"As massas querem estar
presentes nas decisões dos grandes projetos que as afetam e que não são
consultadas para nada. Nem falemos dos indígenas cujas terras são sequestradas
para o agronegócio ou para a indústria das hidrelétricas."
segue o texto em sua íntegra:
"Um espírito de insurreição de
massas humanas está varrendo o mundo todo, ocupando o único espaço que lhes
restou: as ruas e as praças. O movimento está apenas começando: primeiro no
norte da África, depois na Espanha com os “indignados”, na Inglaterra e nos USA
com os “occupies” e no Brasil com a juventude e outros movimentos sociais. Ninguém se reporta às clássicas bandeirtas
do socialismo, das esquerdas, de algum partido libertador ou da revolução.
Todas estas propostas ou se esgotaram ou não oferecem o fascínio suficiente
para mover as massas. Agora são temas ligados à vida concreta do cidadão:
democracia participativa, trabalho para todos, direitos humanos pessoais e
sociais, presença ativa das mulheres, transparência na coisa pública, clara
rejeição a todo tipo de corrupção, um novo mundo possível e necessário. Ninguém
se sente representado pelos poderes instituídos que geraram um mundo politico
palaciano, de costas para o povo ou manipulando diretamente os cidadãos.
Representa um desafio para qualquer analista
interpretar tal fenômeno. Não basta a razão pura; tem que ser uma razão
holística que incorpora outras formas de inteligência, dados aracionais,
emocionais e arquetípicos e emergências, próprias do processo histórico e mesmo
da cosmogênese. Só assim teremos um quadro mais ou menos abrangente que faça
justiça à singularidade do fenômeno.
Antes de mais nada, importa reconhecer que é o
primeiro grande evento, fruto de uma nova fase da comunicação humana, esta
totalmente aberta, de uma democracia em grau zero que se expressa pelas redes
sociais. Cada cidadão pode sair do anonimato, dizer sua palavra, encontrar seus
interlocutores, organizar grupos e encontros, formular uma bandeira e sair à
rua. De repende, formam-se redes de redes que movimentam milhares de pessoas para
além dos limites do espaço e do tempo. Esse fenômeno precisa ser analisado de
forma acurada porque pode representar um salto civilizatório que definirá um
rumo novo à história, não só de um país mas de toda a humanidade. As
manifestações do Brasil provocaram manifestações de solidariedade em dezenas e
dezenas de outras cidades no mundo, especialmente na Europa. De repente o
Brasil não é mais só dos brasileiros. É uma porção da humanidade que se
indentifica como espécie, numa mesma Casa Comum, ao redor de causas coletivas e
universais.
Por que tais movimentos massivos
irromperam no Brasil agora? Muitas são as razões. Atenho-me apenas a uma. E
voltarei a outras em outra ocasião.
Meu sentimento do mundo me diz que, em
primeiro lugar, se trata de um efeito de saturação: o povo se saturou com o
tipo de política que está sendo praticada no Brasil, inclusive pelas cúpulas do
PT (resguardo as políticas municipais do PT que ainda guardam o antigo fervor
popular). O povo se beneficiou dos programas da bolsa família, da luz para
todos, da minha casa minha vida, do crédito consignado; ingressou na sociedade
de consumo. E agora o quê? Bem dizia o poeta cubano Ricardo Retamar: “o ser
humano possui duas fomes: uma de pão que é saciável; e outra de beleza que é
insaciável”. Sob beleza se entende educação, cultura, reconhecimento da
dignidade humana e dos direitos pessoais e sociais como saúde com qualidade minima e transporte menos
desumano.
Essa segunda fome não foi atendida
adequadamente pelo poder publico seja do PT ou de outros partidos. Os que
mataram sua fome, querem ver atendidas outras fomes, não em ultimo lugar, a
fome de cultura e de participação. Avulta a consciência das profundas
desigualdades sociais que é o grande
estigma da sociedade brasileira. Esse fenômeno se torna mais e mais intolerável
na medida em que cresce a consciência de cidadania e de democracia real. Uma
democracia em sociedades profundamente desiguais como a nossa, é meramente
formal, praticada apenas no ato de votar (que no fundo é o poder escolher o seu
“ditador” a cada quatro anos, porque o candidato uma vez eleito, dá as costas
ao povo e pratica a política palaciana dos partidos). Ela se mostra como uma
farsa coletiva. Essa farsa está sendo desmascarada. As massas querem estar
presentes nas decisões dos grandes projetos que as afetam e que não são
consultadas para nada. Nem falemos dos indígenas cujas terras são sequestradas
para o agronegócio ou para a indústria das hidrelétricas.
