sexta-feira, 20 de junho de 2014

Quem envergonhou o Brasil aqui e lá fora? _Leonardo Boff

Pertence à cultura popular do futebol a vaia a certos jogadores, a juízes e eventualmente a alguma autoridade presente. Insultos e xingamentos com linguagem de baixo calão que sequer crianças podem ouvir é coisa inaudita no futebol do Brasil. Foram dirigidos à mais alta autoridade do pais, à Presidenta Dilma Rousseff, retraída nos fundos da arquibancada oficial.

Esses insultos vergonhosos só podiam vir de um tipo de gente que ainda têm visibilidade do pais, “gente branquíssima e de classe A, com falta de educação e sexista’ como comentou a socióloga do Centro Feminista de Estudos, Ana Thurler.

Quem conhece um pouco a história do Brasil ou quem leu Gilberto Freyre, José Honório Rodrigues ou Sérgio Buarque de Holanda sabe logo identificar tais grupos. São setores de nossa elite, dos mais conservadores do mundo e retardatários no processo civilizatório mundial, como costumava enfatizar Darcy Ribeiro, setores que por 500 anos ocuparam o espaço do Estado e dele se beneficiaram a mais não poder, negando direitos cidadãos para garantir privilégios corporativos. Estes grupos não conseguiram ainda se livrar da Casa Grande que a tem entrenhada na cabeça e nunca esqueceram o pelourinho onde eram flagelados escravos negros. Não apenas a boca é suja; esta é suja porque sua mente é suja. São velhistas e pensam ainda dentro dos velhos paradigmas do passado quando viviam no luxo e no consumo conspícuo como no tempo dos príncipes renascentistas.

Na linguagem dura de nosso maior historiador mulato Capistrano de Abreu, grande parte da elite sempre “capou e recapou, sangrou e ressangrou” o povo brasileiro. E continua fazendo. Sem qualquer senso de limite e por isso, arrogante, pensa que pode dizer os palavrões que quiser e desrespeitar qualquer autoridade.

O que ocorreu revelou aos demais brasileiros e ao mundo que tipo de lideranças temos ainda no Brasil. Envergonharam-nos aqui e lá fora. Ignorante, sem educação e descarado não é o povo, como costumam pensar e dizer. Descarado, sem educação e ignorante é o grupo que pensa e diz isso do povo. São setores em sua grande maioria rentistas que vivem da especulação financeira e que mantém milhões e milhões de dólares fora do país, em bancos estrangeiros ou em paraísos fiscais.

Bem disse a Presidenta Dilma: “o povo não reage assim; é civilizado e extremamente generoso e educado”. Ele pode vaiar e muito. Mas não insulta com linguagem xula e machista a uma mulher, exatamente aquela que ocupa a mais alta representação do país. Com serenidade e senso de soberania pessoal deu a estes incivilizados uma resposta de cunho pessoal: ”Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do rumo”. Referia-se às suas torturas sofridas dos agentes do Estado de terror que se havia instalado no Brasil a partir de 1968. O pronunciamento que fez posteriormente na TV mostrou que nada a tira do rumo nem a abala porque vive de outros valores e pretende estar à altura da grandeza de nosso país.

Esse fato vergonhoso recebeu a repulsa da maioria dos analistas e dos que saíram a público para se manifestar. Lamentável, entretanto, foi a reação dos dois candidatos a substituí-la no cargo de Presidente. Praticamente usaram as mesmas expressões, na linha dos grupos embrutecidos: ”Ela colhe o que plantou”. Ou o outro deu a entender que fez por merecer os insultos que recebeu. Só espíritos tacanhos e faltos de senso de dignidade podiam reagir desta forma. E estes se apresentam como aqueles que querem definir os destinos do país. E logo com este espírito! Estamos fartos de lideranças medíocres que quais galinhas continuam ciscando o chão, incapazes de erguer o voo alto das águias que merecemos e que tenham a grandeza proporcional ao tamanho de nosso país.

Um amigo de Munique que sabe bem o português, perplexo com os insultos comentou: ”nem no tempo do nazismo se insultavam desta forma as autoridades”. É que ele talvez não sabe de que pré-história nós viemos e que tipo de setores elitistas ainda dominam e que de forma prepotente se mostram e se fazem ouvir. São eles os principais agentes que nos mantém no subdesenvolvimento social, cultural e ético. Fazem-nos passar uma vergonha que, realmente, não merecemos.

