domingo, 29 de setembro de 2013

Outubro Rosa - Como surgiu

O movimento popular internacionalmente conhecido como Outubro Rosa começou nos Estados Unidos, onde várias unidades federativas tinham ações isoladas referentes ao câncer de mama no mês de outubro. Posteriormente, o movimento teve a aprovação do Congresso Americano e outubro se tornou o mês nacional (americano) de prevenção do câncer de mama.
A história do Outubro Rosa remonta à última década do século 20, quando o laço cor-de-rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da Primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em 1990 e, desde então, promovida anualmente na cidade (www.komen.org).
Em 1997, entidades das cidades de Yuba e Lodi, nos Estados Unidos, começaram efetivamente a comemorar e fomentar ações voltadas à prevenção do câncer de mama denominadas de Outubro Rosa. Todas as ações eram e são até hoje direcionadas à conscientização da prevenção pelo diagnóstico precoce. 
Para sensibilizar a população, inicialmente as duas cidades tiveram seus principais locais públicos enfeitados com laços rosa. Depois, surgiram outras ações como corridas, desfiles de moda com sobreviventes (de câncer de mama), partidas de boliche (www.pink-october.org), etc. 

A ação de iluminar de rosa monumentos, prédios, pontes, teatros e outros equipamentos públicos surgiu posteriormente, mas não há informação oficial sobre quando e onde teria sido a primeira iluminação. O importante é que essa ação fez com que o marketing do Outubro Rosa se expandisse rápida e eficazmente junto à população e, principalmente, permitiu que o modelo fosse replicado em qualquer lugar, bastando apenas adequar a iluminação já existente.
A popularidade do Outubro Rosa alcançou o mundo de forma abrangente, agregadora e feminina, motivando e unindo diversos povos em torno da nobre causa.  A partir daí, a iluminação rosa adquiriu importante papel na causa do câncer de mama por sua leitura visual facilmente compreendida em qualquer lugar no mundo. 
No Brasil

A primeira iniciativa brasileira foi a iluminação em rosa do monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista (Obelisco do Ibirapuera), em São Paulo-SP, em 2 de outubro de 2002, na comemoração dos 70 Anos de Encerramento da Revolução. O monumento ficou iluminado de rosa “num período efêmero” como relembra o secretário da Sociedade Veteranos de 32 – MMDC, o Coronel PM (reformado) Mário Fonseca Ventura. A iniciativa foi de um grupo de mulheres com o apoio de uma conceituada empresa de cosméticos.
Em maio de 2008, numa homenagem ao Dia das Mães e Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama em São Paulo, comemorado no terceiro domingo de maio, o Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama, iluminou de rosa a Fortaleza da Barra, região da Baixada Santista. O objetivo era alertar para a causa do câncer de mama e incentivar as mulheres a participarem dos mutirões de mamografias realizados pelo Governo de São Paulo nos meses de maio e novembro.
A ação chamou atenção da mídia. Em maio de 2008, foram feitas várias reportagens de TV e jornal repercutindo a Fortaleza da Barra iluminada de rosa. Esse material foi apresentado no “Course for the Cure” realizado pela ong americana Susan G. Komen, no Hospital Israelita Albert Einstein. Nota de primeira página do jornal A Tribuna, de Santos-SP, em12 de maio de 2008:
“LUZ DE ALERTA – A Fortaleza da Barra ganhou ontem uma iluminação de cor rosa, colocada pelo Instituto Neo Mama. O objetivo foi chamar a atenção da sociedade para o Dia Estadual de Prevenção ao Câncer de Mama (no próximo domingo) e homenagear as mães.”
Em outubro de 2008, diversas entidades relacionadas ao câncer de mama iluminaram de rosa monumentos e prédios em suas respectivas cidades. Aos poucos o Brasil foi ficando iluminado de rosa em São Paulo-SP, Santos-SP, Rio de Janeiro-RJ, Porto Alegre-RS, Brasília-DF, Salvador-BA, Teresina-PI, Poços de Caldas-MG e outras cidades. A estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro/ RJ, mundialmente conhecida como seu maior símbolo, foi pela primeira vez iluminada de rosa.

Em maio de 2009, o Instituto Neo Mama repetiu a iluminação rosa na Fortaleza da Barra. Em outubro do mesmo ano, se multiplicaram as ações relativas ao Outubro Rosa em todas as partes do Brasil. Novamente as entidades relacionadas ao câncer de mama e empresas se unem para expandir a campanha.
Com uma visão estratégica, o Instituto Neo Mama ilumina dois locais em Santos-SP, a Fortaleza da Barra e a Pinacoteca Benedicto Calixto do dia 23/10/2009 até o dia 02/11/2009. Esse período é em função de ficar próximo do Mutirão de Mamografias que viria a ser realizado pelo Governo de São Paulo no dia 14 de novembro. 
Como os locais iluminados ficaram em frente à praia, os mesmos puderam ser vistos pelos turistas dos navios de cruzeiros e do feriado prolongado de Finados, onde aumenta o número de visitantes.
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Liberdade - poesia e economia no vídeo: Ilha das Flores

 "Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Cecília Meireles
¸ઇઉ¸ A escritora carioca Cecília Meireles, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 07/11/1901, apareceu no meio literário em 1919 com o livro de poemas Espectros. Faleceu em 09/11/1964, dois dias depois de completar 63 anos.

O conto “Liberdade”  é do livro de contos Escolha o seu sonho”.

“Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se tem até morrido com alegria e felicidade.
Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam “Liberdade, Igualdade e Fraternidade!”. Nossos avós cantaram: “Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil!”; nossos pais pediam: “Liberdade! Liberdade! – abre as asas sobre nós”, e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos – brilhou no céu da Pátria…” – em certo instante.
Somos, pois criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.
Ser livre – como diria o famoso conselheiro… – é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo que partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho… Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autônomo e de teleguiado – é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Supondo que seja isso.)
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.
Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sono das crianças deseja ir. (Às vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso…).
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!…) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento!…
Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos!…
São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.
Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos que falam de asas, de raios fúlgidos – linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel…”
 Vídeo Ilha das Flores


Lula, em entrevista: “Eu quero ser a metamorfose ambulante da Dilma”

Lula disse em entrevista que  está disposto a percorrer o país fazendo campanha para Dilma e avalia que a prorrogação do julgamento do mensalão não atrapalhará o PT em 2014. Ele revela em detalhes a dificuldade de desencarnar do cargo e, pela primeira vez, comenta a investigação envolvendo Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo

Entrevista - Luiz Inácio Lula da Silva

São Paulo - A casa discreta no tradicional bairro do Ipiranga em nada lembra os palácios de Brasília, mas seu principal inquilino ali trabalha cerca de 10 horas por dia, com a mesma disposição que, nos oito anos em que governou o Brasil, extenuava auxiliares - hoje reduzidos a uma pequena equipe.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levanta-se em São Bernardo do Campo às 6h, faz duas horas de exercícios físicos, toma café e chega ao instituto que leva seu nome por volta das 9h, raramente saindo antes das 20h. Recebe políticos, empresários, sindicalistas, intelectuais, agentes sociais e personalidades em busca de seu apoio a uma causa ou um projeto. Quase três anos após deixar a Presidência e depois da vitória contra o câncer, Lula declara-se completamente "desencarnado" do cargo e com a saúde restaurada, o que a voz, agora limpa das sequelas do tratamento, confirma. 

Por telefone, ele é alcançado também por interlocutores de diferentes países, com convites para viagens e palestras no Brasil e no exterior. No ano que vem, o ritmo vai cair, para ele ajudar, "como puder", na campanha da sucessora Dilma Rousseff pela reeleição. "Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste", disse o ex-presidente.

Nas instalações simples da casa no Ipiranga, o que denuncia o inquilino são as fotografias nas paredes, de momentos especiais da Presidência, selecionadas pelo fotógrafo Ricardo Stuckert, que continua a seu lado, assim como os assessores Clara Ant, Luiz Dulci e Paulo Okamoto. Na sala de trabalho, em vez das cigarrilhas, chicletes sabor canela. Foi lá que, na última quinta-feira, Lula recebeu o Correio para uma entrevista de duas horas em que não parou de falar: da vida no poder e fora dele, da disputa eleitoral do ano que vem, passando por espionagem, Mais Médicos, mensalão e novos partidos.

Lula também falou, pela primeira vez, sobre a Operação Porto Seguro - a investigação da Polícia Federal que revelou esquema de favorecimentos em altos cargos do governo federal e provocou a demissão de Rosemary Noronha, a ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. E disse ter saudades de Brasília: "O nascer e o pôr do sol no Alvorada são inesquecíveis".

Considerado um eleitor de 58 milhões de votos por conta do total de apoios conquistados na última eleição que disputou, em 2006, Lula confessou, sem dissimulação, que deixar o poder foi "como se me tivessem desligado da tomada". E que não é fácil aprender a ser ex-presidente. Para evitar a tentação de dar palpites sobre o novo governo, disse que decidiu visitar 32 países nos 10 primeiros meses de 2011, até que o câncer foi descoberto, no dia de seu aniversário, 27 de outubro.