Esse fato das multidões nas ruas me faz
lembrar a peça teatral de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes escrita em
1975:”A Gota d’água”. Atingiu-se agora a gota d’água que fez transbordar o
copo. Os autores de alguma forma intuíram o atual fenômeno ao dizerem no
prefácio da peça em forma de livro: “O fundamental é que a vida brasileira
possa, novamente, ser devolvida, nos palcos, ao público brasileiro… Nossa
tragédia é uma tragédia da vida brasileira”. Ora, esta tragédia é denunciada
pelas massas que gritam nas ruas. Esse Brasil que temos não é para nós; ele não
nos inclui no pacto social que sempre garante a parte de leão para as elites.
Querem um Brasil brasileiro, onde o povo conta e quer contribuir para uma
refundação do pais, sobre outras bases mais democrático-participativas, mais
éticas e com formas menos malvadas de relação social.
Esse grito não pode deixar de ser
escutado, interpretado e seguido. A política poderá ser outra daqui para
frente."
Inspirada na obra grega Medeia, a
trama de Gota D’água se inicia num complexo habitacional do baixo Rio, a “Vila
do Meio Dia” quando Jasão, compõe um samba que se torna famoso nas rádios,
abandona a mulher Joana e seus dois filhos por Alma, filha do proprietário.
Inconformada, Joana planeja sua vingança.
Desde a invasão europeia no Século XV a América do Sul respira, finalmente, a
liberdade democrática. Anos de domínio imperialista foram golpeados por uma
sequência de vitórias eleitorais de forças representativas dos trabalhadores,
do povo que jamais desistiu de sonhar.
José Martí
O recente massacre das urnas sufragado pelos equatorianos desencadeou a
constatação de que o continente vive uma ebulição, da qual acende, sob os
sentidos mais salutares, a chama da esperança dos latinos. Pois Correa se
expressa em Humala, que respeitou Chávez, que foi fiel a Fidel e a Martí.
Cruzadas surgidas nos primórdios dos movimentos indianistas, na década de 20,
marcada pela dor e por dezenas de anos em luta contra o imperialismo, abortaram
os planos dos americanos de dominarem a Amazônia e tornarem suas terras meras
colônias de apoio ao mercantilismo covarde e elitista. Um povo que se levantou
lutou pelas suas causas.
Presidente do Equador
Durante esses anos o Brasil se entregou ao poderio estrangeiro em troca do
fortalecimento das forças armadas e do coronelismo, estagnando por completo os
avanços sociais e evidenciando as distorções entre as classes. Vimos riquezas
da Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai sendo extorquidas sob as bênçãos do
militarismo, pelos agentes dos ianques golpistas, que usurparam nossos bens e
as nossas liberdades.
Mas a resposta veio com o povo nas ruas, em memoráveis passeatas em choque
contra a alienação e estupidez do capitalismo. Toda a América do Sul levantou
voz pelo direito ao voto direto, por mais educação, saúde e desenvolvimento. E
Cuba, que ainda vive a Revolução, também soube preparar sua gente para tal,
caminhando para a irrestrita democracia, tão cobrada pela mídia capitalista.
Sabemos, pois, que a Ilha é, social e culturalmente, a mais liberta dos países
latino-americanos.
Ex e atual Presidente da Venezuela (imagem de Bolívar)
Ao mesmo tempo, durante seus doze anos de governo, o presidente Hugo Chávez
conclamou , em discursos e práticas aplausíveis, os venezuelanos à luta por uma
sociedade mais igualitária, resultando na inveja e ódio das raposas elitizadas.
Suas marchas de milhões em vermelho mostraram o caminho, a estrada das
igualdades. Mas o comandante foi chamado para nova missão, agora no além. Às
lágrimas, a Nação, em nova eleição sob forte influência capitalista, mostrou
que jamais abandonará sua bandeira.