_Leonardo Boff, Professor Emérito de Ética, Filósofo e Escritor.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Neurocientista teve Lula como aliado na luta para levar paraplégico e dar 1º chute na abertura da Copa

Explicado o descaso do PiG e a imagem que a Globo não mostrou...

“Milagre em campo
A incrível história do neurocientista que se aliou a Lula e brigou com meio mundo para fazer um paralítico levantar e andar na festa de abertura da Copa.” 
_ Capa da Superinteressante ed. 334 = junho/2014
Paraplégico chuta bola com exoesqueleto de Nicolelis, mas quase ninguém viu
O brasileiro paraplégico Juliano Pinto, de 29 anos, chutou a Brazuca na abertura da Copa do Mundo de 2014, em São Paulo, nesta quinta-feira (12). Mas quase ninguém viu. A transmissão ao vivo estava na festa e, de repente, mostrou o chute, com a bola já em movimento, e o homem em pé com braço erguido. Um segundo, e a câmera voltou para a festa.
O momento esperado da ciência demonstra o exoesqueleto - uma estrutura metálica que dá sustentação ao corpo e reage a comandos do cérebro, como andar e chutar - criado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. O estudo iniciado em 2001 tem sua primeira exibição pública.
Ainda serão publicados os estudos científicos que embasam e explicam a tecnologia usada para fazer com que uma pessoa que não consegue movimentar os membros por uma ruptura na medula possa, com impulsos do cérebro, comandar uma estrutura robótica.
Na internet, muitas pessoas reclamaram da pouca exibição, que não mostrou o paciente levantar da cadeira de rodas, andar e chutar a bola, como havia sido intensamente prometido. A TV Globo tentou, depois, se redimir ao reprisar e narrar o chute, mas como não havia mais imagens gravadas, não conseguiu mostrar o paciente andando e chutando a bola. No pouco mais de 1 segundo, só é possível ver um pequeno movimento e a bola já em movimento.
Nicolelis não comentou as críticas à má exibição de sua pesquisa e apenas comemorou na rede social: "Nós conseguimos", disse em inglês. Em entrevista ao Jornal Nacional, o pesquisador afirmou que a Fifa disponibilizou apenas 15 segundos para seus anos de pesquisa e que a TV não registrou.
Em comunicado, ele disse: "Foi um grande trabalho de equipe e destaco, especialmente, os oito pacientes, que se dedicaram intensamente para este dia. Coube a Juliano usar o exoesqueleto, mas o chute foi de todos. Foi um grande gol dessas pessoas e da nossa ciência".
O presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia), Glauco Arbix, disse estar satisfeito com a demonstração: "A Finep se orgulha de ter investido R$ 33 milhões no projeto Andar de Novo, que vem sendo desenvolvido há cerca de dez anos. Foi um verdadeiro gol da ciência brasileira, que mostrou para o mundo do que é capaz. Acompanhamos os testes do exoesqueleto e sempre tivemos a melhor expectativa possível, e isso foi confirmado hoje".

PARAPLÉGICO CHUTA A BRAZUCA COM EXOESQUELETO DE NICOLELIS

Segundo o pesquisador, os testes foram concluídos com sucesso no último dia 28 de maio: "o exoesqueleto, sobre comando da atividade cerebral de um operador, realizoumovimentos naturais e fluidos que produziram, em todos os pacientes, a sensação de que eles estavam caminhando com as próprias pernas".
Oito pacientes da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) testaram o exoesqueleto desde janeiro de 2014. Juliano, o escolhido, é atleta de Gália (SP) e teve a lesão causada por acidente de carro em 2006. Também participaram dos testes: Bruno Rodrigues, 26 anos, atleta de Salto (SP), com lesão por acidente de moto em 2008; Carlos Eduardo de Oliveira, 32 anos, de Santo André (SP), com lesão por arma de fogo em 2009; Éric Vlatkovic, de 36 anos, de São Paulo (SP), com lesão por queda de altura em 2011; Patrícia Lopes Pimentel, de 29 anos, autônoma e estudante de São Paulo (SP), com lesão por atropelamento em  2003; Raimundo Reis de Macedo, de 38 anos de São Paulo (SP), com lesão por acidente de moto em 2009; Sheila Batista, de 31 anos, autônoma de São Paulo (SP), com lesão por queda de altura em 2001; e Yves Carbinatti, de 27 anos, atleta de Rio Claro (SP), com lesão por acidente de carro em 2008.
O projeto
A interface cérebro-máquina é feita por meio de uma touca com eletrodos que captam os sinais elétricos do couro cabeludo, com a técnica do eletroencefalograma (EEG), de forma não invasiva. De acordo com Nicolelis, esse procedimento é suficiente para impulsionar, com o exoesqueleto, a realização de movimentos de membros inferiores. Os sinais cerebrais dos pacientes que usaram o exoesqueleto foram processados em tempo real, decodificados e utilizados para mover condutores hidráulicos.
O Projeto Andar de Novo é um consórcio formado por universidades e institutos de pesquisa do mundo todo, sob o comando científico do neurocientista brasileiro. O objetivo do projeto é desenvolver uma tecnologia de interface cérebro-máquina que permita a pessoas com mobilidade restringida – como paraplégicos – voltar a andar usando a mente para controlar um equipamento externo, que substituiria os membros inferiores. 