Vencido o calvário do tratamento, ele voltou à rotina no instituto, vacinou-se contra o "Volta Lula", antecipando o lançamento da candidatura Dilma, e agora se prepara para mais uma campanha eleitoral. Ele acha que a presidente será reeleita, lamenta o desenlace da aliança com Eduardo Campos (PSB), embora reconheça as qualidades do governador de Pernambuco para a disputa, evita especular sobre o destino dos votos de Marina Silva, caso ela saia da corrida, e parece revelar preferência por José Serra como adversário tucano, ao dizer que o PSDB terá mais trabalho para tornar Aécio Neves conhecido. Uma contradição com o que ele mesmo fez, ao lançar uma também desconhecida Dilma como candidata em 2010. Uma coisa é certa. "Desencarnado" e em plena forma, Lula será um "grande eleitor" em 2014. Leia a entrevista ao jornal Correio Braziliense

Deixar de ser presidente trouxe alívio ou pesar?

Lula:Não é fácil falar sobre isso. Eu achava que seria simples deixar a Presidência. O (João) Figueiredo, que saiu pela porta dos fundos, até pediu para ser esquecido. Quando a pessoa não sai bem, quer esquecer mesmo. Mas eu saí no momento mais auspicioso da vida de um governante. Eu brincava com o Franklin (Martins, ex-secretário de Comunicação Social): se eu ficar mais alguns meses, vou ultrapassar os 100% de aprovação. Foi como se me desligassem de uma tomada. Num dia você é rei, no outro dia não é nada. Depois de entregar o cargo, cheguei a São Bernardo e havia um comício, organizado por amigos e pessoas do sindicato. O (José) Sarney me acompanhou. Antes, visitei Zé Alencar, choramos juntos. Eu fiquei danado porque achava que ele devia ter ido à posse e subido a rampa de maca, mas os médicos não deixaram. Participei do comício e quando deu 11 horas da noite subi para o apartamento. Ao me despedir dos que trabalharam na segurança e voltariam a Brasília, o general me disse: "Olha, daqui a três dias, os celulares da Presidência serão desligados e os carros, recolhidos". Mas levaram apenas três minutos para me desconectarem. Este é o lado hilário. Ser ex-presidente é um aprendizado sobre como se comportar, evitando interferir no novo governo. Quem sai precisa limpar a cabeça, assimilar que não é mais presidente. Mas é difícil sair de um dia a dia alucinante, acordar e perguntar: e agora?

Mas como conseguiu resolver o "desligamento"?

Lula: Entre março de 2011 e a descoberta do meu câncer, em outubro, eu fiz 36 viagens internacionais, visitei dezenas de países africanos e latino-americanos. Eu queria ficar fora do Brasil para vencer a tentação de dar palpites. Decidi voltar para o instituto, que eu já tinha, e comecei a trabalhar aqui. No dia do meu aniversário, fui levar a Marisa para fazer um exame, mas acabaram descobrindo o câncer em mim. E aí foi um ano de tortura. Nunca pensei que fosse tão difícil fazer quimioterapia e radioterapia. A doença, a internação, o fato de não poder falar ajudaram no desligamento. Fui desencarnando e hoje isso está bem resolvido na minha cabeça. Este ano, no evento dos 10 anos de governos do PT, quando eu disse que a Dilma era minha candidata, eu queria tirar de vez da minha cabeça a história de voltar a ser candidato. Antes que os outros insistissem, antes que o PT viesse com gracinhas, antes que os adversários da Dilma viessem para o meu lado, eu resolvi dar um basta e fim de papo.

Mesmo com eventuais "Volta Lula", com manifestações, crises?

Lula: Mesmo. Hoje, há pessoas defendendo o fim da reeleição. Eu sempre fui contra a reeleição, mas hoje posso dizer que ela é um benefício, uma das poucas coisas boas que copiamos dos americanos. Em quatro anos, você não consegue realizar uma única obra estruturante no país.

O senhor não ficou tentado a buscar o terceiro mandato, quando o deputado Devanir Ribeiro apresentou aquela emenda?

Lula: Eu fui contra. Chamei o partido e disse: não quero brincar com a democracia. Se eu conseguir o terceiro, amanhã virá alguém querendo o quarto, o quinto. Sou favorável à alternância no poder, de pessoas e de segmentos sociais. Comigo, pela primeira vez, um operário chegou à Presidência. Com Dilma, a primeira mulher. Quero que o povo continue mudando. Para errar ou acertar, não importa.

Deixar o poder traz mais liberdade?

Lula: Eu nunca tive liberdade, nem antes nem depois. Fiquei oito anos em Brasília sem ir a um restaurante, a um aniversário, a um casamento, porque tinha medo daquele mundo futriqueiro de Brasília. Mesmo hoje, prefiro passar o fim de semana em casa, de bermuda.

Mas afora os problemas do poder, alguma saudade de Brasília?

Lula: Olha, o nascer e o pôr do sol no Alvorada são para mim inesquecíveis. Todos os domingos de manhã, eu e Marisa pescávamos. Há um lago no Torto, outro no Alvorada, e há o Lago Paranoá. Houve um dia em que a Marisa pegou 26 tucunarés, ali no píer onde fica o barco da Presidência. Disso, eu tenho saudade. Não pude conviver, por precaução minha. Mas o céu de Brasília é muito bonito. O clima é extraordinário, o padrão de vida do Plano Piloto é invejável. Não é mais aquela cidade criticada porque não tinha esquinas. O povo soube fazer suas esquinas.

O que o senhor considera como mudanças importantes deixadas por seu governo?

Lula: As coisas que foram feitas, se em algum momento foram negadas, a verdade foi mais forte que a versão. A ONU acaba de reconhecer, com dados irrefutáveis, que o Brasil foi o país que mais combateu e reduziu a pobreza nos últimos 10 anos. Eu queria provar que, quando o Estado assume a responsabilidade de cuidar dos pobres, tem efeitos. Tenho orgulho de ter sido o presidente brasileiro que, sem ter diploma, foi o que mais criou universidades no Brasil, o que mais fez escolas técnicas, o que colocou mais pobres na universidade... Já houve presidentes que tinham diplomas e mais diplomas e fizeram muito pouco pela educação. Nós provamos que era possível fazer porque decidimos que educação não era gasto, era investimento. Tenho orgulho de ter sido o primeiro presidente que fez com que o povo se sentisse na Presidência.

E o que o senhor considera o maior erro de seu governo?

Lula: Certamente, cometi muitos erros. Os adversários devem se lembrar mais deles do que eu. Há quem me pergunte se não me arrependo de ter indicado tais pessoas para o STF. Eu não me arrependo. Se eu tivesse que indicar hoje, com as informações que eu tinha na época, indicaria novamente.

E com as informações atuais?

Lula: Eu teria mais critério. Um presidente recebe listas e mais listas com nomes, indicados por governadores, deputados, senadores, advogados, ministros de tribunais. E é preciso ter quem ajude a pesquisar e avaliar as pessoas indicadas. Eu tinha o Thomaz Bastos no Ministério da Justiça, o (Dias) Toffoli na Casa Civil... Uma coisa que lamento é não ter aprovado a Reforma tributária, e tentei duas vezes. Hoje, estou convencido de que não poderá ser feita como pacote, mas fatiada, tema por tema. Eu mandava um projeto com apoio de todo mundo, mas as forças ocultas de que falava o Jânio se apresentavam nas comissões do Congresso e paravam tudo. Eu receava também que o segundo mandato fosse repetitivo, com ministros não querendo trabalhar. Foi aí que tivemos a ideia do PAC. Mas acho que poucos conseguirão repetir o que fizemos entre 2007 e 2010. Era o time do Barcelona jogando. Tudo fluiu bem. Posso ter errado, mas não tenho arrependimentos. Tenho frustração de não ter feito mais.

"(Sair da Presidência) foi como se me desligassem de uma tomada. O general disse: "Olha, daqui a três dias os celulares serão desligados e os carros, recolhidos". Mas levaram apenas três minutos para me desconectarem"

Voltando à indicação dos ministros do STF. Hoje, se o senhor pudesse voltar no tempo... 

Lula: Nem podemos pensar nisso. Eu não sou mais presidente, eles (os ministros) já estão indicados e vão se aposentar lá. 

O senhor continua fazendo palestras? 

Lula: Tenho feito, mas vou reduzir. No ano que vem vou, me dedicar à campanha. Vocês sabem que um ex-presidente não tem aposentadoria. Não tendo aposentadoria de outra origem, terá que ser mantido pelo partido dele ou terá que se virar. Mas você só é convidado para fazer palestras se tiver sido exitoso no governo. O Fernando Henrique inovou e passou a fazer palestras. O PT ofereceu-me um salário e eu agradeci. Eu mesmo ia tratar da minha sobrevivência. 

O que acha das críticas de que existiria conflito de interesses quando as empresas têm contratos com o governo? 

