Simone de Beauvoir: capricorniana nasceu em Paris, 9/01/1908 – e morreu, também, em Paris, 14/04/1986. Escritora e intelectual, filósofa existencialista e ativista política, feminista e teórica social. Embora não se considerasse uma filósofa, esta francesa teve uma influência significativa tanto no existencialismo feminista quanto na teoria feminista.
Estudou na Sorbonne, onde conheceu Jean-Paul Sartre, com quem
manteve um relacionamento aberto por toda a vida.
Entre muitas coisas que produziu e escreveu sobre filosofia,
política e questões sociais, ela é conhecida por seu tratado O Segundo
Sexo (1949), uma análise detalhada da opressão das mulheres e um
tratado fundamental do feminismo contemporâneo, entre outras várias obras. Ela
integrava um círculo de filósofos literatos que conferiam ao existencialismo um
aspecto literário, sendo que seus livros enfocavam os elementos mais
importantes da filosofia existencialista. Além disso, a autora esteve
envolvida, juntamente com Sartre e Foucault, no polêmico manifesto que tinha
por objetivo alterar a idade de consentimento para relações sexuais
na França.
A autora revela certa inquietação diante da morte em
livros como Uma morte suave (1964). Em A Cerimônia do Adeus,
de 1981, ela narra o fim da existência de seu companheiro Sartre, que havia
morrido em 15 de abril do ano anterior. Ela faleceu em 14 de abril de 1986, aos
78 anos de idade. Essas datas me chamaram muita atenção. E, como eu não
acredito em tais coincidências...
"Vocês, meninas, nunca se vão casar,
porque vocês não terão nenhum dote".
Beauvoir sempre esteve consciente de que seu pai esperava ter um
filho, ao invés de duas filhas. Ele afirmava, "Simone pensa como um
homem!" o que a agradava muito, e desde pouca idade a filósofa
distinguiu-se nos estudos. Georges passou seu amor pelo teatro e pela
literatura para sua filha. Ele ficou convencido de que somente o sucesso
acadêmico poderia tirar as filhas da pobreza. (Hélène tornou-se pintora.)
Casamento ou convento?
As escolas católicas (onde estudava com sua irmã) para meninas
eram vistas como lugares onde as jovens aprendiam uma das duas alternativas
abertas às mulheres: casamento ou convento. Sua mãe, que Simone
considerava uma intrusa espiando cada movimento seu, frequentava as aulas
com elas, sentada atrás das meninas, como se esperava que a maioria das mães
fizessem.
Escritora: “Não se nasce mulher, torna-se!”
Aos 15 anos de idade, Simone de Beauvoir já havia decidido que
seria uma escritora.
O Segundo Sexo (1949), apresenta um existencialismo feminista que
prescreve uma revolução moral. Ensaio crítico, cabe destacar, uma profunda
análise sobre o papel das mulheres na sociedade e, como uma
existencialista, de Beauvoir acreditava que a existência precedia a essência e,
portanto, não se nasce mulher, torna-se. Sua análise foca no
conceito hegeliano do "Outro". É a construção
social da mulher como a quintessência dos "Outros" que
de Beauvoir identifica como fundamental para a opressão das mulheres. O
'O' maiúsculo em "outros" indica "todos os outros". Beauvoir
afirmava que as mulheres são tão capazes de escolher quanto os homens e que,
portanto, podem optar por elevar-se, movendo-se para além da
"imanência", a qual eram anteriormente resignadas, para alcançarem a
"transcendência", uma posição em que um indivíduo assume a
responsabilidade para si e para o mundo, onde se escolhe sua liberdade.
As suas obras oferecem uma visão sumamente reveladora de sua vida
e de seu tempo.
Sartre e Simone de Beauvoir sempre liam o trabalho do
outro. Ainda há um debate sobre a medida em que um influenciou o outro em suas
obras existencialistas, como O Ser e o Nada, de Sartre, e A
Convidada, de Simone de Beauvoir.
No final da Segunda Guerra Mundial, ambos (Beauvoir e Sartre)
editaram o Les Temps modernes, uma revista política. Beauvoir usou
a Les Temps modernes para promover seu trabalho e explorar
suas ideias em pequena escala antes de criar seus primeiros ensaios e livros. Simone
de Beauvoir permaneceu como editora da publicação até sua morte.
Sexualidade, feminismo e O Segundo
Sexo
Le deuxième sexe (traduzido
como O Segundo Sexo)
Os capítulos de Le deuxième sexe (traduzido como O Segundo Sexo) foram originalmente publicados na Les Temps Modernes (junho/1949). O segundo volume veio poucos meses depois do primeiro publicado na França. O livro foi muito rapidamente publicado nos Estados Unidos com o título O Segundo Sexo, devido à rápida tradução feita por Howard Parshley, conforme solicitado por Blanche Knopf, esposa do editor Alfred A. Knopf.
Simone de Beauvoir antecipou o feminismo sexualmente carregado
de Erica Jong e Germaine Greer. No capítulo "Mulher: Mito e
Realidade", de O Segundo Sexo, de Beauvoir argumenta que os
homens tinham tornado as mulheres o "Outro" da sociedade através da
aplicação de uma falsa aura de "mistério" em torno delas. Ela
argumenta que os homens usam isto como desculpa para não entender as mulheres
ou os seus problemas, ao invés de apoiá-las. Este estereótipo sempre
foi usado por grupos mais altos na hierarquia social para
estigmatizar grupos inferiores na hierarquia. Ela escreveu que um tipo similar
de opressão hierárquica acontece em outras categorias, como identidade, raça,
classe e religião. Simone de Beauvoir argumenta que os homens estereotipam as
mulheres e usam isto como uma desculpa para organizar a sociedade em
um patriarcado.