E o Chile, respirando democracia, vai e vem e troca seus presidentes, em
resposta aos governos em deslizes. O Uruguai é comandado por um comunista
popular que anda num Fusca, carismático apoiador das causas revolucionárias do
continente. A Argentina possui uma história rica, na qual o peronismo se
moderniza e, cada vez mais popular, apavora a imprensa dos ricos e aproxima as
classes.
Presidentes da Argentina, Brasil e Uruguai
Popularidade que é a ferramenta maior de Dilma Rousseff. O Brasil, que de fato
elimina a miséria, mas que precisa vencer a corrupção para evidenciar seu foco,
o social. Como a saúde, que carece de avanços. Os desafios são muitos, urgem
mudanças nas Leis, reformas, daí essas manifestações populares atuais que de
princípio tinha como fato a exploração de tarifas de ônibus, mas que expandiu e
abriu espaços aos conhecidos golpistas responsáveis pelo terror ocorrido nos
últimos dias. A Presidente, porém, respondeu precisando o diálogo e condenando
os atos manipulados que geraram badernas.
1º de Maio - Havana/Cuba
Enfim, nossa Pátria Verde e Amarela precisa de um empurrão, pois apoio é que
não falta, o apoio dessa gente que nunca parou de lutar, dessa gente
socialista.
(*) o artigo de Joaquim Lucas Jr. foi publicado paralelamente no Jornal Nossa Voz, da AFBNB, jun/2013
Dilma propõe: Plebiscito para Constituinte específica para Reforma
Política; Corrupção como Crime Hediondo; Investimentos em Saúde, abrindo
mais de 11 mil vagas para universidades no Curso de Graduação em Medicina e mais
de 12 mil em Pós-Graduação e Residência; Investimentos de R$ 50 bilhões
para Ônibus, Metrôs e Trens; para Educação: 10% do PIB, 100% dos royalties
do petróleo e 50% do Pré-Sal.
A presidenta Dilma, em reunião com governadores e prefeitos de capitais, propôs
pactos:
- Reforma Política: a convocação de um plebiscito
para formar uma Constituinte específica;
- Corrupção: Uma nova legislação que a torne crime
hediondo;
- Controle de gastos rigoroso (responsabilidade
fiscal de todos), em todas as instâncias, para continuar garantindo a
estabilidade da economia diante da atual crise mundial.
- Saúde: acelerar os investimentos em convênio nos
hospitais, UPAs (unidades de pronto-atendimento) e unidades básicas de saúde.
Mobilizar pela inclusão de hospitais filantrópicos ao programa que rebate
dívidas com mais vagas a pacientes do SUS.
- Médicos estrangeiros: haverá um grande esforço
de incentivos para levar médicos brasileiros a áreas carentes do País, que
sempre tiveram prioridade. Na falta de interesse por médicos brasileiros,
contratará estrangeiros. "Sempre ofereceremos primeiro aos médicos
brasileiros as vagas a serem preenchidas. Precisa ficar claro que a saúde do
cidadão deve prevalecer sobre quaisquer outros interesses", afirmou.
- Ônibus, metrô e trens: Investimentos novos de R$
50 bilhões para obras de mobilidade urbana, como a construção de linhas de
metrô e corredores de ônibus.
- Passagens do transporte público: criação do
Conselho Nacional do Transporte Público, com participação popular da sociedade
e dos usuários, para maior transparência e controle social no cálculo das
tarifas.
- Menos impostos sobre o diesel para ônibus: O
governo pretende desonerar os impostos PIS e Cofins cobrado do óleo diesel
usado em ônibus e da energia elétrica empregada em trens e metrôs.
- Educação: reafirmou a defesa dos 100% dos
royalties do petróleo à educação, e pediu apoio do Congresso para acelerar a
tramitação da pauta. O Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no
Senado, destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área.
"Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar construindo juntos este nosso grande país." Dilma
Presidenta Dilma Rousseff e Frei Leonardo Boff
"Não podemos
colocar em risco tudo o que conquistamos. Temos muita coisa a perder. Não foi
fácil chegar onde chegamos e não será fácil chegar onde se deseja” — disse a Presidente
Dilma ao lembrar os tempos difíceis quando lutou contra a ditadura militar."
