“Quem
odeia de barriga cheia é o rico.”
Perfil do torcedor no Mineirão - jogo Brasil x Chile |
O maior desafio
enfrentado por aqueles que lutam, nas redes sociais, nos blogs, para desmontar
as armadilhas da mídia, é justamente salvar o maior percentual possível de
elementos da classe média do pesadelo mental e político em que vivem
mergulhados.
O Brasil vive a sua
melhor fase da sua história e a classe média, ao invés de se unir num pacto
político para continuarmos transformando o país, vai se juntar aos mesmos
bandidos da Casa Grande que nos saquearam durante séculos, que saquearam
inclusive a ela, classe média brasileira, durante os anos neoliberais?
Ou a classe média tem
saudades dos juros do cheque especial dos tempos de Armínio Fraga? Da gasolina
aumentando até três vezes por mês? Da falta de perspectiva profissional de seus
filhos?
A classe média tem
saudades de ver engenheiros dirigindo ônibus, ou na fila para um emprego de
gari?
A classe média tem
saudades de um tempo em que milhões morriam de fome? De um tempo em que o
governo não investia em infra-estrutura? Não construía portos, não expandia
aeroportos, não construía novas hidrelétricas? Nada, nada, nada. Apenas
privatizava o que já tínhamos, a preço vil, e ainda emprestando dinheiro
público aos compradores.
Não estou fazendo
nenhuma condenação à elite que adquiriu esses ingressos, e entendo a maior
parte dela é formada por uma classe média que antes pensa como elite do que é
realmente. Uma classe média que tem os preconceitos dos ricos, vota como os
ricos, mas é uma das primeiras a se dar mal quando a direita assume o poder.
Uma classe média que
não se assumiu como classe trabalhadora, mas que, como tal, deveria amar e
identificar-se com os trabalhadores humildes, que construíram os estádios e que
respondem, através de sua força de trabalho, por todo o bem estar de que eles
desfrutam.
Não, essa classe
média, por lavagem cerebral do andar de cima, fala e anda como se também
pertencesse ao Olimpo dos milionários, certamente na suposição de que, agindo
assim, terá um dia seu ingresso garantido em algum camarote vip no mundo
encantado da Casa Grande.
Os números da pesquisa
põem um ponto final na polêmica criada por Gilberto Carvalho, ao dizer que “não
foi apenas elite que xingou Dilma”.
Se nos estádios em
geral, o perfil sócio-econômico é extremamente elitista, na comparação com a
renda do povo brasileiro, está evidente que este perfil era ainda mais
acentuado no jogo de abertura, onde o ingresso era muito mais caro e muito mais
difícil de obter. Apenas os “bem relacionados”, os “vips”, ou os dispostos a
pagar pequenas fortunas, podiam estar ali.
Os pobres também estão
insatisfeitos com a presidente, Gilberto, porque querem mais, muito mais.
Talvez se o Itaquerão estivesse cheio de pobres, talvez também houvesse vaias à
presidente. Ou melhor, provavelmente não. Os pobres estariam felizes,
agradecidos pela oportunidade de estar ali.
Pobre tem ódio quando
está de barriga vazia, quando está sem casa, quando um filho seu é assassinado.
“Não
podemos responder o ódio com ódio.”
Numa democracia, a
guerra não é de combate, é de conquista. A luta é pelo esclarecimento, pela
informação, pelo direito do cidadão de fazer suas escolhas políticas com base
em dados concretos, e não em mentiras.
O período eleitoral
deste ano será, mais que nunca, filosófico, socrático. A luta principal será a
luta pela verdade, uma verdade que não está, definitivamente, nos editoriais
dos jornalões.
Mas que, por outro
lado, pode ser encontrada até mesmo na imprensa comercial, como vemos na pesquisa feita
pela Folha, desde que a notícia seja temperada por um olhar crítico
severo do leitor.
Pesquisa comprova
hegemonia da elite nos estádios.
Belo texto no Tijolaço analisa e comprova, estatisticamente, que o público nos estádios da Copa pertencem a uma elite.
Belo texto no Tijolaço analisa e comprova, estatisticamente, que o público nos estádios da Copa pertencem a uma elite.
Confirmou-se
estatisticamente uma coisa que a gente sabia, por ver na TV. E também por
razões financeiras óbvias, relativas ao preço dos ingressos.
A enquete realizada e publicada no jornal pela Folha, faz um retrato do que significa o tal “padrão Fifa”.
Ou do que tem sido o mundo.
Tudo é ótimo, fantástico, maravilhoso, sensacional.
Para poucos.
Os 60 por cento com renda superior a dez salários
mínimos no estádio são apenas 3% dos brasileiros na “vida real”. Quase a
metade deles, os que ganham acima de 20 salários-mínimos, não chegam a 1% dos
brasileiros. Os números estão ao lado, se você duvidar.
Os negros, mulatos, os pardos só são maioria, entre
os de camisa amarela, dentro das quatro linhas.
