segunda-feira, 2 de junho de 2014

Emma Goldman - escritora, feminista, sindicalista, antimilitarista, ativista anarquista e oradora

- uma livre pensadora ou uma "mulher rebelde"?
Ela desenvolveu novas formas de incorporar políticas de gênero no anarquismo, escrevia sobre a emancipação da mulher, problemas sociais e a luta sindical. Emma Goldman também defendeu o direito dos gays e lésbicas a se relacionarem como desejassem e condenou o medo e o estigma associado com a homossexualidade. Como muitas das feministas da atualidade, ela entendia o aborto como uma trágica consequência das condições sociais, e o controle de natalidade como uma alternativa positiva.
Goldman falou e escreveu extensivamente sobre um amplo escopo de assuntos. Enquanto rejeitava a ortodoxia e o pensamento fundamentalista, contribuiu também para diversos campos da filosofia política moderna. Ela foi influenciada por muitos pensadores e escritores, incluindo Mikhail BakuninHenry David ThoreauPiotr KropotkinRalph Waldo EmersonNikolai Chernyshevsky, e Mary Wollstonecraft. Outro filósofo que influenciou Goldman foi Friedrich Nietzsche. Em sua autobiografia ela escreveu:
"Nietzsche não foi um teórico social, mas um poeta, um rebelde e inovador. Sua aristocracia não era por nascimento ou dinheiro; era em espírito. A esse respeito Nietzsche era um anarquista, e todos os verdadeiros anarquistas foram aristocratas."
—em Anarquismo, p. 62.


escritora, feminista, sindicalista,
antimilitarista, ativista anarquista e oradora
"ideias e ideais pelos quais ela lutou por toda sua vida: liberdade de expressão, liberdade sexual, igualdade racial e independência, pelo direito de organizarmo-nos em nossos trabalhos e em nossas próprias vidas, ideias e ideais pelos quais continuamos lutando, mesmo hoje".
Emma Goldman nasceu em Kaunas, parte da Lituânia contemporânea.
Emma Goldman nasceu em Kaunas, dia 27 de junho de 1869  faleceu em Toronto, há 14 de maio de 1940
Goldman tornou-se uma renomada ensaísta de filosofia anarquista e escritora, escrevendo artigos anticapitalistas bem como sobre a emancipação da mulher, problemas sociais e a luta sindical.
Goldman foi presa várias vezes nos anos que se seguiram, por "incentivar motins" e ilegalmente distribuir informações sobre contracepção.3 Em 1906, Goldman fundou o jornal anarquista Mother Earth (Mãe Terra).
“O capitalismo sabe corromper aqueles que deseja destruir.” Emma Goldman
Emma ficou conhecida por seu ativismo, seus escritos políticos e conferências que reuniam milhares de pessoas nos Estados Unidos. Teve um papel fundamental no desenvolvimento do anarquismo na América do Norte na primeira metade do século XX.
Enquanto viveu em Inglaterra, Canadá e França escreveu uma autobiografia chamada Vivendo Minha Vida (Living My Life).5 Com o início da Guerra Civil Espanhola, em 1936, Emma, já com mais de 60 anos, viajou até a Espanha para apoiar a Revolução Anarquista.
Durante sua vida, Goldman foi celebrada por seus admiradores, como uma livre pensadora e "mulher rebelde", e achincalhada pelos adversários, como sendo defensora de assassinatos políticos e revoluções violentas. Seus escritos e conferências abrangeram uma variedade de assuntos, incluindo o sistema prisional, ateísmo, liberdade de expressão, militarismo,capitalismo, casamento e emancipação das mulheres. Também desenvolveu novas formas de incorporar políticas de gênero no anarquismo.
“Em uma sociedade sustentada pela mentira, qualquer expressão de verdade é vista como loucura.” Emma Goldman
Após décadas de obscuridade, nos anos 1970 a vida e a obra de Emma Goldman voltaram a ser reconhecidas na medida em que acadêmicas, feministas e anarquistas passaram a se interessar por ela. Este interesse implicou uma nova onda de divulgação de seu legado, com publicações de seus artigos e livros sendo relançados, e citações e imagens suas sendo estampadas em camisetas e cartazes.
É creditada a ela diversos ditos marcantes do anarquismo entre estes a famosa frase que diz - "Se não posso dançar, não é minha revolução" - capaz de definir de maneira simples a ideia anarquista de liberdade.


