quarta-feira, 27 de setembro de 2017

#DitaduraNuncaMais

Poetisa SOLEDAD BARRET VIEDMA
"La nieta del gran Rafael Barrett luchó contra las dictaduras de Paraguay, Uruguay y Brasil. Fue asesinada en Recife, el 8 de enero de 1973. El cabo Anselmo, un infiltrado por el régimen militar en las filas revolucionarias, la entregó. El Estado brasileño pidió recientemente disculpas por su asesinato."

No dia 8 de janeiro de 1973 aconteceu um dos mais brutais crimes políticos cometidos no Brasil. Trata-se do monstruoso assassinato da poetisa e intelectual paraguaia Soledad Barret Viedma, ela foi cruelmente torturada e morta pela Ditadura Militar em Pernambuco. Soledad, que havia nascido em 6 de janeiro de 1945, aos 28 anos de idade, estava grávida de quatro meses, e mesmo assim não foi poupada. Soledad foi encontrada nua, dentro de um barril numa poça de sangue, tendo aos pés o feto de 4 meses, expelido provavelmente durante as sessões de torturas. Este foi um dos mais hediondos crimes cometidos nos anos de chumbo da Ditadura Militar, no Brasil. Soledad recebeu quatro tiros na cabeça e apresentava marcas de algemas nos pulsos e equimoses no olho direito.
Mércia de Albuquerque Ferreira, advogada de presos políticos na época, conseguiu ter acesso aos corpos removidos para o necrotério. Sobre Soledad ela declarou, em depoimento formal:
“Ela estava com os olhos muito abertos, com expressão muito grande de terror. A boca estava entreaberta, e o que mais me impressionou foi o sangue coagulado em grande quantidade. Eu tenho a impressão de que ela foi morta, ficou algum tempo deitada e depois a trouxeram. O sangue, quando coagulou, ficou preso nas pernas, porque era uma quantidade grande. E o feto estava lá nos pés dela, não posso saber como foi parar ali ou se foi ali mesmo no necrotério que ele caiu, que ele nasceu, naquele horror.”
Soledad, atuou no VPR – Vanguarda Popular Revolucionária, movimento que fazia oposição à Ditadura numa luta pela redemocratização, e que denunciava internacionalmente as práticas da torturas e assassinatos cometidos pelo regime instaurado pós 1964. A Vanguarda atuou em várias células, tendo em Olinda ponto estratégico, onde a partir de movimentos culturais expunha todo o terror ao qual o pais encontrava-se mergulhado. Soledad e outros companheiros da Vanguarda, foram mortos, pegos numa emboscada feita a partir de delação de um agente duplo infiltrado na própria Vanguarda, o Cabo Anselmo, que na ocasião militava usando o nome de “Daniel”, fato ocorrido numa chácara no Munícipio de Paulista, sendo considerado um dos crimes de maior repercussão internacional, episódio que ganhou o nome de “Chacina da Chácara de São Bento”. Na ocasião encontravam-se junto a Soledad, seus companheiros, Pauline Reichstul, Eudaldo Gómez da Silva, Jarbas Pereira Márquez, José Manoel da Silva e Evaldo Luiz Ferreira, cabe salientar que o filho que Soledad estava a esperar era de José Anselmo dos Santos ou “Cabo Anselmo” como era conhecido nos meios militares.
O último poema de Soledad Barret Viedma foi composto e endereçado para sua mãe numa forma de despedida:
Mãe, me entristece te ver assim
o olhar quebrado dos teus olhos azul céu
em silêncio implorando que eu não parta.
Mãe, não sofras se não volto
me encontrarás em cada moça do povo
deste povo, daquele, daquele outro
do mais próximo, do mais longínquo
talvez cruze os mares, as montanhas
os cárceres, os céus
mas, Mãe, eu te asseguro,
que, sim, me encontrarás!
no olhar de uma criança feliz
de um jovem que estuda
de um camponês em sua terra
de um operário em sua fábrica
do traidor na forca
do guerrilheiro em seu posto
sempre, sempre me encontrarás!
Mãe, não fiques triste,
tua filha te ama.
(Soledad Barret Viedma)

Antes, de nos posicionar admiráveis e saudosos a elogios a atos de crueldade e tortura, faz-se necessário saber que houve aqui, uma Soledad, e que sua História foi real!

- Que sua memória jamais seja esquecida!

fonte de imagem: Reprodução
texto: Olinda de antigamente

“Su hija, Ñasaindy Barret de Araújo, recibe formalmente el pedido de disculpas del Estado brasileño”, explicó el titular de la comisión.

“Outra coisa aprendi com Soledad: que a
             Pátria não é um só lugar!”

Soledad Barret (trecho de "Utopia e Barbárie", doc de Silvio Tendler)


Así la canta el artista uruguayo Daniel Viglietti:
“Otra cosa aprendí junto a Soledad
que la patria no es
un solo lugar.
Cual el libertario abuelo del Paraguay
creciendo buscó su senda y el Uruguay
no olvida la marca de su pisada
cuando busca el Norte
el Norte Brasil
para combatir…”.

Soledad Barret – retrato de Federico Caballero/2011
El gran poeta Mario Benedetti la retrata así en sus versos:
“Con tu imagen segura
con tu pinta muchacha
pudiste ser modelo
actriz
Miss Paraguay
carátula
almanaque
quién sabe cuántas cosas
pero el abuelo Rafael
el viejo anarco
te tironeaba fuertemente la sangre
y vos sentías callada esos tirones…”.