Lula: Acho uma cretinice. Primeiro porque não faço nada além do que eu fazia como presidente. Eu tinha orgulho de chegar a qualquer país e falar da soja, do etanol, da carne, da fruta, da engenharia, dos aviões da Embraer... Eu vendia isso com o maior prazer do mundo. Com orgulho. Eu achava que isso era papel do presidente da República. Quando Bush veio aqui, fomos a um posto que vendia etanol. E havia lá um carro da Ford e outro da GM. Chamei o Bush para tirarmos uma foto e ele disse que não podia fazer merchandising de carro americano. Só que ele estava com um capacete da Petrobras na cabeça. Eu falei: "Então, fica você aqui que eu vou lá". Se eu puder vender as empresas brasileiras na Nigéria, no Catar, na Líbia, no Iraque, na África, eu vou vender. Estas críticas também refletem o complexo de vira-lata. É não compreender o sentido disso. Tenho orgulho de saber que quando cheguei à Presidência não havia uma só fábrica brasileira na Colômbia e hoje existem 44. Havia duas no Peru e hoje são 66. De termos ampliado nossa presença na Argentina ou na África. Se não formos nós, serão os chineses, os ingleses, os franceses. E não são apenas empresas de engenharia. Hoje, temos fábrica de retrovirais em Moçambique, Senai e escolinhas de futebol do Corinthians em mais de 13 países africanos. Agora mesmo me pediram para tentar levar o vôlei para a África, onde o esporte não existe. E vou ajudar com o maior prazer. Só não vou jogar porque tenho bursite. Mas veja a malandragem. Todas as empresas, inclusive as de jornais e de televisão, têm lobistas em Brasília. Mas são chamados de diretor corporativo ou institucional. Agora, se alguém faz pelo país, é lobista. Faz parte da pequenez brasileira. Veja o caso da Copa do Mundo. Todo país quer sediar uma Copa do Mundo. O Brasil não pode. Ah, porque temos problemas de saúde e moradia! Todos os países têm problemas, e por que não pode ter Copa do Mundo e Olimpíada? E o quanto uma nação ganha com isso, do ponto de vista cultural, do ponto de vista do desenvolvimento? Qual é a denúncia contra as obras? 

Nos protestos, a crítica era ao custo das obras. 

Lula: Ora, se em 1950 o Brasil pôde fazer um estádio para a Copa do Mundo, em 2013 não podemos fazer outros? Pergunto qual é a denúncia? Eu deixei dois decretos, um sobre a Copa outro sobre a Olimpíada, que estão no site da CGU. Perguntem ao Jorge Hage onde tem corrupção na Copa. O TCU designou um ministro, o Valmir Campelo, encarregado de fiscalizar especificamente os gastos com a Copa. Perguntem a ele onde há corrupção. A Copa está marcada e tem que ser feita com a maior grandeza. Se alguém praticar corrupção, que seja posto na cadeia. Já conversei com os patrocinadores sobre a necessidade de uma narrativa diferente para a Copa do Mundo. Vi na tevê pessoas chorando no Japão, que vai sediar uma Olimpíada. E vi um jornalista dizer que "tudo bem, o Japão está retomando o crescimento, diferentemente do Brasil, que ainda é pobre". Então Olimpíada é só para países do G-8? E ainda que fosse, o Brasil está no G-6. Não me conformo com o complexo de vira-lata e com o denuncismo infundado. Precisamos de uma lei que puna também o autor de denúncia falsa. 

Falando nas manifestações, o que mudou com elas no Brasil? 

Lula: Eu acho que fizeram muito bem ao Brasil. Com exceção dos mascarados. Todas as reivindicações que apresentaram, um dia nós também pedimos. Veja o discurso de (Fernando) Haddad na campanha de São Paulo: "Da porta da casa para dentro, a vida melhorou, mas da porta para fora ainda precisa melhorar". Hoje, muito mais gente anda de carro, mas o transporte público não melhorou. Eu andava de ônibus lotados como latas de sardinha em 1959, e continua a mesma coisa. O Haddad agora me disse: "Precisando de tanto dinheiro, conseguimos reduzir em 50 minutos o tempo de viagem só com latas de tinta". As faixas exclusivas para ônibus tiveram uma aprovação de 93% das pessoas. O povo nos disse o seguinte: "Já conquistamos algumas coisas e queremos mais". As pessoas querem mais, mais salário, mais transporte, melhorias na rua, e isso é extraordinário. Nem dá mais para ficar dividindo tarefa: isso é com o prefeito, isso com o governador, aquilo com o presidente.   

Haddad não errou quando demorou a recuar na tarifa? 

Lula: Se ele tivesse dado o aumento em janeiro, não tinha acontecido o que aconteceu. Ele e o prefeito do Rio foram convencidos de que, adiando o aumento, ajudariam no controle da inflação. Meu primeiro movimento foi mostrar ao Haddad que aquilo não era contra ele, que ainda estava muito novo no cargo: "Haddad, levante a cabeça, tira proveito disso, que bom que o povo está se manifestando". Acho que ele demorou uns dois ou três dias mas foi correto. E o transporte é caro mesmo... Enfim, as manifestações nos ensinaram que o desejo do povo de mudar as coisas é infinito. Quem consegue comprar carne de segunda passa a querer carne de primeira. Tínhamos 48 milhões de pessoas que andavam de avião em 2007. Em 2012, eram 103 milhões. Hoje, tem gente que entra no avião e não sabe nem guardar a mala. Alguns acham isso ruim. Eu acho ótimo. Tem mais gente indo a restaurantes, museus, institutos de beleza, e isso é um bom sinal. A única coisa que eu critico é a negação da política. Ela sempre resulta em algo pior, como o fascismo, o nazismo. Tenho dito ao PT para enfrentar o debate. Vamos perguntar aos tucanos por que eles derrotaram a CPMF, tirando R$ 40 bilhões da saúde por ano em meu governo, achando que iam me prejudicar. Na época, eu disse: quem vai pagar é o povo. 

E o Programa Mais Médicos, é uma solução? 

Lula: É uma coisa fantástica, mas vai fazer com que o povo fique mais exigente com a saúde. O sujeito vai subir o primeiro degrau. Vai ter um médico que vai lhe pedir exames, e a saúde vai ser problema outra vez. Discutir saúde sem discutir dinheiro, não acredito. E não adianta dizer, como fazem os hipócritas, que o problema é só de gestão. Chamem os 10 melhores gestores do planeta e perguntem como oferecer tomografia, ressonância, tratamento de câncer sem dinheiro. O hipócrita diz: "Eu pago caro por um plano de saúde, porque o SUS não me atende". Mas quando ele vai fazer a declaração de renda, desconta tudo do imposto a pagar. Então quem paga a alta complexidade para ele é o povo. E aí vem a Fiesp fazer campanha para acabar com a CPMF. Não foi para reduzir custos mas para tirar do gover   no o instrumento de combate à sonegação. 

O Mais Médicos é uma marca de governo para Dilma? 

Lula: Os médicos brasileiros que protestaram sabem que cometeram um erro gravíssimo. O (Alexandre) Padilha tem dito, corretamente: "Não queremos tirar o emprego de médico brasileiro. Queremos trazer médicos para atender nos locais onde faltam médicos brasileiros". Em vez de protestar, eles deveriam ter feito um comitê de recepção aos colegas estrangeiros. E Deus queira que um dia o Brasil forme tantos médicos que possa mandar médicos para um país africano. É admirável que um país pequeno como Cuba, que sofre um embargo comercial há 60 anos, tenha médicos para nos ceder. Hoje, há máquinas que descobrem o câncer com menos de um milímetro. Mas quantos têm acesso a isso? Saúde boa e barata não existe, alguém tem que pagar a conta. Num país em construção, como o nosso, sempre haverá protestos. Temos de consolidar a democracia, sabendo que ela não pode ser exercitada fora da política. Tem gente que diz "eu não sou político" e começa a dar palpite na política. Esse é o pior político. Como eu fui ignorante, dou meu exemplo. Em 1978, no auge das greves do ABC, eu achava o máximo dizer: "Não gosto de política nem de quem gosta de política". A imprensa paulista me tratava como herói. Eu era o metalúrgico. Dois meses depois, eu estava fazendo campanha para Fernando Henrique, que disputava o Senado por uma sublegenda do MDB. Dois anos depois, criei um partido político. Ninguém deve ser como o analfabeto político do Bertolt Brecht. Não se muda o país sem política. 

Na semana passada, foram criados dois partidos, houve um grande troca-troca de deputados. Como o senhor vê isso? 

Lula: O fato de você legalizar um partido é o menos importante. Levar 10, 15 deputados, também. Eu quero saber é se na próxima eleição esses partidos passarão pelas urnas. 

Marina Silva talvez não consiga registrar o partido dela. 

Lula: Quando nós fomos construir o PT, as exigências legais eram até maiores. Na primeira eleição, eu achava que seria eleito governador de São Paulo. Eu era uma figura estranha, um metalúrgico, levava muita gente aos comícios. Fiquei em quarto lugar. O Estadão fez uma pesquisa dizendo que eu tinha 10%. Eu logo xinguei a imprensa burguesa (risos). E eu tive exatamente 10% (risos). Então, essas pessoas que estão criando partidos vão ter de trabalhar muito. E precisamos evitar as legendas de aluguel. Não serei contra, depois de tudo que fiz pela criação do PT. Eu não sei se a Marina vai cumprir as exigências legais. Ela é uma personalidade política do país, tem todo direito de criar um partido. Agora, tem de ter coragem de dizer que é partido, não tem que inventar outro nome, dizer que não é partido, é uma rede. É partido e vai ter deputado, como todo partido. 

Sem a Marina, a disputa presidencial muda, não? 

