Já havia escrito este artigo há cerca de um ano mais ou menos. Porém, cenas que se repetem frequentemente me moveram a reeditá-lo. Imaginem que estando em um típico barzinho de bairro predominantemente residencial, conversando com amigos e amigas - ou pelo menos tentando - qual não foi minha surpresa. A quantidade de televisores e telões chamava nossa atenção, além de tirar e/ou atrapalhar a atenção do bate-papo.
O mais
desconcertante a meu ver foi a cena de um jovem senhor na tentativa inglória de
tocar seu violão. De longe, trocávamos sorrisos. Afinal, nesses momentos,
melhor relaxar. Entretanto, ao vê-lo colocar a capa do violão, percebi-me tomada
por forte sentimento de frustração. Assim sendo, não resisti. Saquei meu celular
e fotografei o absurdo!
Na sagrada
instituição da mesa do barzinho, descobrimos que está tudo muito mudado. Mas,
de que mudanças falamos?
Ouvi uma jovem
mãe – muito jovem mesmo, 17 anos – reclamar da descrença da sociedade na
mulher. Ela desabafava quando lhe era permitido pelo forte ruído da TV. Falava
que havia criado e desenvolvido um projeto de computador, bastante arrojado,
para auxiliar e/ou assessorar pessoas sem tempo para administrar a própria
vida, algo assim. Está tudo indo bem com o trabalho. Sabe por quê?
Porque o nome que
aparece no projeto é do marido. Justificativa? Os avaliados para ingressar
dizem que só aceitam tal serviço se for feita por homem. Pode? Pode. É como ela
está podendo trabalhar e garantir tranquilidade dos clientes. Tendo que ser o
marido. Criou, desenvolveu, atua. Mas, tudo no nome do marido.
Barzinho
discreto, cerveja gelada ou água mesmo. Propício à boa conversa fora com o
companheiro. Bom, assim estava até o proprietário ter a infeliz ideia de ligar
a TV. Tento protestar, mas sou vencida pela esmagadora maioria masculina que
quer assistir aos últimos gols da rodada do futebol. Masculino, claro. Vencida,
bati em retirada.
Noutro
sacrossanto barzinho, entre goles de cerveja e encontros casuais, o deleite do
bate-papo... Quer dizer, quando a televisão permite. O barulho das novelas,
programas de auditório e congêneres nos impede até de matar a saudade dos
afetos e ouvir as novidades dos distantes. Entre um debate e outro, opção
sexual, melhor música ou intérprete favorito, isso e aquilo... Quem administra
melhor?...
A constatação:
quem preside o Brasil é uma mulher. Pronto. Não, não pronto. Pasmemos, entre um
ruído e outro da TV, os índices de aprovação da Presidenta Dilma segundo
pesquisa recente, são muitos bons, 73%. Contudo, melhor ainda entre os homens.
Com os mancebos a confiança na Presidenta vai a 76%.
Será essa cultura
de desconfiança na mulher ainda mais forte entre as próprias mulheres?
Desliguem os televisores nos bares e vamos debater. Ouvindo boa música sem paredões nosso debate vai
crescer. E assim, salvem o barzinho, valorizemos as mulheres.
Essa vai para
todos os gostos: mais mulher, menos TV!
*Em tempo: as fotos foram feitas por mim.
*Em tempo: as fotos foram feitas por mim.
Belo comentário! Texto gostoso, leve, descontraído, apesar das críticas sensatas e inteligentes sobre os ambientes sacrossantos das mesas de bar, hoje contaminados pelos ruídos desrespeitosos e inconvenientes das TVs ligadas a todo som...
ResponderExcluirVale a reflexão. E a oportunidade da crônica saudável que revela com leveza e graça algumas aflições decorrentes de atitudes indesejáveis, impostas pelo modo de vida moderno.
Estou com você. Que se desliguem os televisores e passemos a refletir acerca dos valores femininos igualmente modernos, resultantes de gloriosas e relevantes conquistas ao longo das últimas décadas. Melhor pra nós que convivemos com os valores tipicamente femininos da convivência fraterna e solidária - típico da essência materna das possuidoras de ovário e útero!
Na paz!
Valeu Luca, seu comentário, ainda mais, corrobora com esta nossa preocupação!
ExcluirPaz, meu amigo!