"Se a gente cresce com os golpes duros da
vida, também pode crescer com os toques suaves na alma!” Afinal, alma não
tem cor...
Se me perguntassem qual o resultado da audiência do dia 16 de fevereiro
passado sobre o caso da discriminação sofrida por minha filha, simplesmente
diria: Difícil, muito difícil. Mas acho que a audiência foi boa do ponto de
vista do esclarecimento dos fatos. Mesmo apesar de somente uma testemunha ter
sido ouvida, a outra faltou...
Alguém também disse que com certeza por causa dessa minha ação virão
outras. Eu penso e espero que tudo isso sirva pelo menos para esse fim. Que eu
estaria a desbravar campos nunca dantes em nossa provinciana cidade. Pois
digo, a intenção era exatamente não ser silente.
Nem havia pensado assim e me surpreendi com a indagação se conhecíamos
outro caso em Fortaleza. Se houve foi muito bem abafado.
Necessário dizer tem-me sido tudo muito duro. Uma barra, pois há muita
controvérsia. Expomo-nos ao julgamento dos hipócritas de plantão a nos
condenar. É fato.
Também já se bradou: muitos verão em ti a personificação da coragem.
Tenho recebido duras críticas que acham que exponho minha filha. Entretanto,
não se fazem omeletes sem quebrar os ovos. Outra verdade.
Deus sabe quanto é difícil. Mas eu não podia calar. Meu filho mais
velho, que também é padrinho de minha filha, fez questão que entrássemos com a
ação. No dia que ocorreu o fato eu não contei a ninguém. Somente no dia
seguinte ele soube e reagiu indignado.
Aconselharam-me a usar a consciência como conselheira e ver que estou
certa, mesmo sendo a primeira. Por isso mesmo a barra pesaria ainda mais.
Fiquei surpresa. Pensava que era só mais uma, juro. Afinal, nossas raízes
históricas não nos revelam outra coisa. Todavia, o que me conforta é saber que
no futuro fatos semelhantes encontrarão o caminho aberto.
Ao ouvir que ser a primeira não é fácil, espantei. Principalmente numa
sociedade hipócrita e medrosa das consequências de um ato assim. Pioneirismo?
Disso? Queria não... Quando até o juiz não conseguiu disfarçar o espanto com
tamanha... Não entrei em detalhes nos artigos nem nas postagens publicadas com
relação ao que houve de fato. Enquanto uns me criticam pela exposição, outros
até insistem que eu deva publicar.
Penso que deveria esperar o resultado, o juiz marcou para 11 de abril a
audiência que vai ouvir a outra testemunha. Entretanto, faço aqui breve relato,
sem muitos detalhes.
No domingo 6 de dezembro de 2009, saindo do provador da Renner, uma grande loja
de departamentos no Shopping Iguatemi, em Fortaleza/CE, com minha filha, então
com 11 anos de idade, ao devolver a plaquinha a funcionária indaga da minha
filha pela roupa que ela estava vestida. Minha filha me olha assustada e eu
pergunto do que se trata. A funcionária torna a indagar sobre a roupa que minha
filha está vestida e eu respondo que é dela. Afinal, ela não entrara despida
ali. A funcionária, como que incomodada com a minha "intromissão"
pergunta, dessa vez para mim, o que eu tinha com isso e quem era eu. Respondi
simplesmente: sou a mãe da criança.
Busquei discretamente a gerência da loja, evitando que minha filha
percebesse tamanha gravidade. A princípio, disse da minha intenção de não
querer prejudicar a funcionária. Também não queria que acontecesse mais aquele
constrangimento, ou melhor aquele crime. Nem comigo nem com minha filha. Nem
com qualquer ser humano que adentrasse aquele estabelecimento ou qualquer outro
ambiente.
Ao relatar o fato na gerência, uma senhora tocou em mim e disse que eu estava agindo muito bem, que ela havia me seguido e disse ter presenciado tudo e queria ter certeza de que eu iria buscar justiça. Presenciou tudo, contou mais detalhes sobre o acontecido, inclusive a reação da jovem funcionária ao saber que sou a mãe da menina em questão. Disse que ela deu de ombros e riu com sarcasmo como que duvidando da possibilidade de eu ser a mãe daquela pequena...
Ao relatar o fato na gerência, uma senhora tocou em mim e disse que eu estava agindo muito bem, que ela havia me seguido e disse ter presenciado tudo e queria ter certeza de que eu iria buscar justiça. Presenciou tudo, contou mais detalhes sobre o acontecido, inclusive a reação da jovem funcionária ao saber que sou a mãe da menina em questão. Disse que ela deu de ombros e riu com sarcasmo como que duvidando da possibilidade de eu ser a mãe daquela pequena...
Depois de a gerente ter falado com a funcionária, retornou com o
argumento da jovem ter estranhado a menina estar “sozinha e descalça”...
Naquele instante configurou-se ainda mais o crime de racismo. Ela não conseguia aceitar que eu fosse a mãe da criança, já que em nem um momento ela esteve sozinha, e menos ainda descalça. Minha filha calçava sandálias cor da pele - dela, ou seja, marrom... A tal gerente "morreu" ao observar que eu mostrava a sandália apontando...
Naquele instante configurou-se ainda mais o crime de racismo. Ela não conseguia aceitar que eu fosse a mãe da criança, já que em nem um momento ela esteve sozinha, e menos ainda descalça. Minha filha calçava sandálias cor da pele - dela, ou seja, marrom... A tal gerente "morreu" ao observar que eu mostrava a sandália apontando...