Tudo sobre o projeto  e vídeos no link
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2014/06/12/paraplegico-anda-com-exoesqueleto-de-nicolelis-e-da-chute-na-copa.htm



_fonte: UOL Notícias 

domingo, 15 de junho de 2014

O que é o Amor?!

Gláucia Lima

Quando o poeta afirma que “o amor é a coisa mais triste quando se desfaz...”, fala com a certeza de que nada é mais profundo que o sentimento de amor entre seres.

Não este amor de folhetins de novelas, adocicado e passional. Fala de sentimento sério, honesto, prazeroso e respeitoso. Que valoriza as realizações do outro, por menores que sejam.

Que apoia o outro nas dúvidas e incertezas. Que está junto nos instantes de glória e fracasso, apoiando, incentivando e compartilhando. Que é companhia, amizade e amante.
Que troca presentes sem motivos, que ouve música e dança junto com alegria e emoção. Caminha, pedala e vê no suor do outro a conquista do desafio... valoriza pequenas e grandes habilidades. Repousa junto ou separado, mas não esquece palavras leves, suaves e os toques de carinho. Compreende o silêncio na busca da inspiração ou gestos simples, de meditação. Traça planos e projetos. Respeita a história individual, presente ou passada. E, não permite que as histórias os invadam e prejudiquem. Viajar, para longos e próximos recantos do Planeta. E, sem essa "lorota" de envelhecer juntos... afinal, juntos e felizes não se envelhece; só os anos passam! O amor não faz do outro "remendo ao coração"...
No entanto, quando Maiahóvshi  proferiu estas sábias assertivas, de que “Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor.”, concordo e vou mais além: quando se concorda em tudo com a outra pessoa envolvida da relação, desconfio que alguém está se anulando. Freud já sentenciou: "Se dois indivíduos estão sempre de acordo em tudo, posso assegurar que um dos dois pensa por ambos".


Porque o amor, amor mesmo, é encontrar no outro a razão de viver e de amar em paz”.
Amor é encontrar a felicidade com o outro, é ser feliz com o outro!

♫ O Amor Em Paz 

Gal Costa - http://www.cifras.com.br/site/radio.htm?idm=85417

composição de Vinicius de Moraes e Antônio Carlos Jobim
Eu amei, e amei, ai de mim, muito mais que devia amar
Eu chorei ao sentir que iria sofrer e me desesperar
Foi então, que da minha infinita tristeza aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver e de amar em paz
E não sofrer mais, nunca mais 
Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz
O amor e a coisa mais triste quando se desfaz

sábado, 14 de junho de 2014

Chico Buarque critica mídia recalcada

Admirável cidadão! Fala aí, Chico:


"A VERDADE É QUE antes do PT chegar ao poder teve uma turma que ficou 500 anos mandando aqui no Brasil e esse país se tornou um 'paíseco' de 5º mundo. Entramos na década de 80 ainda sendo uma república das bananas, governados por ridículos generais sem voto, ditadores golpistas assassinos e ignorantes, que “preferiam cheiro de cavalo a cheiro de povo“. Aí finalmente vem um partido que faz o Brasil avançar, tira nossa coleira dos USA, da um pé no traseiro do FMI, alça o país a 6ª economia do mundo fazendo o PIB saltar de 1 para mais de 2,4 trilhões em uma década, tira 50 milhões de brasileiros da pobreza, cria uma nova classe média de mais de 100 milhões com emprego, renda, carteira assinada e conta no banco... Enfim, avanços EXTRAORDINÁRIOS em uma década ! Mas a mídia, conservadora e recalcada, sabota e cria um clima de que estamos "a beira do abismo". E tem gente que vai na onda e não lembra do nosso passado medíocre..."
...enquanto os CALHORDAS, na moita, ainda se gabam em redes sociais de vaiar a Presidenta, eu parafraseio Chico Buarque: "os mais ricos podem não gostar da Dilma, mas suas empregadas e empregados gostam".

*blog Ser ¡Voz! Chico Buarque apoia Genuíno e recebe apoio e críticas em redes sociais 
http://glaucialimavoz.blogspot.com.br/2013/09/chico-buarque-apoia-genuino-e-recebe.html

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Emma Goldman - escritora, feminista, sindicalista, antimilitarista, ativista anarquista e oradora

- uma livre pensadora ou uma "mulher rebelde"?
Ela desenvolveu novas formas de incorporar políticas de gênero no anarquismo, escrevia sobre a emancipação da mulher, problemas sociais e a luta sindical. Emma Goldman também defendeu o direito dos gays e lésbicas a se relacionarem como desejassem e condenou o medo e o estigma associado com a homossexualidade. Como muitas das feministas da atualidade, ela entendia o aborto como uma trágica consequência das condições sociais, e o controle de natalidade como uma alternativa positiva.
Goldman falou e escreveu extensivamente sobre um amplo escopo de assuntos. Enquanto rejeitava a ortodoxia e o pensamento fundamentalista, contribuiu também para diversos campos da filosofia política moderna. Ela foi influenciada por muitos pensadores e escritores, incluindo Mikhail BakuninHenry David ThoreauPiotr KropotkinRalph Waldo EmersonNikolai Chernyshevsky, e Mary Wollstonecraft. Outro filósofo que influenciou Goldman foi Friedrich Nietzsche. Em sua autobiografia ela escreveu:
"Nietzsche não foi um teórico social, mas um poeta, um rebelde e inovador. Sua aristocracia não era por nascimento ou dinheiro; era em espírito. A esse respeito Nietzsche era um anarquista, e todos os verdadeiros anarquistas foram aristocratas."
—em Anarquismo, p. 62.


escritora, feminista, sindicalista,
antimilitarista, ativista anarquista e oradora
"ideias e ideais pelos quais ela lutou por toda sua vida: liberdade de expressão, liberdade sexual, igualdade racial e independência, pelo direito de organizarmo-nos em nossos trabalhos e em nossas próprias vidas, ideias e ideais pelos quais continuamos lutando, mesmo hoje".
Emma Goldman nasceu em Kaunas, parte da Lituânia contemporânea.
Emma Goldman nasceu em Kaunas, dia 27 de junho de 1869  faleceu em Toronto, há 14 de maio de 1940
Goldman tornou-se uma renomada ensaísta de filosofia anarquista e escritora, escrevendo artigos anticapitalistas bem como sobre a emancipação da mulher, problemas sociais e a luta sindical.
Goldman foi presa várias vezes nos anos que se seguiram, por "incentivar motins" e ilegalmente distribuir informações sobre contracepção.3 Em 1906, Goldman fundou o jornal anarquista Mother Earth (Mãe Terra).
“O capitalismo sabe corromper aqueles que deseja destruir.” Emma Goldman
Emma ficou conhecida por seu ativismo, seus escritos políticos e conferências que reuniam milhares de pessoas nos Estados Unidos. Teve um papel fundamental no desenvolvimento do anarquismo na América do Norte na primeira metade do século XX.
Enquanto viveu em Inglaterra, Canadá e França escreveu uma autobiografia chamada Vivendo Minha Vida (Living My Life).5 Com o início da Guerra Civil Espanhola, em 1936, Emma, já com mais de 60 anos, viajou até a Espanha para apoiar a Revolução Anarquista.
Durante sua vida, Goldman foi celebrada por seus admiradores, como uma livre pensadora e "mulher rebelde", e achincalhada pelos adversários, como sendo defensora de assassinatos políticos e revoluções violentas. Seus escritos e conferências abrangeram uma variedade de assuntos, incluindo o sistema prisional, ateísmo, liberdade de expressão, militarismo,capitalismo, casamento e emancipação das mulheres. Também desenvolveu novas formas de incorporar políticas de gênero no anarquismo.
“Em uma sociedade sustentada pela mentira, qualquer expressão de verdade é vista como loucura.” Emma Goldman
Após décadas de obscuridade, nos anos 1970 a vida e a obra de Emma Goldman voltaram a ser reconhecidas na medida em que acadêmicas, feministas e anarquistas passaram a se interessar por ela. Este interesse implicou uma nova onda de divulgação de seu legado, com publicações de seus artigos e livros sendo relançados, e citações e imagens suas sendo estampadas em camisetas e cartazes.
É creditada a ela diversos ditos marcantes do anarquismo entre estes a famosa frase que diz - "Se não posso dançar, não é minha revolução" - capaz de definir de maneira simples a ideia anarquista de liberdade.