Nada mais do improviso, das arquibancadas de
concreto, da multidão se espremendo numa festa de gritos e suores, nem do
picolé que vinha rolando de mão em mão degraus acima ou abaixo, enquanto os
trocados seguiam o caminho inverso (quando não era o pobre do sorveteiro quem
vinha junto) daquele Mineirão de 150 mil lugares ou do Maracanã de 200 mil
almas em transe.
Por maior que seja a saudade daqueles tempos que eu
ainda tive a sorte de viver, o Brasil tornou-se uma sociedade de massas
gigantescas e seria simples banzo pretender que tudo fosse como era.
Até porque aquele “Maracanã” inclusivo era mais uma
atitude mental do que real, porque o Brasil era, muito mais que hoje, um
país de pouca ou nenhuma oportunidade para a imensa maioria, ainda que muitos
tenham conseguido ascender nos anos 40 e 50, embora se tenham tomado, em 64, as
devidas providências contra a petulância da patuleia de querer ter parte do seu
país, mesmo na antiga geral.
A realidade é que a televisão é, agora, o Maracanã
universal.
O nosso povo tem ódio ou raiva, sequer, de não
poder estar ali, em massa. Um pouco de frustração, talvez, por não estar, aos
gritos e paixões, transformando em feras esportivas os nossos jogadores, com a
força do atavismo que Nélson Rodrigues definiu como o de se atirar à bola como
quem se atira a um prato de comida.
Sérgio Porto, o Stanislau Ponte Preta, escreveu uma
vez que não acredita em patriotismo do sujeito que só pensa em si. Nós temos
uma elite que não tem fome, mas é “fominha”.
Por acaso algum deles recusou a oportunidade de
estar ali com a lenga-lenga que, em lugar de Copa, poderiam ter feito uns 20
hospitais e uma centena de escolas, um nada neste país continental?
O povão não é recalcado, é sofrido. E sabe
transformar este sofrimento em força e alegria.
Está se lixando para o Neymar ganhar uma fortuna,
desde que jogue bola como um moleque feliz.
Triste, em tudo isso, é que aquela parcela da elite
– ou uma parte dela, sejamos justos – não entende que são as imensas massas
deste país que lhe permitem viver os privilégios que tem de estar ali – e
também não há nada de errado em estarem – fruindo a delícia de viver este
momento de congraçamento mundial.
Se podemos amar os holandeses, os croatas, os
costarriquenhos, até os argentinos, porque não podemos amar os brasileiros
pobres e dar a eles o mesmo carinho e atenção que damos à Torre de Babel que
nos visita?
Por que é que tanta gente rica, ou bem remediada,
odeia quem lhe deu a chance de estar ali, olhando de perto, pertinho, aquilo
que bilhões só vêem por uma tela?
Será assim tão difícil entender que é o povo
brasileiro quem lhe trouxe a Copa, assim como é o povo brasileiro quem produz a
riqueza de que fruem e que sua miopia acha que brota do nada, apenas por sua
“capacidade inata”?
Quem acha que este país é “tudo de ruim” não pode
mesmo gostar dele o suficiente para entender que é da massa que vem a força de
qualquer grupo seleto, não o contrário.
Inclusive a que empurra os onze em campo.
O que talvez explique 20% de chilenos terem, em
alguns momentos, gritado mais que 80% de brasileiros.
E porque 80% dos brasileiros que têm muito pouco,
ao contrário deles, sejam capazes de dar, dar, dar a seu país muito mais do que
recebem dele.
__Fontes: Blogs
Tijolaço: http://tijolaco.com.br/blog/?p=18812
Tijolaço: http://tijolaco.com.br/blog/?p=18812
O Cafezinho: http://www.ocafezinho.com/2014/06/29/pesquisa-comprova-hegemonia-da-elite-nos-estadios-entendeu-agora-gilberto/
Comunidade pobre ao redor
do Castelão assistiu à 'elite' desfilar
“O Castelão reflete o
Brasil: uma arena moderna, de última geração, convivendo com uma das partes
mais pobres de Fortaleza.” Advogado paulista, Marco Aurélio Purini
“Gritei porque não
gosto dela e tem que ser agressivo mesmo”, assume Victor Hugo Batista de
Araújo, 33 anos, empresário paulista, em Fortaleza ao fazer questão de dizer
que foi um dos que ‘xingou’ Dilma no Itaquerão.
_Fonte: Folha/Uol na Copa:
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2014/06/1472042-comunidade-pobre-ao-redor-do-castelao-assistiu-a-elite-desfilar.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2014/06/1472042-comunidade-pobre-ao-redor-do-castelao-assistiu-a-elite-desfilar.shtml
Arena Castelão – Fortaleza/Ceará
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Eu fui ao Castelão,
fiz questão de ir ver um jogo da Copa na minha cidade, era Holanda x México,
pois queria ver e tirar minhas conclusões. Paguei (relativamente) caro, pois
ingresso que custava R$440,00, comprei de terceiros por R$600,00. Queria deixar
meu recado: #TôComDilma
e, foi o que fiz...
e, foi o que fiz...
Tô no Castelão, tô com
Brasil, tô com Dilma
Jogo da Copa pelas oitavas: Holanda x México Gláucia LIma |
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