Lula: Ela ainda tem tempo. Ela tem de assistir ao dia final do julgamento com a ficha de um outro partido do lado. Eu acho que a Marina tem o direito de ser candidata. Marina é um quadro político importante para o país. Caso ela não consiga o partido e não seja candidata, será importante saber para onde irão os votos dela. Ninguém pode perder o pé da realidade do país, achar-se melhor que o Congresso, que lá só tem corrupto, como vejo alguns dizerem. 

O senhor mesmo já falou, quando disse que no Congresso havia 300 picaretas... 

Lula: O Congresso é a cara da sociedade brasileira. Ulysses Guimarães dizia: "Toda vez que a sociedade começa a falar em muita mudança no Congresso, o Congresso piora". 

Quase 300, na realidade 280 deputados, foram responsáveis de alguma forma pela absolvição de Natan Donadon... 

Lula: Veja que eu não errei. O que acontece no Congresso acontece num clube de futebol, acontece no condomínio que a gente mora, na sauna... Você tem gente de qualidade, você tem gente de menos qualidade, gente comprometida com os setores mais à esquerda, gente comprometida com os setores mais à direita. Se as pessoas fossem de direita ou de esquerda era melhor do que serem simplesmente fisiológicas. O que eu acho que mata na política é o fisiologismo. E você não vai acabar com isso. É uma cultura política que está estabelecida no mundo, não é só no Brasil. E não é uma questão nacional, senão a Itália não tinha o Berlusconi. 

Mas o senhor defende a reforma política não é buscando superar esses problemas? 

Lula Eu defendo a reforma política, mas acho que ela só virá quando tivermos Constituinte própria para fazê-la. O Congresso não vai aprovar. Pode fazer uma mudança aqui, outra ali, mas não uma reforma profunda. Defendo o financiamento público porque eu acho que é a forma mais barata e mais honesta de fazer campanha. Por que os empresários não defendem o financiamento público? Não seria melhor para eles não ter que dar dinheiro para candidato? Mas eles preferem que os políticos dependam deles. Eu li a biografia do Juscelino, os dois volumes do (Getúlio) Vargas, do Lira Neto (escritor cearense), estou lendo a biografia de Napoleão Bonaparte e a do Padre Cícero. A política é sempre a mesma. Penso que com partidos mais sérios e valorizados, com mais seriedade nas campanhas, a política vai se qualificando e motivando mais. Eu sempre digo aos jovens: mesmo que você não acredite em mais ninguém, e ache que todos são corruptos, não desista. O político honesto que você procura pode estar dentro de você. 

O momento mais delicado da Dilma ocorreu durante as manifestações. E naquele momento, o PMDB, o principal aliado do PT, tentou emparedar a presidente no Congresso... 

Lula: O ideal de um partido político é eleger um presidente da República, eleger a maioria dos governadores, eleger a maioria dos senadores, a maioria dos deputados federais. Isso é o ideal. Não parece maravilhoso? Pois bem, em 1987, o PMDB teve isso. O PMDB elegeu 306 constituintes e 23 governadores. O (José) Sarney teve moleza? Não teve. O principal adversário do Sarney era Ulysses Guimarães. Por isso, eu prezo a democracia. Eu fico imaginando se o PT tivesse 400 deputados, 79 senadores. Seria fácil? Temos de aprender a lidar com a realidade. Angela Merkel acabou de ganhar as eleições na Alemanha, mas, para governar, terá que fazer aliança. 

E a divisão interna dentro do PT, entre lulistas e dilmistas? 

Lula: Se houver alguém que se diz lulista e não dilmista, eu o dispenso de ser lulista. A Dilma é a presidente e representa o PT. Eu não estou pedindo que as pessoas gostem dela. Eu quero que as pessoas a respeitem na função institucional e saibam que o PT está lá para apoiá-la. O povo de Brasília votou no (José Roberto) Arruda porque acreditou que o Arruda ia fazer as mudanças prometidas. Não deu certo. Você vai dizer que o eleitor do Roriz era pior do que o eleitor do Agnelo? Não era. O eleitor vota esperando que as coisas melhorem. Se tivermos agora como candidatos Dilma, Aécio, Eduardo Campos e Marina, o Brasil está qualificado. Todos candidatos de centro-esquerda para a esquerda. 

O senhor tentou evitar o rompimento de Eduardo Campos com o governo. Agora que aconteceu, como ficará este relacionamento? Ele pode sair do campo de sua influência? 

Lula: Eu não tenho influência. Mas eu gostaria que não tivesse acontecido o que aconteceu. 

Quem errou? 

Lula: Não sei, acho que todo mundo errou. E eu posso estar errado também. Pode ser que o governo e o Eduardo estejam certos no rompimento, e eu errado. Mas eu não dou de barato que o Eduardo é candidato. Ele tem potencial? Ele tem estrutura, sabedoria política? Tem. Ele pode ser candidato, como o Aécio, a Marina. Eu só acho que foi um prejuízo para a gente ter o PSB, e sobretudo o Eduardo, do outro lado. Isso aconteceu apenas quando o Garotinho foi candidato contra mim, em 2002. Se ele vai ser candidato, nós temos de ter uma regra de comportamento. Se a eleição não terminar no primeiro turno, poderemos ter aliança no segundo turno. Mas eu não dou de barato que as coisas estão definidas na eleição. Nem para o Eduardo Campos ser candidato nem para o Aécio ser candidato. Sabe-se lá o que o Serra vai tramar contra o Aécio? Nem para a Marina. Temos de esperar, até março do próximo ano. São mais seis meses pela frente, até as pessoas anunciarem de fato as candidaturas. Sei apenas que, entre todos, a Dilma é a que tem mais credenciais e é mais qualificada para governar o Brasil. Eu vou percorrer o Brasil como se eu fosse candidato. 

Qual será a diferença, na disputa com o PSDB, em ter o Aécio como candidato e não o Serra? 

Lula: Eu acho que vai trazer mais dificuldades para o PSDB. O Aécio vai ter que se tornar conhecido. O Serra já é conhecido, tem o recall de outras disputas. Não é fácil criar um candidato novo num país do tamanho do Brasil. Então, eu não sei como o PSDB vai conseguir se livrar do Serra ou se o Serra vai conseguir provar que tem mais qualidades para ser candidato. Mas o PT não pode escolher adversário. Tem que enfrentar quem aparecer, e acho que pode ganhar dos dois. 

  Sua participação na campanha da Dilma agora será diferente da que teve em 2010? 

Lula: Tem de ser diferente. Em 2010, a Dilma não era conhecida. Fizemos uma campanha para que ela se tornasse conhecida, e para mostrar ao eleitor o grau de confiança que eu tinha nela. Obviamente que, depois de quatro anos de governo, a Dilma passou a ser muito conhecida e conseguiu construir a sua própria personalidade. Então, já tem muita gente que vai votar na Dilma independentemente de o Lula pedir. Naquilo que eu tiver influência, nas pessoas que eu tiver influência, eu vou pedir para votar na Dilma. O que eu vou fazer na campanha depende dela. Eu não quero estar na coordenação, eu quero ser a metamorfose ambulante da Dilma. Estou disposto. Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste. Isso quem vai determinar é ela. Eu tenho vontade de falar, a garganta está boa. Eu estou com mais disposição, mais jovem. Apesar da idade, eu estou fisicamente mais preparado. Estou com muita saudade de falar. Faz tempo que eu não pego um microfone para falar. Conversar um pouco com o povo brasileiro. Se for importante ficar quieto, eu vou ficar quieto. A única que coisa que eu não vou fazer é cantar, porque eu sou desafinado, mas, no resto, ela pode contar comigo. 

A prorrogação do julgamento do mensalão, levando as prisões de petistas no próximo ano, em plena campanha, pode atrapalhar os candidatos do PT e a própria Dilma? 

Lula: Eu não acredito, não. As pessoas têm o hábito de menosprezar a inteligência do povo. A história não é contada no dia seguinte, a história é contada 50 anos depois. E eu acho que a história vai mostrar de que mais do que um julgamento, o que nós tivemos foi um linchamento, por uma parte da imprensa brasileira, no julgamento. Eu tenho me recusado a falar disso porque sou ex-presidente, indiquei os ministros. Vou falar quando o julgamento terminar. Uma coisa eu não posso deixar de criticar. Se pegar o último julgamento agora (dos embargos infringentes), o que a imprensa fez com o Celso de Mello foi uma coisa desrespeitosa à instituição da Suprema Corte, que é o último voto. Ou seja, depois dela, ninguém mais pode falar. Eu fiquei irritado certa vez, quando eu era presidente, o (Sepúlveda) Pertence tomou uma decisão e alguém escreveu que José Dirceu tinha ganhado no tapetão, sem nenhum respeito a uma figura como o Pertence. Veja a arrogância e a petulância de algumas pessoas. Elas amanhã poderão ser julgadas e vão querer o direito de defesa. A sociedade brasileira já aprendeu a separar o joio do trigo, inclusive pelo que tentaram fazer comigo em 2006, na campanha. Ninguém poderia ter sido mais violento comigo do que foi o (Geraldo) Alckmin. Todo mundo sabe o que aconteceu na véspera da eleição, quando o delegado da Polícia Federal mentiu que tinham roubado a fita (na realidade, um CD), sendo que ele mesmo fez a entrega para quatro jornalistas. (Lula se refere ao "Escândalo dos aloprados" e ao vazamento das fotos do dinheiro usado para comprar falsos dossiês contra José Serra e Geraldo Alckmin). Todo mundo sabe o que houve na eleição do Haddad. O julgamento (do mensalão) no meio da eleição, qual o objetivo? Tudo isso o povo percebe. 