Feminismo

Ainda que fosse hostil a primeira onda do feminismo e seus objetivos sufragistas nos Estados Unidos, Emma Goldman defendia apaixonadamente a emancipação das mulheres, e é hoje considerada uma das fundadoras do anarcofeminismo, que se contrapõe tanto ao patriarcado como também à hierarquia se manifeste ela em divisões de classe ou na estrutura do estado. Em 1897 ela escreveu:
"Busco a independência da mulher, seu direito de se apoiar; de viver por sua conta; de amar quem quer que deseje, ou quantas pessoas deseje. Eu busco a liberdade de ambos os sexos, liberdade de ação, liberdade de amor e liberdade na maternidade." Emma Goldman
Um enfermeira por profissão, ela era desde cedo uma defensora da educação das mulheres com relação aos métodos contraceptivos. Como muitas das feministas da atualidade, ela entendia o aborto como uma trágica consequência das condições sociais, e o controle de natalidade como uma alternativa positiva. Goldman também defendia o amor livre, e realizou uma forte crítica do casamento. Ela viu nas feministas que lhe precederam uma perspectiva confinada em seu escopo e limitadas por forças sociais do puritanismo e do capitalismo. Escreveu:
"Temos a necessidade de libertarmo-nos das velhas tradições e hábitos. O movimento para a emancipação feminina desde então conseguiu dar apenas o primeiro passo nesta direção."
—Goldman, Anarchism, p. 224.
Goldman em meio a multidão na Union Squareem 1916,
chamando os trabalhadores desempregados
a abraçarem a 
ação direta ao invés de dependerem
da caridade dos ricos ou da ajuda do governo
.
Homossexualidade
"Ela foi a primeira e única mulher, e mesmo a primeira e única americana, a se levantar em defesa do amor homossexual antes do público em geral" 
Goldman foi também uma dura crítica da perseguição aos homossexuais. Ela acreditava que a libertação sexual deveria se estender às demandas dos gays e lésbicas que virtualmente não eram sequer ouvidos em sua época, mesmo pelos anarquistas. Como Magnus Hirschfeld escreveu, "Ela foi a primeira e única mulher, e mesmo a primeira e única americana, a se levantar em defesa do amor homossexual antes do público em geral" Em inúmeras conferências e cartas ela defendeu o direito dos gays e lésbicas a se relacionarem como desejassem e condenou o medo e o estigma associado com a homossexualidade. Como Goldman escreveu em uma carta para Hirschfeld, "É uma tragédia, sinto que essas pessoas de tipo sexual distinto são lançadas em um mundo que mostra tão pouca compreensão com relação aos homossexuais e é tão rudemente indiferente às várias gradações e variações de gênero em sua grande significação na vida."
Liberdade de expressão
Anarquismo luta pela liberação da mente humana do domínio da religião. Pela liberação do corpo humano do domínio da propriedade. Pela liberação das cadeias e restrições governamentais. O anarquismo luta por uma ordem social baseada na livre associação dos indivíduos.” Emma Goldman
Como anarquista, Goldman atuou em inúmeras causas relacionadas às liberdades humanas, especialmente no que se refere à liberdade de expressão. Constantemente perseguida por sua defesa do anarquismo bem como por sua oposição a Primeira Guerra Mundial, Goldman foi ativa no movimento por liberdade de expressão no início doséculo XX, vendo nesta forma de liberdade uma necessidade fundamental para atingir a mudança social. Sua defesa incansável de seus ideais e suas colocações frente as inúmeras prisões que sofrera inspirariam toda uma geração de ativistas pró liberdades civis, entre eles Roger Baldwin, um dos fundadores da União Americana Por Liberdades Civis.