Feminismo

Ainda que fosse hostil a primeira onda do feminismo e seus objetivos sufragistas nos Estados Unidos, Emma Goldman defendia apaixonadamente a emancipação das mulheres, e é hoje considerada uma das fundadoras do anarcofeminismo, que se contrapõe tanto ao patriarcado como também à hierarquia se manifeste ela em divisões de classe ou na estrutura do estado. Em 1897 ela escreveu:
"Busco a independência da mulher, seu direito de se apoiar; de viver por sua conta; de amar quem quer que deseje, ou quantas pessoas deseje. Eu busco a liberdade de ambos os sexos, liberdade de ação, liberdade de amor e liberdade na maternidade." Emma Goldman
Um enfermeira por profissão, ela era desde cedo uma defensora da educação das mulheres com relação aos métodos contraceptivos. Como muitas das feministas da atualidade, ela entendia o aborto como uma trágica consequência das condições sociais, e o controle de natalidade como uma alternativa positiva. Goldman também defendia o amor livre, e realizou uma forte crítica do casamento. Ela viu nas feministas que lhe precederam uma perspectiva confinada em seu escopo e limitadas por forças sociais do puritanismo e do capitalismo. Escreveu:
"Temos a necessidade de libertarmo-nos das velhas tradições e hábitos. O movimento para a emancipação feminina desde então conseguiu dar apenas o primeiro passo nesta direção."
—Goldman, Anarchism, p. 224.
Goldman em meio a multidão na Union Squareem 1916,
chamando os trabalhadores desempregados
a abraçarem a 
ação direta ao invés de dependerem
da caridade dos ricos ou da ajuda do governo
.
Homossexualidade
"Ela foi a primeira e única mulher, e mesmo a primeira e única americana, a se levantar em defesa do amor homossexual antes do público em geral" 
Goldman foi também uma dura crítica da perseguição aos homossexuais. Ela acreditava que a libertação sexual deveria se estender às demandas dos gays e lésbicas que virtualmente não eram sequer ouvidos em sua época, mesmo pelos anarquistas. Como Magnus Hirschfeld escreveu, "Ela foi a primeira e única mulher, e mesmo a primeira e única americana, a se levantar em defesa do amor homossexual antes do público em geral" Em inúmeras conferências e cartas ela defendeu o direito dos gays e lésbicas a se relacionarem como desejassem e condenou o medo e o estigma associado com a homossexualidade. Como Goldman escreveu em uma carta para Hirschfeld, "É uma tragédia, sinto que essas pessoas de tipo sexual distinto são lançadas em um mundo que mostra tão pouca compreensão com relação aos homossexuais e é tão rudemente indiferente às várias gradações e variações de gênero em sua grande significação na vida."
Liberdade de expressão
Anarquismo luta pela liberação da mente humana do domínio da religião. Pela liberação do corpo humano do domínio da propriedade. Pela liberação das cadeias e restrições governamentais. O anarquismo luta por uma ordem social baseada na livre associação dos indivíduos.” Emma Goldman
Como anarquista, Goldman atuou em inúmeras causas relacionadas às liberdades humanas, especialmente no que se refere à liberdade de expressão. Constantemente perseguida por sua defesa do anarquismo bem como por sua oposição a Primeira Guerra Mundial, Goldman foi ativa no movimento por liberdade de expressão no início doséculo XX, vendo nesta forma de liberdade uma necessidade fundamental para atingir a mudança social. Sua defesa incansável de seus ideais e suas colocações frente as inúmeras prisões que sofrera inspirariam toda uma geração de ativistas pró liberdades civis, entre eles Roger Baldwin, um dos fundadores da União Americana Por Liberdades Civis.