Então o senhor acha que não terá efeito? 

Lula: O povo sabe separar as coisas. Agora, o que não se pode é negar o direito das pessoas de exigirem provas. Eu sinceramente tenho muita vontade de falar, mas eu preciso me calar. Alguns companheiros estão condenados. Se amanhã a Justiça falar que absolveu, estarão condenados do mesmo jeito. Ninguém se dá conta do que aconteceu com a família das pessoas, com os filhos das pessoas. Esta substituição da informação pela versão que interessa não pode ser adequada à construção de um país democrático. 

Voltando à questão eleitoral, o senhor disse em  determinado momento que não podia trincar a relação com o PMDB, mas ela tem problemas. 

O senhor está ajudando a montar essas alianças nos estados? 

Lula: Não. Não sou eu. O PT vai ter as coordenações regionais, a coordenação de campanha e a direção nacional. Aliás, o PT sozinho não pode cuidar disso. Tem de ter cuidado, junto com o PMDB. Não é a primeira vez que a gente faz uma campanha com dois palanques. Houve estados a que não fui durante determinada campanha porque tinha problemas entre os aliados. Em 2010, em Pernambuco, por exemplo, construímos uma coisa sui generis, que foi colocar dois candidatos no mesmo palanque. Eu ia lá e falava com os dois do meu lado. Se fosse possível repetir isso sem tiroteio, seria ótimo. Temos que dar tempo ao tempo, esperar as divergências diminuírem para a gente poder construir a unidade. Em março, o quadro estará mais claro. 

No Rio de Janeiro inclusive? 

Lula: Sim. Nós temos de saber quem são os nossos adversários e construir a partir daí as nossas alianças regionais. Mas como é que você vai convencer um companheiro que quer ser candidato a governador a não ser candidato? 

Isso vale para o senador Lindbergh Farias? 

Lula: Não é só o Lindbergh. Vamos entrar na cabeça do Lindbergh. Ele tem o mandato de oito anos e tem um intervalo agora no meio. Se concorrer, ele não perde nada, ele só ganha. Como funciona a cabeça dele: se não for candidato agora, em 2018 terá de disputar com o Eduardo Paes ou com o Sérgio Cabral, sei lá. Ele acha então que o momento dele é agora. Como você vai tentar convencê-lo? O cara tem oito anos de mandato, não tem nada a perder... Na pior das hipóteses, se ele perder, estará fazendo campanha para ele mesmo ao Senado em 2018. Isso vale para todos. Vai convencer no Pará que o cidadão não deve ser candidato. Ele pode ter 1% nas pesquisas e fala (Lula bate no peito): "Eu vou ganhar". Em janeiro do ano passado, eu estava em casa todo inchado, quase sem poder falar, e implorei ao Humberto Costa para não ser candidato a prefeito no Recife. "Humberto, pelo amor de Deus, o povo te elegeu senador. É um mandato de oito anos, você vai virar uma figura nacional. O PT precisa de você. Você quer voltar para Recife para fazer o quê, Humberto?" Ele então disse: "Se é assim que o senhor pensa, não serei candidato". E quem foi o candidato? 

Humberto... 

Lula: Foi candidato na pior situação (Humberto perdeu no primeiro turno para Geraldo Júlio, do PSB). Quando a pessoa quer, é difícil evitar. Vocês acham que eu aprovei o Wellington (Dias) ter sido candidato a prefeito de Teresina? Um cara que saiu com quase 80% de aprovação, que o povo elegeu para senador, que desgraça ele tinha de ser candidato a prefeito de Teresina? Mas ele foi. Aí, quando toma a porrada que tomou, ele fala: "(Lula faz careta e imita voz chorona) É, você tinha razão". A única coisa certa é que a Dilma é uma candidata com amplas condições de ganhar. Ela vai ter mais o que mostrar. A economia vai estar numa situação melhor. 

O tema econômico da hora são as concessões. Na eleição, a oposição não vai explorá-las como uma forma de privatização feita pelo PT, que combateu as privatizações tucanas? 

Lula: Não é privatização. Deixa eu dizer uma coisa: é urgente mudar a Lei 8.666/93,que regula as licitações neste país, se quisermos que as coisas aconteçam. Hoje, para fazer uma obra, são tantos os obstáculos, como eu já disse. Tribunal de Contas, Ibama, CGU, Iphan. Uma verdadeira máquina de fiscalização que emperra a máquina da execução. Então, é melhor passar pelo crivo uma só vez e entregar o serviço para a iniciativa privada explorar, com mais facilidade e rapidez. A segunda coisa é que o Estado também não tem recursos. As concessões são um convite à iniciativa privada, que pode suprir a deficiência do Estado para investir. A Dilma estava na Casa Civil, nós reuníamos os ministros e órgãos envolvidos nos projetos. Eu falava todos os palavrões que tinha de falar, mas as coisas não andavam. Um problema aqui, outro ali. Temos que encontrar uma solução. A Dilma anunciou as concessões em junho do ano passado e os leilões só estão saindo agora. Se estivéssemos em 1955, começando a construir Brasília, nem a picada para o avião do Juscelino pousar tinha saído. 

Como o senhor avalia a decisão da CGU de pedir a destituição do serviço público da ex-chefe do gabinete da Presidência de São Paulo, Rosemary Noronha, por 11 irregularidades, incluindo propina, tráfico de influência e falsificação? 

Lula: Ela já estava demitida. O que a CGU fez foi confirmar o que todo mundo já sabia o que ia acontecer. 

Mas tudo ocorreu dentro de um escritório da Presidência... 

Lula: Deixa eu falar uma coisa. A CGU julgou um relatório feito pela Casa Civil. E pelo que eu vi do relatório, ele confirma as conclusões da Casa Civil. O servidor que comete algum ilícito tem de ser exonerado. O que valeu para o escritório vale para qualquer lugar no Brasil no setor público. Vale para banco, vale para a Receita. Vejo isso com muita tranquilidade. (Lula se vira para o assessor de imprensa e pergunta). Não foi exonerado esses dias um companheiro que trabalhava com a Ideli (Salvatti)? (Lula se refere ao assessor da Subchefia de Assuntos Federativos, Idaílson Macedo, após a notícia de que faria parte do esquema de lavagem de dinheiro descoberto pela Polícia Federal na Operação Miqueias). 

O que o senhor achou da reação do governo brasileiro em relação à espionagem norte-americana? 

Lula:  Dilma agiu certo. O que não podia era aceitar a ideia que o (Barack) Obama tentou passar, de que não aconteceu nada. Com aquele jeitão imperial do Obama falar. 

Quase três anos depois de deixar a Presidência, como o senhor gostaria de ser lembrado? 

Lula: O que me importa é a forma como serei lembrado pelas pessoas. Algo que me marcou foi meu último encontro com os catadores de material reciclado e moradores de rua de São Paulo. Uma menina, afro-descendente, pegou o microfone e perguntou: "Presidente, você sabe o que mudou na minha vida nestes oito anos?" Eu não sabia. E ela disse: "Não foi o dinheiro que eu ganhei nem as cooperativas que organizei. Foi o direito de andar de cabeça erguida que o senhor me restituiu. Hoje, não tenho vergonha de andar com o carrinho catando papelão na rua. Me sinto tão importante quanto os que passam de carro ao meu lado". Nada é mais gratificante que isso. Foi o que me inspirou a pedir ao Fernando Morais para tentar fazer uma biografia do meu governo, conversando com quem ele quisesse: banqueiro, dono de jornal, metalúrgico, bancário, catador de papel. Ouvir o que as pessoas pensam é mais importante, pois todo mundo tem tendência a falar bem de si mesmo.  

  "Eu não quero estar na coordenação, eu quero ser a metamorfose ambulante da Dilma. Estou disposto. Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste" 

"Há quem me pergunte se não me arrependo de ter indicado tais pessoas para a Suprema Corte. Eu não me arrependo de nada. Se eu tivesse que indicar hoje, com as informações que eu tinha na época, indicaria novamente. (Mas, com as informações atuais) eu teria mais critério" 

"Todo país quer sediar uma Copa do Mundo. O Brasil não pode. Ah, porque temos problemas de saúde e moradia! Todos os países têm problemas, e por que não pode ter Copa do Mundo e Olimpíadas? A Copa está marcada e tem que ser feita com a maior grandeza. Se alguém praticar corrupção, que seja posto na cadeia" 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Juvenal Galeno: o Artista, a Casa de Juvenal Galeno e a Ala Feminina