Antes de ver e ler o
pronunciamento da Presidente Dilma, neste último 21 de junho, propomos uma, digamos,
releitura deste artigo do Teólogo, Escritor e Filósofo Frei Leonardo Boff,
divulgado logo após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais
brasileiras em 2010.
O Amor Vence o Terror
“Dilma Rousseff marcará seu governo com identidade própria se realizar mais fortemente a agenda que elegeu Lula: a ética e as reformas estruturais.” Profetizava o Frei em novembro de 2010 sobre eleição ganha por Dilma.
“Lula incluiu socialmente
uma França inteira dentro de uma situação de decência.” Leonardo Boff
“Celebramos alegremente a vitória de Dilma Rousseff.” Leonardo Boff
Celebramos alegremente a vitória de Dilma Rousseff. E não deixamos de
folgar também pela derrota de José Serra que não mereceu ganhar esta eleição
dado o nivel indecente de sua campanha, embora os excessos tenham ocorrido nos
dois lados. Os bispos conservadores que, à revelia da CNBB, se colocaram fora do
jogo democrático e que manipularam a questão da descriminalização do aborto,
mobilizando até o Papa em Roma, bem como os pastores evangélicos raivosamente
partidizados, saíram desmoralizados.
Post festum, cabe uma reflexão distanciada do que poderá ser o governo
de Dilma Rousseff. Esposamos a tese daqueles analistas que viram no governo
Lula uma transição de paradigma: de um Estado privatizante, inspirado nos
dogmas neoliberais para um Estado republicano que colocou o social em seu
centro para atender as demandas da população mais destituída. Toda transição
possui um lado de continuidade e outro de ruptura. A continuidade foi a
manutenção do projeto macroeconômico para fornecer a base para a estabilidade
política e exorcizar os fantasmas do sistema. E a ruptura foi a inauguração de
substantivas políticas sociais destinadas à integração de milhões de
brasileiros pobres, bem representadas pela Bolsa Família entre outras.
Não se pode negar que, em parte, esta transição ocorreu pois, efetivamente,
Lula incluiu socialmente uma França inteira dentro de uma situação de decência.
Mas desde o começo, analistas apontavam a inadequação entre projeto econômico e
o projeto social. Enquanto aquele recebe do Estado alguns bilhões de reais por
ano, em forma de juros, este, o social, tem que se contentar com bem menos.
Não obstante esta disparidade, o fosso entre ricos e pobres diminuiu o que
granjeou para Lula extraordinária aceitação.
Agora se coloca a questão: a Presidente aprofundará a transição,
deslocando o acento em favor do social onde estão as maiorias ou manterá a
equação que preserva o econômico, de viés monetarista, com as contradições
denunciadas pelos movimentos sociais e pelo melhor da inteligencia brasileira?
Estimo que, Dilma deu sinais de que vai se vergar para o lado do
social-popular. Mas alguns problemas novos como aquecimento global devem ser
impreterivelmente enfrentados. Vejo que a novel Presidente compreendeu a
relevância da agenda ambiental, introduzida pela candidata Marina Silva. O PAC
(Projeto de Aceleração do Crescimento) deve incorporar a nova consciência de
que não seria responsável continuar as obras desconsiderando estes novos dados.
E ainda no horizonte se anuncia nova crise econômica, pois os EUA resolveram
exportar sua crise, desvalorizando o dólar e nos prejudicando sensivelmente.
Dilma Rousseff marcará seu governo com identidade própria se realizar
mais fortemente a agenda que elegeu Lula: a ética e as reformas estruturais. A
ética somente será resgatada se houver total transparência nas práticas
políticas e não se repita a mercantilização das relações partidárias
(“mensalão”).
As reformas estruturais é a dívida que o governo Lula nos deixou. Não
teve condições, por falta de base parlamentar segura, de fazer nenhuma das
reformas prometidas: a política, a fiscal e a agrária. Se quiser resgatar o
perfil originário do PT, Dilma deverá implementar uma reforma política. Será difícil devido os interesses corporativos dos partidos, em grande parte,
vazios de ideologia e famintos de benefícios. A reforma fiscal deve estabelecer
uma equidade mínima entre os contribuintes, pois até agora poupava os ricos e
onerava pesadamente os assalariados. A reforma agrária não é satisfeita apenas
com assentamentos. Deve ser integral e popular levando democracia para o campo
e aliviando a favelização das cidades.