O movimento feminista do final da década de 1960 e da década de 1970, que "redescobriu" Emma Goldman, foi acompanhado pela ressurgência do movimento anarquista, o que também chamou a atenção dos pesquisadores para os anarquistas do início do século XX. O crescimento do feminismo também suscitou uma valorização do trabalho filosófico de Goldman por parte de estudiosos que passaram a destacar a sua significativa contribuição teórica para o anarquismo de seu tempo. Goldman acreditava, por exemplo, em uma estética anarquista, cuja influência podia ser percebida nas artes. Simultaneamente, a ela foi creditado o pioneirismo na abordagem de um amplo espectro de questões sociais - desde as liberdades sexuais e dos direitos reprodutivos à liberdade de expressão e ao movimento anti-carcerário.
"Se não posso dançar não é minha revolução." Emma Goldman
Emma Goldman se uniu a Margaret Sanger* em sua cruzada para
que as mulheres tivessem
acesso a 
controle de natalidade;
ambas foram presas por
violarem a 
lei de Comstock.
*Margaret Sanger ironicamente era contrária ao aborto, mesmo sendo a responsável pela primeira clinica de aborto dos Estados Unidos, ela o considerava muito perigoso para as mulheres, além de ser ilegal na época. Seus esforços no sentido da contracepção, que incluíram a obtenção de financiamento para pesquisas que levariam à criação da pílula, tinham como foco tornar o aborto menos necessário.
Ao fundar a Liga Americana de Controle de Natalidade, em 1921, com vista a tornar o planejamento familiar mais acessível à classe média, ela incorporou aos princípios fundadores os seguinte dizeres.
Nós sustentamos que as crianças devem ser (1) Concebidas em amor (2) Nascidas de um desejo consciente da mãe (3) E geradas apenas em condições que possibilitem uma descendência sadia. Assim, sustentamos que toda mulher deve possuir a liberdade e o poder de prevenir a concepção até que essas condições sejam satisfeitas.
Emma Goldman sentada em
um bonde no qual há uma
 propaganda militar pró-alistamento
 com a imagem do Tio Sam.
Goldman foi presa por dois anos
por se opor ao alistamento 
militar durante a Primeira Guerra.
Berkman e ela organizaram a Liga Anti-Alistamento (No Conscription League) de Nova Iorque, que declarava: "Nos opomos ao alistamento porque somos internacionalistas, antimilitaristas, e contra todas as guerras perpetradas por governos capitalistas."
Em 15 de julho de 1917, Goldman e Berkman foram presos durante uma batida em seus escritórios de onde "um vagão carregado de gravações e propaganda anarquista" foi apreendido pelas autoridades. O New York Times reportou que Goldman pedira para colocar um figurino mais adequado, e aparecera em um vestido de "púrpura real". A dupla foi processada por conspiração por "induzir pessoas a não se alistarem" sob o recentemente aprovado Ato de Espionagem de 1917, tendo que pagar uma fiança de 25 mil dólares cada um. Defendendo a ela e a Berkman durante seu julgamento, Goldman evocou a Primeira Emenda, perguntando como o governo podia clamar estar lutando por democracia no estrangeiro enquanto suprimia a liberdade de expressão em casa?
Afirmamos que se os Estados Unidos entraram na guerra para fazer o mundo seguro para a democracia, eles precisam primeiro assegurar a democracia nos Estados Unidos. De que outra forma o mundo poderia levar os Estados Unidos com seriedade, quando a democracia em casa é diariamente ultrajada, a liberdade de expressão suprimida, e assembleias pacíficas interrompidas por gangsters brutais e autoritários de uniforme; quando a liberdade de imprensa é restringida todas as opiniões independentes são sufocadas? De fato, pobre como somos em democracia, como podemos oferecê-la ao mundo?