Juvenal Galeno – o Criador da Poesia Popular Brasileira
27/09/1836  -  7/03/1931
Neto de Albano da Costa dos Anjos e do português Manuel José Theóphilo, Juvenal Galeno da Costa e Silva nasceu em Fortaleza, a 27 de setembro de 1838, em uma residência na Rua Formosa, nº 66 (hoje Barão do Rio Branco). Filho de José Antônio da Costa e Silva e Maria do Carmo Teófilo e Silva, abastados agricultores cafeeiros na encosta da Serra de Aratanha em Pacatuba. Primo pelo lado paterno de Capistrano de Abreu e Clóvis Beviláqua e pelo lado materno de Rodolfo Teófilo. Ainda pequeno se mudou com a família para o Sítio Boa Vista, recanto aconchegante que lhe embalou os sonhos de criança. O tempo foi passando e o menino Juvenal trazia a seiva da imensurável ramificação cultural. Seus estudos primários ele os fez numa escola de Pacatuba.
na adolescência, com exatos 13 anos, fundou e fez circular o primeiro jornal puramente literário no Ceará, o “SEMPRE VIVA”, destinado ao sexo feminino. 
Aos treze anos de idade, já com noções de latim ministradas pelo padre Nogueira Braveza, mal havendo despertado para a adolescência, fundou e fez circular o primeiro jornal puramente literário no Ceará, o “SEMPRE VIVA”, destinado ao sexo feminino. O jornal teve efêmera existência, porque vivia ainda sob a tutela dos pais, não tinha condições de dar continuidade a esse empreendimento. Na infância, acompanhou o tio, Dr. Marcos Theóphilo, médico, pai de Rodolfo Theóphilo, à cidade de Aracati, onde frequentou uma escola pública ministrada por Porfírio Sabóia. Voltando de Aracati em 1853, matriculou-se no Liceu do Ceará onde cursou Humanidades até 1855.

fundou e fez circular o primeiro jornal da imprensa estudantil no Ceará, o jornal “Mocidade Cearense”.
Em 1853, fundou e fez circular o primeiro jornal da imprensa estudantil no Ceará, o jornal “Mocidade Cearense”, também de efêmera existência, em virtude, da transferência de seu sócio e colega Joaquim Catunda para o Rio de Janeiro.
Após o Curso, foi para o Sitio Boa Vista ajudar o pai na administração das atividades agrícolas, principalmente na cultura cafeeira, numa época em que o café assumia expressiva importância na economia cearense. Com o intuito de aperfeiçoá-lo em assuntos agrícolas, seu pai mandou-o para o Rio de Janeiro em busca de adquirir maior conhecimento nas técnicas do plantio do café. Levava consigo uma carta de recomendação de Rufino José de Almeida apresentando-o a Francisco Paula Brito, proprietário da Marmota Fluminense. Ali Juvenal Galeno travou relações de amizade com Machado de Assis, Saldanha Marinho, Joaquim Manoel de Macêdo, Quintino Bocaiúva e outros.
escreveu poesias e a publicava-as na Marmota Fluminense ao lado de Machado de Assis e outros escritores. Publicou-as em 1856, sob o título de "PRELÚDIOS POÉTICOS"

