“Joguem esse lixo pela janela”. Frase captada
no áudio do avião da FAB que levava o ex-presidente Lula para Curitiba, no dia
7 de abril, esboça a intolerância a que chegou a compostura de uma sociedade
preconceituosa e prepotente. Pessoas que despejam a fúria, indiferentes aos
graus de reação, contra quem não gostam. Usam redes sociais e quaisquer meios e
comunicação para virilizar expressões baixas e alimentar um motivo para tal,
atenuando a uma pessoa a responsabilidade pela corrupção do País.
Nove anos aumentados de mais três para que não
haja prescrição. Punição por corrupção e lavagem de dinheiro, eis a razão. A
ordem é Lula fora das eleições. Ele, sabedor que o monopólio da imprensa e as
camadas mais abastadas o perseguiriam para não voltar à presidência da
República, ousaria em receber um apartamento, um sítio, em troca de benesses.
Isso o que passam para o povo. E é isso que incomoda os defensores da
democracia, é isso que nos faz reagir.
Sem documentos, sem provas, o presidente que
levou esperança aos pobres, aclamado mundialmente, está preso, enquanto os
defensores do golpe festejam, brindam a prisão do “chefe da quadrilha”,
esquecendo-se, ou fazendo de conta que não sabem, do bando que cometeu o maior
assalto ao País, o impeachment de uma presidenta honesta. Dilma poderia não
estar fazendo um bom governo, aceito, mas desde que assumiu a segunda gestão o
seu fim estava delineado. É fato.
Nós, repito, defensores da democracia, não estamos
sendo repetitivos ao tratarmos tamanha injustiça como julgamento político. O
golpe foi estrategicamente montado, seja nos Estados Unidos, na BOVESPA, na
FIESP, no congresso (nesse caso a comprovada compra de votos), estando o então
vice-presidente a par de tudo, pois seria a peça para transição até as eleições
sem Lula, uma vez que os processos estavam nas mãos de opositores do PT, alguns
com familiares egressos do PSDB.
Não houve surpresa durante o governo golpista:
entreguismo, engavetamento, corrupção e proteção a bandidos em meio à cegueira
da Justiça. Petrobras sendo vendida, mudanças nos projetos sociais, concessões
sem retorno ao Estado, mercado financeiro antecipando a taxa Selic, ou seja, um
desgoverno e uma impopularidade que eles não se preocupam. Porque Lula “está
fora”, preso feito bandido como eles, pagando por defender quem não pode cursar
faculdade, entrar em teatro, ter direito a Mais Médicos, porque o Brasil sempre
foi dominado por uma minoria hoje incomodada, que não aceita tantas derrotas
nas urnas.
J. Lucas Junior
Joguem Lula pela janela, milhões estarão lá
embaixo pegando-o, abraçando-o, sentimento que, pelo visto, carece àquelas
mentes maldosas. Lembremos de Dilma, que também foi jogada, das humilhações
contra a sua honra, lembremos da imprensa, que agora reclama da “violência”, ela
tão manipuladora de opiniões. Mas que tenhamos direito ao que nos é garantido
pela Constituição Federal, à plenitude de defesa e à questão da racionalidade,
para que o povo, nas urnas, responda aos que sentenciam a morte.
_J. Lucas Junior: Coordenador da Bibliolteca
Rodolfo Teófilo, escritor, autor do romance “Guerreiro sem Cor”.
“Moro
sonhou que a prisão de Lula seria sua própria consagração; em vez disso, levou
a imagem de Lula carregado pelo povo para todo o planeta. Os medíocres são
assim; se vêem como gigantes enquanto são esmagados pelos que realmente
conquistaram a grandeza.” Pablo Villaça
LULA PRESIDENTE
– LULA É A GENTE – LULA INOCENTE
LULA, GUERREIRO DO POVO BRASILEIRO
Lula é, historicamente, a face do operário na democracia
brasileira. A partir de seu governo, as possibilidades reais de minorias e
diversidades obterem oportunidades concretas na sociedade. E, principalmente,
matar a fome e a sede de seu povo, sem esquecer os países periféricos. #LulaLivre#LulaValeALuta
"Lula só será preso porque não aceitou as propostas dos EUA. Desde a venda do pré-sal até a não se curvar ao fim da Democracia, Lula vem resistindo às ordens do Tio Sam..."