O movimento feminista do final da década de 1960 e da década de 1970, que "redescobriu" Emma Goldman, foi acompanhado pela ressurgência do movimento anarquista, o que também chamou a atenção dos pesquisadores para os anarquistas do início do século XX. O crescimento do feminismo também suscitou uma valorização do trabalho filosófico de Goldman por parte de estudiosos que passaram a destacar a sua significativa contribuição teórica para o anarquismo de seu tempo. Goldman acreditava, por exemplo, em uma estética anarquista, cuja influência podia ser percebida nas artes. Simultaneamente, a ela foi creditado o pioneirismo na abordagem de um amplo espectro de questões sociais - desde as liberdades sexuais e dos direitos reprodutivos à liberdade de expressão e ao movimento anti-carcerário.
"Se não posso dançar não é minha revolução." Emma Goldman
Emma Goldman se uniu a Margaret Sanger* em sua cruzada para
que as mulheres tivessem
acesso a 
controle de natalidade;
ambas foram presas por
violarem a 
lei de Comstock.
*Margaret Sanger ironicamente era contrária ao aborto, mesmo sendo a responsável pela primeira clinica de aborto dos Estados Unidos, ela o considerava muito perigoso para as mulheres, além de ser ilegal na época. Seus esforços no sentido da contracepção, que incluíram a obtenção de financiamento para pesquisas que levariam à criação da pílula, tinham como foco tornar o aborto menos necessário.
Ao fundar a Liga Americana de Controle de Natalidade, em 1921, com vista a tornar o planejamento familiar mais acessível à classe média, ela incorporou aos princípios fundadores os seguinte dizeres.
Nós sustentamos que as crianças devem ser (1) Concebidas em amor (2) Nascidas de um desejo consciente da mãe (3) E geradas apenas em condições que possibilitem uma descendência sadia. Assim, sustentamos que toda mulher deve possuir a liberdade e o poder de prevenir a concepção até que essas condições sejam satisfeitas.
Emma Goldman sentada em
um bonde no qual há uma
 propaganda militar pró-alistamento
 com a imagem do Tio Sam.
Goldman foi presa por dois anos
por se opor ao alistamento 
militar durante a Primeira Guerra.
Berkman e ela organizaram a Liga Anti-Alistamento (No Conscription League) de Nova Iorque, que declarava: "Nos opomos ao alistamento porque somos internacionalistas, antimilitaristas, e contra todas as guerras perpetradas por governos capitalistas."
Em 15 de julho de 1917, Goldman e Berkman foram presos durante uma batida em seus escritórios de onde "um vagão carregado de gravações e propaganda anarquista" foi apreendido pelas autoridades. O New York Times reportou que Goldman pedira para colocar um figurino mais adequado, e aparecera em um vestido de "púrpura real". A dupla foi processada por conspiração por "induzir pessoas a não se alistarem" sob o recentemente aprovado Ato de Espionagem de 1917, tendo que pagar uma fiança de 25 mil dólares cada um. Defendendo a ela e a Berkman durante seu julgamento, Goldman evocou a Primeira Emenda, perguntando como o governo podia clamar estar lutando por democracia no estrangeiro enquanto suprimia a liberdade de expressão em casa?
Afirmamos que se os Estados Unidos entraram na guerra para fazer o mundo seguro para a democracia, eles precisam primeiro assegurar a democracia nos Estados Unidos. De que outra forma o mundo poderia levar os Estados Unidos com seriedade, quando a democracia em casa é diariamente ultrajada, a liberdade de expressão suprimida, e assembleias pacíficas interrompidas por gangsters brutais e autoritários de uniforme; quando a liberdade de imprensa é restringida todas as opiniões independentes são sufocadas? De fato, pobre como somos em democracia, como podemos oferecê-la ao mundo?