Estimo que o mais importante é o salto de consciência que a Presidente
deve dar, caso tomar a sério as consequências funestas e até letais da situação
mudada da Terra em crise sócio-ecológica. O Brasil será chave na adaptação e no
mitigamento pelo fato de deter os principais fatores ecológicos que podem
equilibrar o sistema-Terra. Ele poderá ser a primeira potência mundial nos
trópicos, não imperial mas cordial e corresponsável pelo destino comum. Esse
pacote de questões constitui um desafio da maior gravidade, que a novel
Presidente irá enfrentar. Ela possui competência e coragem para estar à altura
destes reptos. Que não lhe falte a iluminação e a força do Espírito Criador.
Escrito por Leonardo Boff.
“Temos que
aproveitar o vigor das manifestações para produzir mais mudanças”, afirma Dilma.
Integra do Pronunciamento da Presidenta Dilma
Minhas
amigas e meus amigos,
Todos nós,
brasileiras e brasileiros, estamos acompanhando, com muita atenção, as
manifestações que ocorrem no país. Elas mostram a força de nossa democracia e o
desejo da juventude de fazer o Brasil avançar.
Se
aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer,
melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por
causa de limitações políticas e econômicas. Mas, se deixarmos que a violência
nos faça perder o rumo, estaremos não apenas desperdiçando uma grande
oportunidade histórica, como também correndo o risco de colocar muita coisa a
perder.
Como
presidenta, eu tenho a obrigação tanto de ouvir a voz das ruas, como dialogar
com todos os segmentos, mas tudo dentro dos primados da lei e da ordem,
indispensáveis para a democracia.
O Brasil
lutou muito para se tornar um país democrático. E também está lutando muito
para se tornar um país mais justo. Não foi fácil chegar onde chegamos, como
também não é fácil chegar onde desejam muitos dos que foram às ruas. Só
tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia – o poder cidadão e os
poderes da República.
Os
manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo, de
propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de defender com
paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e
ordeira.
O governo e
a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o
patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie carros, apedreje ônibus
e tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos. Essa violência,
promovida por uma pequena minoria, não pode manchar um movimento pacífico e
democrático. Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil.
Todas as instituições e os órgãos da Segurança Pública têm o dever de coibir,
dentro dos limites da lei, toda forma de violência e vandalismo.
Com
equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o
direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.
Brasileiras
e brasileiros,
As
manifestações dessa semana trouxeram importantes lições: as tarifas baixaram e
as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que aproveitar
o vigor destas manifestações para produzir mais mudanças, mudanças que
beneficiem o conjunto da população brasileira.
A minha
geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos foram
perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas precisa ser ouvida
e respeitada, e ela não pode ser confundida com o barulho e a truculência de
alguns arruaceiros.
Sou a
presidenta de todos os brasileiros, dos que se manifestam e dos que não se
manifestam. A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática.
Ela
reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos públicos.
Todos me conhecem. Disso eu não abro mão.
Esta
mensagem exige serviços públicos de mais qualidade. Ela quer escolas de
qualidade; ela quer atendimento de saúde de qualidade; ela quer um transporte
público melhor e a preço justo; ela quer mais segurança. Ela quer mais. E para
dar mais, as instituições e os governos devem mudar.
Irei
conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para somarmos
esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do
país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos.
O foco
será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que
privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de cem por cento dos
recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de
médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o
SUS.
Anuncio que
vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os representantes das
organizações de jovens, das entidades sindicais, dos movimentos de
trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas contribuições,
reflexões e experiências, de sua energia e criatividade, de sua aposta no
futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente.
Brasileiras
e brasileiros,
Precisamos
oxigenar o nosso sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas
instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima de
tudo, mais permeáveis à influência da sociedade. É a cidadania, e não o poder
econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar.
Quero
contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política, que
amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer país possa
prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo
democrático.