Somos gado nesse imenso
curral Brasil, transformado em quintal dos EUA, manipulado pela mídia que
idiotiza e bestializa, tendo uma das elites mais estúpidas e medíocres do
planeta!
“Admirável Gado Novo”: forte crítica social
onde vemos expressados nela a luta de classes. A imposição e manutenção desse
modelo social através da alienação das massas, metaforizada na figura do gado!
ADMIRÁVEL GADO NOVO
DENÚNCIA SOCIAL NA MÚSICA “ADMIRÁVEL GADO NOVO” DE ZÉ RAMALHO: OS
MECANISMOS MASSIVOS DE ALIENAÇÃO
É o BRASIL!
Bordando para o Lula no Acampamento Lula Livre em Fortaleza, Praça da Justiça Federal
Marielle, Presente!
Casa de Amizade Brasil/Cuba-CE leva sua Tenda e seu apoio à Liberdade de Lula e à Democracia brasileira.
Casa de Amizade Brasil/Cuba - #LulaLivre - Fórum de Mulheres no Fisco
Nota de Apoio de Cuba ao Povo brasileiro foi lida no Acampamento Lula Livre em Fortaleza, Praça da Justiça Federal.
Gláucia Lima - Eunice Bezerra - Cléia Saraiva FMFi, Casa e FBP
Resistência: Essa é a palavra!
Fórum de Mulheres no Fisco - FMFi na Luta por Equidade e Democracia!
ATENÇÃO - O cidadão Luiz Inácio Lula da Silva foi atacado a tiros,
condenado em duas instâncias da Justiça em seis meses e está para ser preso
antes de o processo terminar. Enquanto isso, militares ameaçam dar golpe se a
Justiça favorecer Lula. Como disse Gilmar Mendes, essa perseguição mancha a
imagem do Brasil. A ONU reagiu hoje a essa perseguição!
Luta e Resistência ✊ Abrazos desde Brasil a nuestra más querida Cuba Besos 😍😘
"O que explica a escalada de violência na política brasileira é o ódio de uma elite arcaica que goza com a distinção."
"Dizem que sou
ingênuo por acreditar na inocência do presidente Lula. Mas ingênuo mesmo é quem
acredita na sua culpa. Lula teve:
- sigilo bancário
quebrado;
- sigilo fiscal quebrado;
- sigilo telefônico
quebrado;
- sua casa invadida e
todos os seus computadores e da sua família (até o tablet do neto) apreendidos;
- o Instituto Lula
invadido e todos os computadores apreendidos;
- investigação realizada
por empresas de auditoria e pesquisa de renome internacional contratada por
Moro para encontrar algo que o implique em qualquer esquema de corrupção antes,
durante ou depois do seu governo;
- dentre muitas outras
incursões invasivas que Moro promoveu nos últimos dois anos contra Lula...
Depois de três anos de
investigação intensa usando recursos milionários do Estado para encontrar uma
mísera prova material contra Lula, o que se tem:
- delações suspeitas (de
pessoas que já tinham sido presas e não tinham delatado Lula e
"resolveram" de uma hora para outra delatá-lo.
- um triplex que não está
no seu nome, no nome de ninguém da sua família, de ninguém das suas relações,
mas ao contrário, o imóvel continua no nome da OAS e sendo usado como garantia
de operações de crédito pela empresa. Se o imóvel não está sendo e nunca foi
usado por Lula e sua família e nem mesmo como patrimônio, que vantagem Lula
teria em ter um imóvel desse?
- ilações sem nenhuma
prova, nenhuma provinha sequer que possa garantir uma mínima culpabilidade a
ele.
Por outro lado:
- a mídia brasileira tem
mais 2 mil horas de matérias televisivas contra Lula nesses dois anos;
- são ao todo 32 capas de
revistas semanais com denúncias gravíssimas (sem nenhuma prova) contra Lula
nesses mesmos dois anos;
- são 3.2 mil metros de
matérias jornalísticas (sem nenhuma prova) contra Lula nos jornais diários
nesse período;
- Certamente o maior
linchamento midiático de que se tem conhecimento na história do Brasil depois
da era Vargas.
E eu sou o ingênuo???
Tá bom... vc é mesmo o
suprassumo da perspicácia e inteligência... já eu, um bobinho ingênuo sendo
enganado pelo bicho papão do Lula, que come criancinhas..."