Na década de 1930, os livros de Emma Goldman encontravam-se traduzidos para um grande número de idiomas, haviam se tornado fonte de inspiração para novas gerações de anarquistas, radicais e revolucionários não só nos Estados Unidos, mas nos quatro cantos do mundo. Em 1934 o escritor chinês Ba Jin publicou seu livro O Geral, ou Confissões - O Clamor da Meu Espírito (The General, or Confessions - The Outcry of My Soul) dedicando-o a Emma Goldman.135
Em sua carinhosa dedicatória, este que viria a ser reconhecido mais tarde como um dos maiores escritores da China, reconheceu a importância de Emma Goldman em sua trajetória e escolhas, conferindo a libertária o mérito de tê-lo "despertado aos 15 anos de idade, salvando-o de um desastre"
O grande escritor e libertário
chinês, 
Ba Jin, em 1938,
para quem desde a adolescência,
Emma Goldman foi fonte
de inspirações e reflexões.
Quando os eventos que precederam a Segunda Guerra Mundial começaram a se desenrolar na Europa, Goldman reinteirou sua oposição à guerras levadas a cabo por governos. "Por mais que eu abomine Hitler, Mussolini, Stalin e Franco," ela escreveu a um amigo, "não poderia apoiar uma guerra contra eles por democracias que, em última análise, são apenas regimes fascistas disfarçados.”
O túmulo de Emma Goldman
no cemitério German Waldheim.
As datas gravadas estão incorretas.
No sábado de 17 de fevereiro de 1940, Goldman sofreu um derrame cerebral debilitante, ficando paralisado todo seu lado esquerdo, e ainda que sua audição não tenha sido afetada, ela não mais conseguia falar. Como descrita por um amigo: "Só de pensar que lá estava Emma, a grande oradora da América, incapaz de pronunciar uma palavra." Nos três meses seguintes houve uma aparente melhora, e Emma recebendo visitantes em uma ocasião, foi capaz de apontar para seu livro de endereços para indicar para um amigo possíveis contatos que o auxiliariam durante uma viagem para o México.
No dia 8 de maio ela sofreu mais um sério derrame. Seis dias depois, no dia 14 daquele mesmo mês, Emma Goldman morreu na cidade de Toronto, Canadá. Frente a pressão da opinião pública, o Serviço de Naturalização e Imigração estadunidense permitiu que seu corpo fosse trazido de volta aos Estados Unidos para ser velado e enterrado.
Os restos mortais de Emma Goldman foram enterrados no cemitério German Waldheim, em Forest Park, Illinois, um subúrbio deChicago. Neste mesmo cemitério estão localizados os túmulos de outros anarquistas, ativistas sociais e sindicais, entre estes os túmulos de August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer, George Engel e Louis Lingg - libertários mortos e executados em consequência da revolta de Haymarket em maio de 1886.
uma livre pensadora ou
uma "mulher rebelde"?
Goldman tornou-se bem conhecida durante sua vida, descrita entre outras formas como - "a mulher mais perigosa da América". Após sua morte e na metade do século XX, sua fama entrou em declínio. Estudiosos e historiadores do anarquismo enxergaram nela uma grande ativista e oradora, mas não reconheceram seu esforço teórico e filosófico da mesma forma que o fizeram com figuras como a de Piotr Kropotkin.
Uma das imagens mais conhecidas de
Emma Goldman, vista em
camisetas e stencils,
geralmente acompanhada
por suas citações.
Em 1970, A editora Dover Press relançou a biografia de Goldman, Vivendo Minha Vida (Living My Life), e em 1972, a escritora feminista Alix Kates Shulman publicou uma compilação dos escritos e discursos de Goldman sob o título As Falas de Red Emma (Red Emma Speaks). Estes trabalhos levaram a vida de Emma Goldman e suas reflexões para uma ampla audiência, e ela foi particularmente iconizada pelas feministas da segunda metade do século XX. Em 1973 Shulman recebeu um pedido de um de seus amigos editores para uma citação de Goldman para ser grafada em uma camiseta. Ela lhe enviou um trecho do Vivendo Minha Vida sobre "o direito de auto-expressão, o direito de todos à beleza, coisas radiantes"; fazia parte dele uma de suas mais famosas citações: "Se não posso dançar, esta não é minha revolução." Ainda que haja dúvidas frente ao fato de Goldman ser ou não a autora deste dito, na opinião de muitos libertários ele parece conter a essência de sua crença na liberdade pessoal e na auto-expressão. Variações desta fala têm aparecido em centenas de camisetas, broches, cartazes, stencils, panfletos, canecas de café, chapéus, e outros itens.