Pois é, aqui e acolá essas coisas acontecem pra movimentar nossa
vidinha.
Os dias que antecedem tais audiências são muito difíceis. Choro
bastante, tremo, trabalho sem estar bem. Dessa vez tirei uns dias de férias,
pois tinha dúvidas ao agir. Agora me sinto melhor pelas demonstrações de apoio,
mesmo sabendo - tenho consciência - que ainda sofrerei muito com isso. Agora,
tenho que focar minha meta na justiça e na dignidade humana. E, outrossim,
fechar os ouvidos às críticas destrutivas que tentam nos arrefecer da luta. As
leis existem, os direitos também. Nossa obrigação cidadã é conhecê-los e
defendê-los.
Sobreviver neste mundo cheio de contrastes e hipocrisias já é um
desafio. Continuar na batalha, mesmo que possa ser uma "luta
inglória", como insistem alguns, então. Gandhi disse que a alegria está na
luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita.
Não que eu sinta alegria nessa luta. Mas certamente me causaria profunda
tristeza não enfrentá-la. Sinto profunda necessidade de seguir com
determinação. Ainda mais sendo uma boa causa e uma boa luta. Combater o bom
combate, sempre terá para mim a mesma intenção das palavras que proferi ao
buscar a gerência naquele dia:
O DIREITO DE SER E DE SER RESPEITADA!
Pelo direito de sermos iguais ou diferentes!
*15 de fevereiro, vésperas da Audiência de 16, outro Artigo (1º falando no assunto) foi publicado, inclusive no Blog da Dilma, confiram: FORA COM RACISMO E/OU HIGIENIZAÇÃO ÉTNICO-SOCIAL!
http://glaucialimavoz.blogspot.com.br/2012/02/fora-com-racismo-eou-higienizacao.html
A Solidariedade humana ultrapassa
nosso entendimento e é uma das formas mais lindas e puras de transmitir ao
próximo nosso carinho e nosso coração. Ato Nobre que nunca faz mal, pelo
contrário, é aquela mão que encontramos quando a nossa está estendida na
angústia das incompreensões da vida. É
Ação Generosa, sublime, pois é desinteressada. Se tivermos generosidade da solidariedade,
encontraremos amor na humildade do que a recebe.
FORA COM RACISMO E/OU
HIGIENIZAÇÃO ÉTNICO-SOCIAL!
Minha prezada amiga Gláucia, sabes que tem em mim um amigo incondicional. Sei o quanto te custa a exposição, mas as vitórias e exemplos não são para os fracos. Ouse, sabendo que teu exemplo há de ter seguidores. Divulgue aos quatro cantos do mundo, já que estás na chuva, dance conforme a musica. Sei que és merecedora de encabeçar esta luta, pois os fardos são distribuidos conforme a fortaleza dos ombros que os carregarão. Meus parabéns e me repetindo, conte sempre comigo. Do amigo Francisco Crisóstomo.
ResponderExcluirDeus o abençoa! foste fundamental em força e amizade...
ExcluirAguardaremos a Justiça dos homens na esperança e na confiança na de Deus! obrigada!
Bravo.
ResponderExcluirDISCRIMINAÇÃO É CRIME INAFIANÇÁVEL.
Vai em frente, Gláucia. Você tem o país inteiro
em teu favor. Essa luta não é só sua.
É de todos os brasileiros. De todos os que honram a coragem de combater em defesa dos direitos humanos. Isso, você está fazendo. Vai em frente.
Há um mundo com você. Paz e sucesso no seu projeto de humanidade e respeito pela vida.
Um abraço cheio de energias positivas.
Deus o abençoa! és partícipe nesta batalha... foste mt importante nestes dias...
ExcluirAguardaremos a Justiça dos homens na esperança e na confiança na de Deus! obrigada!
Parabéns! hoje comentei com o Cris a respeito da omissão das pessoas diante de tantas injustiças. Nos omitir é o mesmo que praticar o próprio mal.
ResponderExcluir"Sei o quanto é doloroso , principalmente quando se trata de expormos nossos pequenos tesouros, que são nossos filhos... Mas "você é muito grande", e com certeza servirá de exemplos pra muitos que silenciam a dor do preconceito, seja ele qual for... Um caloroso Abraço... Ray Dantas
Deus a abençoe!
ExcluirAguardaremos a Justiça dos homens na esperança e na confiança na de Deus! obrigada!
Gláucia, parabéns pela sua coragem e determinação em enfrentar uma situação tão aviltante como essa. É triste a cena que você descreve de como se deu o racismo da funcionária dessa loja. Mas é assim que funciona. Se fosse uma menina loura de olhos azuis, duvido que a reação da funcionária fosse a mesma. Enfim, sociedade triste, injusta, doentia esta em que somos julgados - e pré-condenados - pela cor da nossa pele. Todo o apoio, toda a força para você e sua menina nessa luta. Esse crime tem de ser pago por quem cometeu! Abraço, força e luta!
ResponderExcluirDívida histórica da nossa pátria...
ExcluirDeus o abençoa!
Aguardaremos a Justiça dos homens na esperança e na confiança na de Deus! obrigada!
Força Gláucia! Conte comigo!
ResponderExcluirDeus o abençoa!
ExcluirAguardaremos a Justiça dos homens na esperança e na confiança na de Deus! obrigada pela força!