Soledad que aún te niegas a morir

Cortometraje documental en Homenaje a Soledad Barrett por el Aniversario 42° de su asesinato.

SOLEDAD que aún te niegas a morir

https://www.youtube.com/user/elcuaji1


Cortometraje documental en Homenaje a Soledad Barrett por el Aniversario 42° de su asesinato.
“con tu imagen segura
con tu pinta muchacha
pudiste ser modelo
actriz
miss paraguay
carátula almanaque quién sabe cuántas cosas
pero el abuelo Rafael el viejo anarco
te tironeaba fuertemente la sangre
y vos sentías callada esos tirones
Soledad no viviste en soledad
por eso tu vida no se borra
simplemente se colma de señales”
Mario Benedetti
Muerte de Soledad Barret
Por Carlos Pérez Cáceres

Porque su ejemplo sea bandera de las nuevas generaciones de luchadores

Nascida no Paraguai, Soledad Barret era de uma família culta e politizada, neta do renomado escritor hispano-paraguaio Rafael Barret. Por causa do ativismo político de sua família, ela viveu no exílio na Argentina e no Uruguai. Depois, decidiu ir a Cuba, onde conheceu o brasileiro José Maria Ferreira Araújo, militante da VPR exilado na Ilha. Com ele, que desapareceria em 1970, Soledad teve uma filha, Ñasaindy de Araújo Barret. No Brasil, passou também a integrar a organização.
Em 1973, a militante e mais cinco companheiros da VPR foram assassinados nos arredores do Recife (PE), num episódio conhecido como o Massacre da Chácara São Bento. O jornalista Elio Gaspari, em seu livro ‘A Ditadura Escancarada’, classifica o episódio como “uma das maiores e mais cruéis chacinas da ditadura”.
As forças da repressão conseguiram obter informações da localização dos militantes graças aos serviços de Cabo Anselmo, militar que se infiltrou na VPR e, inclusive, mantinha um relacionamento com Soledad, que estava grávida de um filho dele. Segundo o livro ‘Luta: substantivo feminino”, o cadáver de Soledad apresentava marcas de algemas nos pulsos e equimoses pelo corpo.

 8 de Março- Homenagem a Soledad.

Publicado em 08 mar 2018
Por : Aduferpe


_Adaptado e publicado por Gláucia Lima em 06 de janeiro de 2019

ROSE NOGUEIRA
“Os militares diziam que a tortura não passa nunca. Eles tinham razão.”

Presa 33 dias após dar à luz seu filho, Rose Nogueira foi torturada psicologicamente e abusada sexualmente, ela ainda guarda as marcas do período 


Rosemeire Nogueira é jornalista, militante e presidenta do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo. Foi presa pela ditadura militar em 4 de novembro de 1969, mesmo dia da morte de Carlos Marighella. Na época, militava na Ação Libertadora Nacional (ALN) e trabalhava no jornal Folha da Tarde.

Referência do Jornalismo Brasileiro, Rose Nogueira é militante dos direitos humanos, presa política no final dos anos 60 na mesma cela de Dilma Rousseff, editora do Jornal Nacional nos anos 80 e uma das criadoras de programas que fazem parte da história da televisão brasileira, como o Balão Mágico e a TV Mulher, na Rede Globo. Quando foi presa pela ditadura militar, Rose atuava na ALN (Aliança Libertadora Nacional), grupo revolucionário de Carlos Marighella. Com um bebê de apenas um mês de vida, sofreu todo tipo de tortura física e psicológica, como mãe e mulher. É uma história tocante.

RELATO

"Sobe depressa, Miss Brasil’, dizia o torturador enquanto me empurrava e beliscava minhas nádegas escada acima no Dops. Eu sangrava e não tinha absorvente. Eram os ‘40 dias’ do parto. Na sala do delegado Fleury, num papelão, uma caveira desenhada e, embaixo, as letras EM, de Esquadrão da Morte. Todos deram risada quando entrei. ‘Olha aí a Miss Brasil. Pariu noutro dia e já está magra, mas tem um quadril de vaca’, disse ele. Um outro: ‘Só pode ser uma vaca terrorista’. Mostrou uma página de jornal com a matéria sobre o prêmio da vaca leiteira Miss Brasil numa exposição de gado. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Picou a página do jornal e atirou em mim. Segurei os seios, o leite escorreu. Ele ficou olhando um momento e fechou o vestido. Me virou de costas, me pegando pela cintura e começaram os beliscões nas nádegas, nas costas, com o vestido levantado. Um outro segurava meus braços, minha cabeça, me dobrando sobre a mesa. Eu chorava, gritava, e eles riam muito, gritavam palavrões. Só pararam quando viram o sangue escorrer nas minhas pernas. Aí me deram muitas palmadas e um empurrão. Passaram-se alguns dias e ‘subi’ de novo. Lá estava ele, esfregando as mãos como se me esperasse. Tirou meu vestido e novamente escondi os seios. Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com um olhar de louco. No meio desse terror, levaram-me para a carceragem, onde um enfermeiro preparava uma injeção. Lutei como podia, joguei a latinha da seringa no chão, mas um outro segurou-me e o enfermeiro aplicou a injeção na minha coxa. O torturador zombava: ‘Esse leitinho o nenê não vai ter mais’. ‘E se não melhorar, vai para o barranco, porque aqui ninguém fica doente.’ Esse foi o começo da pior parte. Passaram a ameaçar buscar meu filho. ‘Vamos quebrar a perna’, dizia um. ‘Queimar com cigarro’, dizia outro." 


Entrevista Rose Nogueira (sem edição, na íntegra) #DitaduraNuncaMais


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