Conceitos-chave do movimento feminista da década de 1970
são diretamente relacionados às ideias relativas ao gênero como uma
construção social, conforme apresentado por Simone de Beauvoir em O
Segundo Sexo. Apesar de suas contribuições para o feminismo, especialmente
para o Movimento de Libertação das Mulheres, e por suas crenças na
independência econômica feminina e na igualdade de educação entre os sexos, de
Beauvoir era relutante em considerar-se uma feminista. No entanto, depois
de observar o ressurgimento do movimento feminista na década de 1960 e no
início dos anos 1970, Simone de Beauvoir afirmou que não acreditava mais que
uma revolução socialista fosse suficiente para trazer a libertação
das mulheres. Ela declarou-se publicamente uma feminista em 1972.
Simone de Beauvoir, Sartre e Che Guevara em Cuba,
1960
Na década de 1970, a filósofa tornou-se ativa no movimento de
libertação das mulheres francesas. Ela assinou o Manifesto das 343, em
1971, uma lista de mulheres famosas que alegavam ter feito um aborto, o
que na época era ilegal no país. Entre as signatárias estavam Catherine
Deneuve, Delphine Seyrig e a irmã de Simone de Beauvoir, Poupette. Em
1974, o aborto foi legalizado na França.
Seu longo ensaio La Vieillesse (A Velhice),
de 1970, é um raro exemplo de uma meditação intelectual sobre o declínio e a
solidão que todos os seres humanos experimentam se não morrerem antes
dos 60 anos de idade.
Em 1980, a obra Quando os Espíritos Vêm Primeiro, um
conjunto de pequenas histórias centradas em torno e com base em mulheres
importantes de anos anteriores, foi publicada. Apesar de tê-la escrito muito
antes da novela A Convidada, na época de Beauvoir não considerou
que as histórias valessem a publicação, permitindo que cerca de 40 anos se
passassem antes de fazer isso.
Idade de consentimento
Sartre e Simone de Beauvoir no Memorial a Balzac
De Beauvoir também questionava a determinação por lei de uma idade
de consentimento (a maioridade sexual legal de um cidadão). Entre 1977 e
1979, enquanto era debatida uma reforma do código penal no Parlamento da
França, vários intelectuais franceses assinaram petições e cartas abertas solicitando
a despenalização de relações consensuais entre adultos e menores de 15 anos
(então a idade de consentimento na França).
Simone de Beauvoir assinou, ao lado de outros intelectuais em
geral, uma petição enviada ao parlamento francês em 1977 pela abolição da idade
de consentimento e em prol da descriminalização do sexo consensual. A
petição foi assinada por 69 personalidades.
O documento declarava que há uma desproporção entre a qualificação
de tais atos consensuais como "crime" e a natureza dos fatos pelos
quais eles são acusados, e também uma contradição, visto que na França os
adolescentes eram plenamente responsáveis por seus atos a partir dos
13 anos.
Vida pessoal - Sartre
Simone de Beauvoir e Sartre em Pequim, em 1955
Durante outubro de 1929, Jean-Paul Sartre e Simone de
Beauvoir se tornaram um casal e, depois de serem confrontados por seu pai,
Sartre a pediu em casamento.
Um dia, enquanto estavam sentados em um banco fora do Louvre,
ele disse: "Vamos assinar um contrato de dois anos". Perto do
fim de sua vida, Simone de Beauvoir afirmou: "O casamento era impossível.
Eu não tinha dote." Então eles simplesmente mantiveram um
relacionamento ao longo da vida.
Simone de Beauvoir escolheu nunca se casar e não constituiu uma
família com Sartre, sendo que nunca teve filhos. Conquistou um grau
acadêmico avançado, lutou por causas políticas, fez muitas viagens, escreveu,
ensinou e teve amantes.
Apesar de Simone de Beauvoir ter tido um relacionamento de longa
data com Sartre, ela era conhecida por ter várias amantes do sexo feminino. A
natureza de alguns desses relacionamentos, alguns dos quais começaram enquanto
trabalhava como professora, levou a uma controvérsia biográfica.
Final da vida e morte
Túmulo de Sartre e De Beauvoir no Cemitério de Montparnasse
Em 1981, ela escreveu La Cérémonie Des Adieux (A
Cerimônia de Adeus), um doloroso relato sobre os últimos anos de Sartre. Na
abertura de Adieux, De Beauvoir observa que é a única grande obra
publicada por ela que Sartre não leu antes de ser publicada.
Depois de Sartre morrer em 1980, Simone de Beauvoir publicou as
cartas que ele a enviou, mas com edições, para poupar os sentimentos de pessoas
em seu círculo social que ainda estavam vivas. Em 1986, a filósofa e escritora
morreu de pneumonia em Paris, aos 78 anos de idade. Seu corpo
encontra-se sepultado no mesmo túmulo de Jean-Paul Sartre no Cemitério
de Montparnasse, na capital francesa.
Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir desembarcam no Brasil, em 1960.
Organização: Gláucia Lima,
a Glau Sonhadora
Fonte: diversas (internet)
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