, perguntando como o
governo podia clamar estar lutando por democracia no estrangeiro enquanto
suprimia a liberdade de expressão em casa?
Na década de 1930, os livros de Emma
Goldman encontravam-se traduzidos para um grande número de idiomas, haviam se
tornado fonte de inspiração para novas gerações de anarquistas, radicais e
revolucionários não só nos Estados Unidos, mas nos quatro cantos do mundo. Em 1934 o escritor chinês Ba Jin publicou seu livro O Geral, ou Confissões - O Clamor
da Meu Espírito (The
General, or Confessions - The Outcry of My Soul) dedicando-o a Emma
Goldman.135
Em sua carinhosa dedicatória, este
que viria a ser reconhecido mais tarde como um dos maiores escritores da China, reconheceu a
importância de Emma Goldman em sua trajetória e escolhas, conferindo a
libertária o mérito de tê-lo "despertado aos 15 anos de idade, salvando-o
de um desastre"
Quando os eventos que precederam a Segunda Guerra Mundial começaram a se desenrolar na Europa, Goldman
reinteirou sua oposição à guerras levadas a cabo por governos. "Por mais
que eu abomine Hitler, Mussolini, Stalin e Franco," ela escreveu a um amigo, "não poderia apoiar uma guerra contra eles por democracias que, em
última análise, são apenas regimes fascistas disfarçados.”
No sábado de 17 de fevereiro de 1940, Goldman sofreu um derrame
cerebral debilitante,
ficando paralisado todo seu lado esquerdo, e ainda que sua audição não tenha
sido afetada, ela não mais conseguia falar. Como descrita por um amigo:
"Só de pensar que lá estava Emma, a grande oradora da América, incapaz de
pronunciar uma palavra." Nos
três meses seguintes houve uma aparente melhora, e Emma recebendo visitantes em
uma ocasião, foi capaz de apontar para seu livro de endereços para indicar para
um amigo possíveis contatos que o auxiliariam durante uma viagem para o México.
No dia 8 de maio ela sofreu mais um sério derrame. Seis
dias depois, no dia 14 daquele mesmo mês, Emma Goldman morreu na cidade de Toronto, Canadá. Frente a pressão da opinião pública, o
Serviço de Naturalização e Imigração estadunidense permitiu que seu corpo fosse
trazido de volta aos Estados Unidos para ser velado e enterrado.
Os restos mortais de Emma Goldman
foram enterrados no cemitério German Waldheim, em Forest Park, Illinois,
um subúrbio deChicago.
Neste mesmo cemitério estão localizados os túmulos de outros anarquistas,
ativistas sociais e sindicais, entre estes os túmulos de August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer, George Engel e Louis Lingg - libertários mortos e executados em
consequência da revolta de Haymarket em maio de 1886.
Goldman tornou-se bem conhecida
durante sua vida, descrita entre outras formas como - "a mulher mais
perigosa da América". Após
sua morte e na metade do século XX, sua fama entrou em declínio.
Estudiosos e historiadores do anarquismo enxergaram nela uma grande ativista e
oradora, mas não reconheceram seu esforço teórico e filosófico da mesma forma
que o fizeram com figuras como a de Piotr Kropotkin.
Em 1970, A editora Dover Press relançou a biografia de Goldman, Vivendo Minha Vida (Living My Life), e em 1972, a escritora feminista Alix Kates Shulman publicou uma compilação dos escritos e
discursos de Goldman sob o título As Falas de Red Emma (Red Emma Speaks).
Estes trabalhos levaram a vida de Emma Goldman e suas reflexões para uma ampla
audiência, e ela foi particularmente iconizada pelas feministas da segunda
metade do século XX. Em 1973 Shulman
recebeu um pedido de um de seus amigos editores para uma citação de Goldman
para ser grafada em uma camiseta. Ela lhe enviou um trecho do Vivendo Minha Vida sobre "o direito de
auto-expressão, o direito de todos à beleza, coisas radiantes"; fazia
parte dele uma de suas mais famosas citações: "Se não posso dançar, esta
não é minha revolução." Ainda que haja dúvidas frente ao fato de Goldman
ser ou não a autora deste dito, na opinião de muitos libertários ele parece
conter a essência de sua crença na liberdade pessoal e na auto-expressão. Variações desta fala têm aparecido em
centenas de camisetas, broches, cartazes, stencils, panfletos, canecas de café,
chapéus, e outros itens.
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Gostei do blog! "Você é imagem e semelhança de Deus. Como é o seu Deus?” www.deolhonomundo.com
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