_Helder
Molina (presidente da Mongeral) publicado em seu facebook
DEZ
CONSELHOS PARA MILITANTES DE ESQUERDA -
Frei BETTO
(serve para não religiosos também)
1. Mantenha viva a indignação.
Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda.
Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social
tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda a encara como
uma aberração a ser erradicada.
Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus
social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para
obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos
para não ficar mal com os grandes.
2. A cabeça pensa onde os pés pisam.
Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os
sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e
vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.
3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.
O escândalo da Inquisição não faz os cristãos
abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso
do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do
horizonte da história humana.
O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a
maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o
Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão,
com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao
socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e
educação a 1,2 bilhão de pessoas.
4. Seja crítico sem perder a autocrítica.
Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando
começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se
amargos e acusam os seus companheiros (as) de erros e vacilações. Como diz Jesus,
vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam
para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos,
são cooptados pelo sistema.
Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É
admitir ser criticado pelos (as) companheiros (as).
5. Saiba a diferença entre militante e
"militonto".
"Militonto" é aquele que se gaba de estar em
tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes.
Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.
O militante aprofunda seus vínculos com o povo,
estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação
ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.
6. Seja rigoroso na ética da militância.
A esquerda age por princípios. A direita, por
interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo: a liberdade, o emprego,
a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e
encarna. Presta um inestimável serviço à direita.
Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o
sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em
nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.
O verdadeiro militante, como Jesus, Gandhi, Che
Guevara, é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham
vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele
não se confunde com a função que ocupa.
7. Alimente-se na tradição da esquerda.
É preciso oração para cultivar a fé, carinho para
nutrir o amor do casal, "voltar às fontes" para manter acesa a
mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto) biografias,
como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe",
de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.
8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a
pretensão de acertar sem eles.
Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a
tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos
vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores
que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas
privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por
isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.
Um militante de esquerda jamais negocia os direitos
dos pobres e sabe aprender com eles.
9. Defenda sempre o oprimido, ainda que,
aparentemente, ele não tenha razão.
São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não
se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que
tiveram uma educação refinada.
Em todos os setores da sociedade há corruptos e
bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei
e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que
permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.
A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza
clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão
dos pobres.
10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.
Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus.
Muitas vezes, deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa
conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos
como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta.
Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência,
ensinando-nos a amar, assim como Jesus amava, libertadoramente.
Frei Betto é escritor, autor do romance "Entre
todos los hombres" (Editorial Caminos, La Habana), entre outros livros.
Fascismo
e Terrorismo foram minimizados e rebaixados a “hostilidade” pela mídia golpista
_Rodrigo
Perez Oliveira:
"Nada diz mais sobre o Brasil, sobre o que somos
há muito tempo, que a caravana de Lula pelo sul do país. Em terras sulistas,
por onde Lula passou foi hostilizado pela classe proprietária, pela elite da
terra.
Não!
Chamar de “hostilidade” é pouco.
O que aconteceu na etapa sulista da caravana “Lula
pelo Brasil” foi uma sucessão de atentados contra a vida de Lula e de seus
correligionários políticos. Começou com chicotadas, agressões e pedradas e
chegou, no último dia 27 de março, a tiros de arma de fogo.
Não foi ovo, não foi cocô. Foi tiro. Tiro de arma de
fogo.
Como entender essa escalada de violência na política
Brasileira?
Muitos falam em “fascismo”, termo que tem notória
força política e que por isso seu uso no debate público talvez tenha lá alguma
importância.
Mas estou convencido de que se quisermos fazer uma
interpretação mais rigorosa da realidade, o termo é equivocado, pois mais
confunde do que esclarece. Definir como “fascista” a escalada da violência na
política brasileira demandaria tantos reparos e observações para mostrar como o
“fascismo brasileiro” é diferente daquele “fascismo clássico” europeu de meados
do século XX que o próprio conceito perderia força explicativa.
Por isso, prefiro seguir uma via interpretativa
doméstica, tomando as manifestações de violência contra a caravana de Lula no
sul do Brasil como representativas daquilo que o Brasil é, do que sempre foi.
É este o meu esforço neste ensaio: tomo a violência
contra a caravana de Lula como ponto de partida para uma interpretação do
Brasil.
Começo, então, com a pergunta que não quer calar, com
a pergunta que, talvez, seja a mais importante de ser feita no atual momento da
história do Brasil:
Por que as elites brasileiras odeiam Lula?