Temos de
fazer um esforço para que o cidadão tenha mecanismos de controle mais
abrangentes sobre os seus representantes.
Precisamos
muito, mas muito mesmo, de formas mais eficazes de combate à corrupção. A Lei
de Acesso à Informação, sancionada no meu governo, deve ser ampliada para todos
os poderes da República e instâncias federativas. Ela é um poderoso instrumento
do cidadão para fiscalizar o uso correto do dinheiro público. Aliás, a melhor
forma de combater a corrupção é com transparência e rigor.
Em relação
à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas
é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e os governos
que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses recursos
saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a
Saúde e a Educação.
Na
realidade, nós ampliamos bastante os gastos com Saúde e Educação, e vamos
ampliar cada vez mais. Confio que o Congresso Nacional aprovará o projeto que
apresentei para que todos os royalties do petróleo sejam gastos exclusivamente
com a Educação.
Não posso
deixar de mencionar um tema muito importante, que tem a ver com a nossa alma e
o nosso jeito de ser. O Brasil, único país que participou de todas as Copas,
cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda parte.
Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos
deles. Respeito, carinho e alegria, é assim que devemos tratar os nossos
hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência pacífica
entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.
Minhas
amigas e meus amigos,
Eu quero
repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que pedem mudança.
Eu quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: eu estou ouvindo vocês!
E não vou transigir com a violência e a arruaça.
Será sempre
em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar construindo juntos este
nosso grande país.
Paulo
Freire tinha razão, quando perguntado sobre o que achava das Marchas,
respondeu: "quão maravilhoso seria se tudo acabasse em Marcha, já pensou,
Marcha pelo Amor?"
precisa
dizer mais?
Mas,
dia 17 de Abril de 1997, Paulo Freire em sua última entrevista fala com tamanha
clareza e simplicidade sobre as marchas.
Trechos
(e vídeo) da última Entrevista de Paulo Freire.
"...
Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio em seu tempo histórico de marchas.
Marcha dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marchas dos que querem amar
e não podem, marcha dos que recusam a uma obediência servil, marcha dos que se
rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser.
...Eu
acho que as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo ...O meu desejo, o
meu sonho como eu disse antes é que outras marchas pela superação da
sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente nesse pais. Essas marchas nos
afirmam como gente, como sociedade, e querendo democratizar-se.
Eu
estou absolutamente feliz por estar vivo ainda e ter acompanhado essa marcha
(Marcha dos Sem Terras) que como outras marchas históricas revelam o ímpeto da
vontade amorosa de mudar o mundo."
"Seria uma
atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma
forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças
sociais de forma crítica."
Há 85 anos nascia Che Guevara – ★ ¡Hasta
la victoria, siempre!✰
14/06/1928 a 8-9/10/1967 - celebramos com artigos, imagens –fotos / vídeos- frases e
música: ☻/*✰˚ /▌* ° 。★¡Hasta
la victoria, siempre!
/ \ ˚. ✰ *˛ ╚» Link para Ser ¡Voz! CHE GUEVARA com: ♫'Buena Vista Social Club' em Hasta Siempre, Commandante♪
b Che e a Bicicletab
Se eu tiver que fazer
alguma ligação de bicicleta com alguma personalidade conhecida,
indubitavelmente, é com Che...
✎sobre esta famosa foto de Che, por Alberto Korda✓
"Después de haber tomado las fotos de Dorticós y de Fidel se
produce un vacío…"
Há 125 anos nascia o consagrado e conhecido poeta
Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa, consagrado e
conhecido poeta, Fernando Pessoa, foi também filósofo e escritor português. É
considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura
Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.
Nasceu em 13/06/1888 em Distrito de Lisboa – Portugal e faleceu em 30/11/1935
em Lisboa, Portugal. Media 1m e 73cm de altura
Caríssimos, "Meus amigos
são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela
pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade
inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero
só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade
seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos
sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam
para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não
esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e
sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma
ilusão imbecil e estéril" Fernando Pessoa
O portal
Domínio Público disponibiliza para download a poesia completa de Fernando
Pessoa. O acervo contempla toda a obra conhecida do poeta português.