Na década de 1930, os livros de Emma Goldman encontravam-se traduzidos para um grande número de idiomas, haviam se tornado fonte de inspiração para novas gerações de anarquistas, radicais e revolucionários não só nos Estados Unidos, mas nos quatro cantos do mundo. Em 1934 o escritor chinês Ba Jin publicou seu livro O Geral, ou Confissões - O Clamor da Meu Espírito (The General, or Confessions - The Outcry of My Soul) dedicando-o a Emma Goldman.135
Em sua carinhosa dedicatória, este que viria a ser reconhecido mais tarde como um dos maiores escritores da China, reconheceu a importância de Emma Goldman em sua trajetória e escolhas, conferindo a libertária o mérito de tê-lo "despertado aos 15 anos de idade, salvando-o de um desastre"
O grande escritor e libertário
chinês, 
Ba Jin, em 1938,
para quem desde a adolescência,
Emma Goldman foi fonte
de inspirações e reflexões.
Quando os eventos que precederam a Segunda Guerra Mundial começaram a se desenrolar na Europa, Goldman reinteirou sua oposição à guerras levadas a cabo por governos. "Por mais que eu abomine Hitler, Mussolini, Stalin e Franco," ela escreveu a um amigo, "não poderia apoiar uma guerra contra eles por democracias que, em última análise, são apenas regimes fascistas disfarçados.”
O túmulo de Emma Goldman
no cemitério German Waldheim.
As datas gravadas estão incorretas.
No sábado de 17 de fevereiro de 1940, Goldman sofreu um derrame cerebral debilitante, ficando paralisado todo seu lado esquerdo, e ainda que sua audição não tenha sido afetada, ela não mais conseguia falar. Como descrita por um amigo: "Só de pensar que lá estava Emma, a grande oradora da América, incapaz de pronunciar uma palavra." Nos três meses seguintes houve uma aparente melhora, e Emma recebendo visitantes em uma ocasião, foi capaz de apontar para seu livro de endereços para indicar para um amigo possíveis contatos que o auxiliariam durante uma viagem para o México.
No dia 8 de maio ela sofreu mais um sério derrame. Seis dias depois, no dia 14 daquele mesmo mês, Emma Goldman morreu na cidade de Toronto, Canadá. Frente a pressão da opinião pública, o Serviço de Naturalização e Imigração estadunidense permitiu que seu corpo fosse trazido de volta aos Estados Unidos para ser velado e enterrado.
Os restos mortais de Emma Goldman foram enterrados no cemitério German Waldheim, em Forest Park, Illinois, um subúrbio deChicago. Neste mesmo cemitério estão localizados os túmulos de outros anarquistas, ativistas sociais e sindicais, entre estes os túmulos de August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer, George Engel e Louis Lingg - libertários mortos e executados em consequência da revolta de Haymarket em maio de 1886.
uma livre pensadora ou
uma "mulher rebelde"?
Goldman tornou-se bem conhecida durante sua vida, descrita entre outras formas como - "a mulher mais perigosa da América". Após sua morte e na metade do século XX, sua fama entrou em declínio. Estudiosos e historiadores do anarquismo enxergaram nela uma grande ativista e oradora, mas não reconheceram seu esforço teórico e filosófico da mesma forma que o fizeram com figuras como a de Piotr Kropotkin.
Uma das imagens mais conhecidas de
Emma Goldman, vista em
camisetas e stencils,
geralmente acompanhada
por suas citações.
Em 1970, A editora Dover Press relançou a biografia de Goldman, Vivendo Minha Vida (Living My Life), e em 1972, a escritora feminista Alix Kates Shulman publicou uma compilação dos escritos e discursos de Goldman sob o título As Falas de Red Emma (Red Emma Speaks). Estes trabalhos levaram a vida de Emma Goldman e suas reflexões para uma ampla audiência, e ela foi particularmente iconizada pelas feministas da segunda metade do século XX. Em 1973 Shulman recebeu um pedido de um de seus amigos editores para uma citação de Goldman para ser grafada em uma camiseta. Ela lhe enviou um trecho do Vivendo Minha Vida sobre "o direito de auto-expressão, o direito de todos à beleza, coisas radiantes"; fazia parte dele uma de suas mais famosas citações: "Se não posso dançar, esta não é minha revolução." Ainda que haja dúvidas frente ao fato de Goldman ser ou não a autora deste dito, na opinião de muitos libertários ele parece conter a essência de sua crença na liberdade pessoal e na auto-expressão. Variações desta fala têm aparecido em centenas de camisetas, broches, cartazes, stencils, panfletos, canecas de café, chapéus, e outros itens.





Um comentário:

  1. Gostei do blog! "Você é imagem e semelhança de Deus. Como é o seu Deus?” www.deolhonomundo.com

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