Nem de longe Lula foi um Presidente revolucionário,
nem de longe relou no “sagrado” direito de propriedade privava. As elites
brasileiras não perderam dinheiro nos governos de Lula. Muito pelo contrário,
nunca ganharam tanto.
De onde vem todo esse ódio?
Não penso que seja necessária a importação de um
conceito específico da história europeia para a compreensão de uma realidade
que é tão brasileira quanto a jabuticaba. Não é fascismo não, não tem nada a
ver com fascismo.
O fascismo é moderno, é o desdobramento mais grotesco
da modernidade.
O ódio a Lula é arcaico, deita suas raízes nos velhos
valores aristocráticos, pré-modernos, na lógica da Casa Grande, em uma
racionalidade de tipo antigo.
Não é fascismo não. É o Brasil mesmo.
Sei que é difícil reconhecer, mas no fundo, bem no
fundinho, é só o velho Brasil de sempre. Em pouco mais de uma década de
bonança, nos enganamos, fomos ingênuos, achando que o Brasil estava mudando,
melhorando. Mudou não. Melhorou não. Tá igualzinho ao que sempre foi.
Não há como falar nessa atualização do “Brasil de
sempre” sem dedicar alguma atenção à “instituição Lula”.
Pois sim, o “homem Lula” já morreu e deu lugar a uma
instituição.
Lula é a maior instituição política da história do
Brasil. É tolo quem acha que uma instituição pode ser morta com uma bala ou com
uma facada. Todos os brasileiros e brasileiras terão que conviver com a
“instituição Lula” daqui para frente. Ninguém mais faz política no Brasil sem
passar por Lula, seja para negá-lo ou para reivindicar o seu legado.
Mas o que significa essa instituição?
Há pouco tempo, escrevi um ensaio sugerindo que no
final da década de 1990 aconteceu dentro do PT a “guinada lulista”, que teve
efeitos contraditórios para o maior partido político da história da esquerda
latino-americana: o lulismo, ao mesmo tempo em que catapultou o PT à chefia do
Poder Executivo, representou o seu colapso ideológico.
É que o lulismo aposta na conciliação de classes e ao
fazê-lo acaba negando o princípio da luta de classes, que é o núcleo da
identidade ideológica de qualquer partido que pretenda estar à esquerda.
O lulismo achou que era possível “ajudar os pobres sem
incomodar os de cima’, na certeira formulação de Marcelo Odebrecht.
No frigir dos ovos, essa conciliação seria mesmo
possível.
Com algum sacrifício da classe média e com uma
situação econômica relativamente favorável, seria possível distribuir renda
para os mais pobres sem contrariar os interesses dos grandes capitalistas.
Dinheiro no bolso do povão, expansão do crédito,
incentivo ao consumo, bancarização das relações comerciais, investimento na
exportação de commodities. Todo mundo saiu ganhando, ainda que uns tenham
ganhado mais que outros.
Com o boom do consumo, ganhou o capital produtivo.
Com a bancarização das relações comerciais, ganhou o
rentismo.
Com o micro-crédito, ganhou o pobre, que comprou
geladeira, TV de plasma e viajou de avião pra lá e pra cá.
A fórmula funcionou durante dez anos. O fator “Dilma
Rousseff” foi o principal elemento de desestabilização do sistema. Não foi o
único elemento, é claro que não. Mas foi o principal.
É que Dilma tensionou demais.
Dilma tensionou com o rentismo na batalha dos spreads,
tensionou com a classe política, quando acreditou que a “Operação Lava Jato”
seria de fato republicana.
O golpe de 2016 não foi exatamente contra o lulismo.
Foi contra o dilmismo.
Duvido que Lula cairia, duvido muito. Mas não é disso
que quero falar, não aqui, não agora.
O que estou querendo dizer é que pela lógica racional
do mercado, do capitalismo, não há nenhum motivo para as elites brasileiras
odiarem Lula.
Os donos de terra do sul do Brasil receberam muito
dinheiro do governo federal durante a Era Lula, pois a exportação das
commodities era o grande combustível econômico da conciliação lulista. Era
importante para o governo que os proprietários produzissem, vendessem,
ganhassem dinheiro.
Lula tratou
agronegócio com muito carinho, com muito carinho mesmo.