Prelúdios Poéticos” livro de estreia de
Juvenal Galeno, editado em 1856,
foi o 1º livro da literatura cearense
Seduzido pelo convívio das letras, passou, a partir de então, a escrever poesias e a publicá-las na Marmota Fluminense ao lado de Machado de Assis e outros escritores. Demorou no Rio pouco mais de um ano, mas antes de seu regresso ao Ceará reuniu tais produções, editando-as em 1856, sob o título de "PRELÚDIOS POÉTICOS".
De volta ao Ceará, Juvenal Galeno trouxe dois exemplares de “Prelúdios Poéticos”, ricamente encadernados com sua fotografia, que ofereceu a seus pais. “Prelúdios Poéticos” livro de estreia de Juvenal Galeno, editado em 1856, foi o primeiro livro da literatura cearense, tornando-se o marco inicial do Romantismo no Ceará, como afirmaram Mario Linhares, na sua “Historia da Literatura”, Antônio Sales e outros.
A partir de então sua existência passou a transcorrer entre o Sítio Boa Vista, na Serra de Aratanha, e a cidade de Fortaleza. Ainda por esse tempo ingressou como alferes nos quadros da Guarda Nacional, como também no Partido Liberal, em cujo jornal passou a colaborar. Em 1858 foi eleito Suplente de Deputado Provincial pelo círculo de Icó, onde defendeu um projeto para criação de uma escola prática de agricultura. Em 1859, desembarcava em Fortaleza, trazida a bordo do Tocantins, a célebre Comissão Cientifica de Exploração, dirigida por Freire Alemão, composta por doze pessoas, entre as quais se destacavam Raja Gabaglia, Capanema e o poeta Gonçalves Dias, que chefiava a Seção Etnográfica e Narrativa da Missão.
como Deputado Provincial pelo círculo de Icó, defendeu um projeto para criação de uma escola prática de agricultura
De Fortaleza rumaram para Pacatuba ficando hospedados na casa dos pais de Juvenal Galeno. Ali na serra e na capital cearense, Juvenal teve como amigo e conselheiro, Gonçalves Dias, que lhe estimulou os pendores literários, aliás, já manifestados nas poesias “A Noite de São João”, “A Canção do Jangadeiro”, “Cantiga do Violeiro” e outras mais do livro “Prelúdios Poéticos”. Gonçalves Dias, estabelecendo conversação com o poeta Juvenal Galeno, convidou-o para participar de um banquete com todos os membros da Comissão Cientifica de Exploração, do Senador Tomás Pompeu e de Silva Coutinho em Fortaleza. Juvenal Galeno atendeu de pronto ao convite do amigo, e em função do evento, deixou de comparecer à uma revista do Batalhão da Reserva do Exército a que pertencia. Isto irritou o Comandante da Guarda Nacional de Fortaleza, João Antônio Machado, que em seguida determinou o recolhimento do subalterno à prisão. A penalidade lançada a Juvenal Galeno trouxe como resultado a confecção de um livro severíssimo e duro contra o tal Machado e, esse trabalho ele publicou num volume, o qual deu o título de “A MACHADADA”, aproveitando o simbolismo do sobrenome de João Antônio Machado. Esse livro foi a primeira obra literária impressa no Ceará.
o livro “A MACHADADA” foi a primeira obra literária impressa no Ceará.
Juvenal Galeno também foi teatrólogo. “QUEM COM FERRO FERE COM FERRO SERÁ FERIDO” - comédia de sua autoria, esse drama sociológico foi a primeira peça teatral produzida e encenada no Ceará
Em 1861, Juvenal Galeno aparece em público como teatrólogo. É levada à cena, pela primeira vez, no [Teatro Taliense], 3 de novembro de 1861, a comédia de sua autoria intitulada “QUEM COM FERRO FERE COM FERRO SERÁ FERIDO”. Esse drama sociológico foi a primeira peça teatral produzida e encenada no Ceará. Nesse mesmo ano presenteou o público com o poemeto indianista denominado “A PORANGABA” (descrição em versos de uma lenda que Juvenal Galeno disse ter ouvido de um velho caboclo que escutara dos seus pais, e estes a seus maiores). A poesia de Juvenal Galeno reflete toda a psicologia da alma da gente humilde, digo da alma da população do nordeste em todas as modalidades do seu sentir, nos seus lances heroicos, infelizes ou gloriosos. Os sentimentos, os anseios dessa gente toda, da serra, praias e sertões, ele os gravou indelevelmente em seus versos.
o prólogo de “LENDAS E CANÇÕES POPULARES”, sua obra-prima, foi ovacionado por Machado de Assis e outros renomados escritores, o que atesta o valor nacional do vate montanhês, obra de arte em que se revelou o gênio do poeta, mas como documentário precioso devendo ser detidamente estudado, podendo se constituir um guieiro para a indagação e pesquisa dos usos, costumes e tradições populares. “Escrevi este livro acompanhando o povo no trabalho, no lar, na política, na vida particular e pública, na praia, na montanha e no sertão, onde ouvi os seus cantos e os reproduzi, ampliei sem desprezar a frase singela, a palavra de seu dialeto, a sua metrificação e até o seu próprio verso” Juvenal Galeno, sobre a obra
Em 1865, no prólogo de “LENDAS E CANÇÕES POPULARES” (obra-prima de Juvenal Galeno que foi ovacionado por Machado de Assis e outros renomados escritores, o que atesta o valor nacional do vate montanhês), ele declarou: “Escrevi este livro acompanhando o povo no trabalho, no lar, na política, na vida particular e pública, na praia, na montanha e no sertão, onde ouvi os seus cantos e os reproduzi, ampliei sem desprezar a frase singela, a palavra de seu dialeto, a sua metrificação e até o seu próprio verso”. Franklin Távora considerou-o não só como uma obra de arte em que se revelou o gênio do poeta, mas como documentário precioso devendo ser detidamente estudado, podendo se constituir um guieiro para a indagação e pesquisa dos usos, costumes e tradições populares. O amor e a dedicação de Juvenal às Letras eram tais, que só aceitava empregos no setor intelectual.
gostava do convívio das crianças, orientava as professoras e tanto se fez a esse meio que chegou a compor singelas e tocantes “CANÇÕES DA ESCOLA”, que foram impressas e distribuídas nas escolas para serem cantadas. Esse livro que se esgotou em poucos dias, consagrou-o, também, como "Poeta da Juventude". Essa obra foi adotada pelo Conselho de Instrução Pública do Ceará para uso das aulas primárias.
Desempenhou as funções de Inspetor Escolar, numa época em que os transportes eram difíceis, penosos. Só havia acesso a certos lugares por meio de animais, fazendo-se o percurso de léguas, debaixo de uma soalheira causticante de uma escola para outra, tal a distância em que ficavam localizadas. Estradas inteiramente desertas. Contudo ele trabalhava com prazer e não sentia fadigas, gostava do convívio das crianças, orientava as professoras e tanto se fez a esse meio que chegou a compor singelas e tocantes “CANÇÕES DA ESCOLA”, que foram impressas e distribuídas nas escolas para serem cantadas. Esse livro que se esgotou em poucos dias, consagrou-o, também, como "Poeta da Juventude". Essa obra foi adotada pelo Conselho de Instrução Pública do Ceará para uso das aulas primárias.
das poesias infantis de Juvenal Galeno, tive a grata satisfação de ser convidada pelo GTC – Grupo de Tradições Cearense, gravei Cajueiro Pequenino, no CD Areia do Mar alusivo aos 30 anos do Grupo (em 2012 completou 45 anos)
Nessa sua tarefa de Inspetor da Instrução Pública, ele se hospedava sempre em casa do velho pescador João Gomes, homem humilde, casado e com vários filhos, residente em Freixeiras. Numa destas ocasiões, Juvenal ouviu a narração dos sofrimentos que assaltaram inopinadamente o pescador e sua mulher, devidos à perseguição cruel de um potentado que, por vingança, aprisionara para o recrutamento militar o seu genro querido, deixando ao desamparo e na maior dor a esposa e o filho recém-nascido. Indignado, Juvenal tomou a si, com o entusiasmo que sentia na defesa das causas justas, retirar Vicente do recrutamento. Jurou que o conseguiria, afirmou destemido ao velho pescador que livraria seu genro e retornou logo a Fortaleza para não perder tempo. Escreveu então a seu cunhado e amigo Dr. José Gonçalves da Justa, que ocupava importante cargo no Rio de Janeiro, pedindo-lhe a liberdade de Vicente como o maior favor que lhe poderia prestar. O poeta era queridíssimo de toda família e seu cunhado conseguiu satisfazer-lhe o pedido. Inspirado nessa verdadeira e altamente comovedora cena da vida real, escreveu ele o conto intitulado “AMOR DO CÉU” enfeixado no seu livro “CENAS POPULARES“ editado em 1891.
Sobre “Cenas Populares” disse José de Alencar: “ livro tão original ainda não se escreveu entre nós”. Ao invés do verso, o autor preferiu a prosa em que descreve lugares, pessoas, costumes típicos de sumo interesse para o folclore em alguns contos singelos: “Os pescadores”, “Dia de feira”, “Folhas secas”, “Noite de núpcias”, etc. Esse livro foi o primeiro livro de conto publicado no Ceará.
Juvenal Galeno montou uma tipografia expressamente para impressão de “LIRA CEARENSE”, livro impresso em fascículos e distribuídos aos domingos em formato de jornal, com o mesmo título, Lira Cearense, com seu primeiro número circulando a 7 de janeiro de 1872. Fascículos depois reunidos em um volume, dividido em três partes: Lira Popular, Lira Americana e Lira Íntima.
Foi nomeado em 19 de maio de 1876 terceiro suplente do Juiz Municipal de Pacatuba. Naquele ano casou-se com sua vizinha Dona Maria do Carmo Cabral , filha do Comendador Cabral de Melo. Depois de alguns anos, Juvenal e sua esposa querendo proporcionar uma melhor educação para os três filhos: José, Antônio e Maria do Carmo, deixam o sítio e vão morar num sobrado da Vila de Pacatuba. Até 1886, o seu domicílio seria a Vila de Pacatuba, em cujas ruas mantinha um estabelecimento de lojista. Em 1887 fixa residência em Fortaleza, na Rua General Sampaio 1128, ali nascendo João, Henriqueta e Júlia. Em 1887 quando da fundação a 4 de março do Instituto do Ceará, foi considerado Sócio Fundador daquela entidade. Dois anos depois, em 1889 foi nomeado pelo presidente da Província de Fortaleza, Caio Prado, para a função de Diretor da Biblioteca Pública, então localizada na Rua Sena Madureira, cargo que ocupou por longos dezenove anos. Nesta função divertia-se em policiar a leitura dos estudantes tirando-lhes das mãos as obras de Júlio Verne substituindo-as pela História de um Bocadinho de Pão. Juvenal Galeno costumava dizer, amava aquela repartição como se fosse um de seus próprios filhos.
27/09/1836  -  7/03/1931
O Conde D”Eu quando por aqui passou antes da inauguração do regime republicano, comparecendo à recepção que lhe foi oferecida, em palácio, pelo presidente da Província, foi apresentado ao nosso poeta. E para espanto da altas figuras ali presentes, o genro do imperador em voz alta, recitou, naturalmente querendo dar provas de que já conhecia muitas de suas poesias, algumas estrofes de “O Filho do Vaqueiro”. Juvenal por algum tempo escreveu no Jornal “A CONSTITUIÇÃO”, um dos mais lidos no século XIX, em Fortaleza. Suas crônicas eram verdadeiras caricaturas dos costumes então em uso, e assim, ora em versos tersos e vibrantes, ora em prosa causticante, ele combatia a torto e direito os vícios e abusos daquela época. Acastelava-se por identificar o autor, e “A CONSTITUIÇÃO” aumentava a tiragem, esgotando-se, tal era a procura. O poeta mostrou-se, nesse gênero, de uma verve admirável, e ora enérgico e destemido, ora trocista e brincalhão, ia fazendo cócegas e irritando aqueles em cuja cabeça a carapuça tão bem se ajustava. SILVANUS, com sua verve inesgotável, marcou um acontecimento no mundo social, e ele soube se haver com tal inteligência e habilidade, que não feriu diretamente a este ou aquele. E o sucesso foi tamanho que, quando o poeta deu por finda a sua publicidade, recebeu pedidos insistentes para enfeixar em livros aquelas produções. A princípio não quis fazê-lo, mas acabou cedendo, e eis, erecto e altivo o “FOLHETINS DE SILVANUS”, editado e descoberto em 1891 para gáudio de seus numerosos leitores. “Folhetins de Silvanus” é uma fina sátira dos costumes, hábitos, fielmente observados e descritos com um humorismo encantador. A maior parte do livro foi escrita em verso, em que estigmatizava o luxo, o pedantismo provinciano, a falsa ciência dos diletantes, em plena Fortaleza do século XIX. Aos setenta e três anos de idade, atacado de glaucoma, aposentou-se do serviço público, já irremediavelmente cego, isso em 1908, passando a viver da aposentadoria, dos rendimentos próprios auferidos não só da produção de seu sítio como dos aluguéis de suas vinte casas. Em 1897, Juvenal Galeno dita à sua filha Henriqueta os seus versos de “Medicina Caseira”, livro somente impresso em 1969, no cinquentenário de fundação da Casa de Juvenal Galeno.
Continuou a produzir ditando poemas para sua filha, Henriqueta Galeno que o assistiu, juntamente com sua esposa, até o fim da vida. Uma de suas imagens mais conhecidas retratou esse momento: no salão de sua residência, sentado em uma rede de varandas bordadas, as barbas alvas e longas, o olhar perdido, e a filha ao lado, sentada em uma cadeira, a tomar nota dos últimos versos ditados pelo grande bardo.
Artistas e Intelectuais fizeram da Casa de Juvenal Galeno
a tribuna onde defenderam suas ideias e sonhos.
Desde 1916, a residência do poeta era frequentada por intelectuais como Alfredo Castro, Cruz Filho, Leonardo Mota, Mário Linhares, Antônio Furtado, Irineu Filho, Antônio Sales, José Albano, Beni Carvalho, Papi Júnior, Sales Campos, José Sombra, entre outros. Atribui-se às irmãs Júlia e Henriqueta Galeno a ideia de reunir o escol das letras cearenses, nos moldes dos salões literários franceses. Por iniciativa delas, a Casa se constituiu um palco de recitais, palestras, conferências, números de canto, audições ao piano, concertos de violões e danças. Tais eventos se realizavam a propósito de qualquer ocasião: despedidas, homenagens, aniversário de membros do círculo, lançamento de livros e recepção a visitantes ou intelectuais que tornavam à capital cearense, depois de longa ausência. Tudo era motivo para as sessões literárias que se realizavam na Casa de Juvenal Galeno, em presença do velho poeta, que não tomava parte nas apresentações, mas, segundo apontavam, fazia questão de ouvi-las. Juvenal Galeno faleceu de uremia em 7 de março de 1931, aos noventa e cinco anos de idade, deixando como herança para Fortaleza uma volumosa e valiosa produção literária, a democracia de seus Salões, a riqueza de sua biblioteca e a Casa onde residem a memória e a tradição da cultura cearense.
Nesse espaço cultural foi criado em 1969 o Clube dos Poetas Cearenses pelo poeta Antônio Carneiro Portela – agremiação de jovens sonhadores que se reuniam aos sábados. Foi ali que diversos jovens – com talento para as letras – iniciaram, e hoje figuram na lista dos principais autores da literatura cearense. Dentre os jovens idealistas que frequentavam a Casa, destacam-se – Carneiro Portela, Márcio Catunda, Vicente Freitas, Guaracy Rodrigues, Mário Gomes, Stênio Freitas, Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, Costa Senna, entre outros. A escritora Nenzinha Galeno, neta do ilustre poeta Juvenal Galeno, era uma das maiores incentivadores desse movimento sociocultural.
  