De onde vem esse ódio? Por que os proprietários
sulistas tentaram matar Lula? É por causa da corrupção?
Não, não tem nada a ver com corrupção. Há outros
políticos notoriamente corruptos que não despertam o mesmo ódio. Nunca é demais
lembrar que os mesmos que hoje odeiam Lula aplaudiram Eduardo Cunha e votaram
em Aécio Neves. O problema dessas pessoas nunca foi a corrupção.
O ódio é arcaico, é de tipo antigo.
Lula é o nordestino, trabalhador manual, homem de
berço plebeu que ousou governar.
Num país em que a política formal sempre foi assunto a
ser tratado entre iguais, entre oligarcas, Lula representa o radicalismo, ainda
que na posição de mandatário maior da República tenha sido bem tímido, talvez
até um tanto conservador.
É que o radicalismo de Lula independe de suas ações.
Lula é o próprio radicalismo, é o radicalismo em pessoa, não importa o que
faça, não importa o que deixe de fazer, não importa o quanto tente conciliar.
Com aquela “alma de pobre”, com aquelas escorregadelas
nas concordâncias e nos plurais, Lula jamais conseguirá conciliar por muito
tempo, pois para conciliar carece antes de ser aceito como mediador. Precisa
sentar à mesa.
O aristocrata não aceita sentar à mesa com o plebeu.
As elites brasileiras têm nojo de Lula, sempre
tiveram. Mesmo ganhando dinheiro durante o governo Lula, elas continuaram
sentindo nojo, odiando. É que para as elites brasileiras o mais importante não
é, exatamente, o dinheiro. O mais importante é a distinção.
Não importa se o aquecimento do consumo é positivo
para a cadeia produtiva. Quando a empregada usa o mesmo perfume que a patroa,
quando o filho do porteiro começa a estudar na universidade, é o regime da
distinção que está sendo abalado.
Patroa e empregada, sinhá e mucama, não podem ter o
mesmo cheiro. Não importa se a empregada “tirou” o tal perfume no cartão de
crédito, pra pagar em 12 suaves prestações. Não importa se a empregada, depois
da jornada de trabalho, vai sacolejar duas horas no trem e no ônibus para
chegar em casa, no outro lado da cidade.
O que importa é o cheiro, é o signo de distinção.
Não importa se o morador do 10° andar vai passear em
Paris nas férias, enquanto o porteiro vai visitar “mainha” em Santo Amaro. O
que importa mesmo é que quando começar o semestre, o filho do porteiro estará
lá, na mesma sala que filho do morador do 10° andar. Olhando de longe, bem de
longe, eles são iguais, são estudantes. O absurdo está aqui. O ódio vem daqui.
É isso: não tem nada a ver com fascismo. O que explica
a escalada de violência na política brasileira é o ódio de uma elite arcaica
que goza com a distinção.
Não é fascismo. O fascismo é a tragédia da Europa
moderna. Nossa tragédia é outra.
É a tragédia de uma sociedade de modernização incompleta,
forjada no escravismo e controlada por uma elite historicamente comprometida
com o atraso."
"Lula foi condenado por suas virtudes, não por seus eventuais pecados. Lula é imenso, do tamanho do Brasil. Lula é a história."
“Lula não foi condenado pelo “tríplex”. Lula foi
condenado quando decidiu que cada brasileiro deveria fazer três refeições por
dia. Lula foi condenado quando tirou o brasil do mapa da fome mundial. Lula foi
condenado quando milhões ascenderam socialmente. Lula foi condenado quando
decidiu que pobres poderiam chegar à universidade e às escolas técnicas. Lula
foi condenado quando a filha do pedreiro virou engenheira, o filho do garçom
virou advogado e o negro favelado deixou de ser bandido para ser médico:
invertendo, assim, a lógica dessa porra toda. Lula foi condenado quando começou
a dar show pelo mundo, no g-20, nas nações unidas e nos cambau a quatro. Lula
foi condenado quando investiu mais em educação e saúde que todos os outros
presidentes. Lula foi condenado quando investiu no nordeste brasileiro, sempre
esquecido. Lula foi condenado quando mostrou à elite deste país que um operário
sabia governar. Lula foi condenado quando alcançou 80% de aprovação popular.
Lula foi condenado por suas virtudes, não por seus eventuais pecados. Lula é
imenso, do tamanho do Brasil. Lula é a história."