a Ala Feminina congrega a cultura da mulher cearense.
Iniciativa da filha Henriqueta Galeno
considerada bastante audaciosa pra época
Casa de Juvenal Galeno e a Ala Feminina
A idéia de criar a Casa foi concebida em 1919, quando o poeta ainda vivia, por Henriqueta Galeno, que dava assim o testemunho do amor e dedicação que tinha ao pai, abandonando, inclusive a seu pedido, a carreira de jurista.
No aniversário do poeta, 27 de setembro daquele ano, ocorreu a fundação do Salão Juvenal Galeno no mesmo endereço residencial do poeta. No salão, eram apresentadas a um público seleto e numeroso, não só escritores, poetas e artistas locais, como aqueles de outras procedências que visitavam a capital cearense. Em breve tempo tornou-se famoso, por suas palestras e reuniões que atraiam os mais dignos nomes das letras no Ceará, com Mário da Silveira, Dolor Barreira, Filgueiras Lima, Euclides da Cunha, Patativa do Assaré, Raquel de Queiroz, Demócrito Rocha, Quintino Cunha, entre outros, que fizeram da Casa a tribuna onde defenderam suas ideias e sonhos.
A semente plantada naquele ano tomou proporções gigantescas, pelo seu objetivo exemplar de manter aceso o gosto pelas letras e estimular os jovens que já se iniciavam em tímidas reuniões de grêmios estudantis, e em 1936, cinco anos após a morte do ilustre cearense, Henriqueta inaugurou o salão nobre da instituição, que a partir de então, passou a chamar-se Casa de Juvenal Galeno e que, tem prestado incontáveis serviços à vida intelectual do Ceará, sob a orientação incansável de Henriqueta Galeno e posteriormente por Cândida (Nenzinha), Alberto, Amilcar e atualmente pelo bisneto do poeta, Antônio Galeno.
A Casa de Juvenal Galeno é hoje uma instituição oficial de cultura, reconhecida pelo Governo, graças aos esforços contínuos e pertinazes da filha do poeta, essa culta, brilhante e dinâmica Henriqueta Galeno, que todo Ceará conheceu. A fundação de tão admirável instituto que cultua a memória do vate cearense realizou-se a 27 de setembro de 1919, quando ele ainda vivia, como simples Salão Juvenal Galeno, onde eram apresentados a um público seleto, sempre numeroso e atento, aplaudidos e estimulados, não só escritores, poetas e artistas locais, como aqueles de outras procedências que visitavam a capital cearense. Esse notável salão literário teve horas verdadeiramente triunfais e a ação de Henriqueta Galeno através dele se fez sentir admiràvelmente na elevação e no desenvolvimento do meio intelectual da cidade. Tornou-se no decurso dos anos um foco irradiante de cultura, bom gosto e espiritualização, vencendo todos os óbices duma época irreverente e materialista.
A Casa possui no corredor da entrada, duas estátuas de mármores que recepcionam os visitantes – uma representando a música e a outra, a maternidade.
No vasto Salão Alberto Galeno, há um mobiliário antigo de luxo, fotos, livros, diplomas, certificados e comendas da família Galeno.
Na Sala dos Espelhos, decoram o ambiente uma ampla marquesa, espelhos de cristais, consolos de mármore, cadeiras de palhinhas, mesas de mármore, bustos de Goethe e Schiller, uma escrivaninha de Juvenal Galeno e um móvel envidraçado onde estão guardados objetos de uso pessoal do poeta.
A Casa possui dois grandes auditórios: O principal, chamado Henriqueta Galeno, tem capacidade para 120 pessoas e dispõe de um palco com um piano de meia cauda e obras do pintor Otacílio Azevedo. O outro auditório – chamado Nenzinha Galeno - é ao ar livre, sombreado por frondosas mangueiras, com capacidade, também, para 150 pessoas.
Nos auditórios da Casa de Juvenal Galeno, muitas das grandes vozes do Ceará e do Brasil se têm feito ouvir em memoráveis sessões. Além de consagrar escritores, poetas e artistas, aqueles cenáculos os lançam e animam. São os grandes salões literários do Ceará, onde dignamente se apresentam à gente culta do Estado, os valores antigos e os novos do Brasil.
Em 1958, a Casa de Juvenal Galeno oferecia à comunidade cearense, mais um grande serviço, com criação da Biblioteca, que partiu inicialmente dos livros pertencentes ao Poeta, depois foram incorporadas as bibliotecas de Mozart Monteiro e a de César Coelho. Atualmente a Biblioteca conta com um acervo de aproximadamente 20.000 livros nacionais e estrangeiros. Somente de autores cearenses, as bibliotecárias catalogaram umas 1.200 obras, fora os 3.256 folhetos e outros tantos periódicos. A Biblioteca da Casa de Juvenal Galeno, portanto, é um dos maiores acervos em obras que são verdadeiras relíquias da história das nossas letras, como mais uma grande opção para a pesquisa histórica, social e científica.
No Salão Júlia Galeno, existem móveis centenários de luxo, faqueiros de prata, conjunto de louças importadas (pertencentes a mãe de Juvenal Galeno), cristais e vários outros utensílios utilizados pela família Galeno.
Considerado o principal abrigo dos poetas que ainda não tem nome conhecido nos meios cearenses, a Casa de Juvenal Galeno sempre esteve de portas abertas a todas as manifestações , com destaque especial para novos, que sempre encontraram na Casa um espaço aberto para cantar as angústias, sonhos e anseios que bem caracterizam a alma poética. Em cada canto, em cada móvel da antiga Casa, a presença viva do grande poeta que dedicou sua obra literária aos versos populares, revelando-se uma inesgotável fonte de criatividade, através de versos puros de extrema sensibilidade, que perpetuaram o seu nome em todo o país.
a Ala Feminina
Ainda em 1936, Henriqueta criou, dentro da própria Casa, a Ala Feminina, com o objetivo de congregar a cultura da mulher cearense, que tinha na própria Henriqueta, um de seus nomes mais representativos. Na época, a iniciativa foi considerada bastante audaciosa, frente aos tabus que limitavam as atividades femininas, apenas à vida doméstica. A filha do poeta confirmava , mais uma vez o seu espírito empreendedor, de visão ampla e futurística, quebrando os preconceitos e dando à mulher cearense um espaço para dizer os seus dons, na poesia, na prosa, enfim na literatura em geral. Mais tarde em 1949 as sócias lançavam a revista “Jangada”, que circulou até setembro de 1954, servindo como meio de divulgação, não só das atividades da Ala, como de todos os empreendimentos da instituição.
Ao longo de sua existência, a Ala Feminina tem estabelecido intercâmbio cultural com vários estados do Brasil e do exterior. Durante muito tempo a entidade manteve coluna no extinto jornal “Correio do Ceará” que, juntamente com a revista Jangada divulgavam o nome de mulheres famosas nas letras, como Heloneida Studart, Maria de Lourdes Vasconcelos pinto, Evangelina Acióli, Risette Cabral Fernandes, Adísia Sá e tantas outras.
Atualmente a Ala conta com um número considerável de beletristas, que fazem da Casa de Juvenal Galeno um “organismo vivo”, atuando com destaque em diversos momentos da vida artística e cultural cearense.
Casa de Juvenal Galeno é hoje um dos maiores centros da cultura cearense, congregando várias entidades: Centro Cultural dos Cordelistas – CECORDEL, Comissão Cearense de Folclore, Cooperativa de Cultura do Ceará – COOPECULTURA, Associação de Ouvintes de Rádio – AOUVIR, Academia Feminina de Letras do Estado do Ceará - AFELCE, Associação dos Escritores Cearenses - ACE, Núcleo dos Amigos dos Mágicos do Ceará - NUAMAC e a Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, todas estas entidades realizam reuniões regulares e mantém intercâmbios com outros grupos e entidades afins, em quase todo o Brasil, divulgando o potencial artístico e cultural do Ceará.
Nesse espaço cultural foi criado em 1969 o Clube dos Poetas Cearenses pelo poeta Antônio Carneiro Portela – agremiação de jovens sonhadores que se reuniam aos sábados. Foi ali que diversos jovens – com talento para as letras – iniciaram, e hoje figuram na lista dos principais autores da literatura cearense. Dentre os jovens idealistas que frequentavam a Casa, destacam-se – Carneiro Portela, Márcio Catunda, Vicente Freitas, Guaracy Rodrigues, Mário Gomes, Stênio Freitas, Aluísio Gurgel do Amaral Júnior., Costa Senna, entre outros. A escritora Nenzinha Galeno, neta do ilustre poeta Juvenal Galeno, era uma das maiores incentivadores desse movimento sociocultural.
Hoje, apesar da cidade ter ganho novos espaços culturais, ainda é palco de reuniões de trovadores, cordelistas , folcloristas, repentistas, jornalistas, escritores e poetas.
A Casa de Juvenal Galeno localizada na Rua General Sampaio, 1128, no Centro, é aberta ao público diariamente das 8h às 17h, aos sábados de 8h às 12h e no segundo domingo de cada mês das 15h às 19h. A Casa é dirigida pelo bisneto de Juvenal Galeno, Dr. Antônio Galeno.

No Blog: Fortaleza em Fotos, no link abaixo, você passeia pela casa com a história em cada espaço. Aproveite, é um deleite!