Resultados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad*) do IBGE feita em 2013 com 362.555 pessoas em 1.100 municípios,
constata:
√ Diminui desigualdade, cai analfabetismo e mulheres continuam, mesmo sendo maioria da população e obtendo melhor índice de escolaridade, percebendo salários 30% menores que os homens (aproximadamente em dados estatísticos arredondados).
A Mulher e o Trabalho
por Gláucia Lima
Uma das mais evidentes
desigualdades existentes na sociedade brasileira refere-se às relações de
gênero. Mais no campo sociocultural que no econômico.
Em pesquisas
realizadas, a população brasileira chega a ter 52% de mulheres:
nível de escolaridade população economicamente ativa: média nacional = 6,1%, sendo a da mulher: 7,3% e do homem: 6,3%.
Enquanto a representação na política fica assim: Representante Feminina na Câmera Federal: 8% e no Senado: 2%.
nível de escolaridade população economicamente ativa: média nacional = 6,1%, sendo a da mulher: 7,3% e do homem: 6,3%.
Enquanto a representação na política fica assim: Representante Feminina na Câmera Federal: 8% e no Senado: 2%.
Constatação recorrente:
independente do gênero, a pessoa com maior nível de escolaridade tem mais
chances e oportunidades de inclusão no mercado de trabalho. Mulheres no trabalho
precário e informal é de 61%, sendo
13% superior à presença dos homens (54%).
Mesmo que de forma
tímida, que a mulher tem tido uma inserção maior no mercado de trabalho. Constata-se,
também, uma significativa melhora entre as diferenças salariais quando
comparadas ao sexo masculino. Contudo, ainda não foram superadas as recorrentes
dificuldades encontradas pelas trabalhadoras no acesso a cargos de chefia e de
equiparação salarial com homens que ocupam os mesmos cargos/ocupações.
(aqui, abrimos um parêntesis para o convite a ler no
final da pesquisa o artigo: O papel da mulher na sociedade)
PERFIL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
A Pnad de 2013 mostra uma tendência
de envelhecimento da população brasileira. Dos 201,5 milhões de habitantes no
país, 13% são idosos, ou seja, têm mais de 60 anos.
Destaque: Mesmo o Índice de “Gini”,
que mede a distribuição da renda, caindo, tendência decrescente do índice dos
últimos anos (passou de 0,496 em 2012 para 0,495 em 2013) e a estabilidade da
taxa de pessoas economicamente ativas (de 65,9% em 2012 e de 65,5% em 2013), a mulher
ainda percebe salário, em números estatísticos arredondados, 30% menor que o do homem.
Outro destaque foi o aumento da proporção de solteiros no país: de 48,2% do total da população em 2012 para 49,2% em 2013. A definição de solteiro inclui pessoas com união estável ou que se casaram só no religioso.
ANALFABETISMO NO BRASIL
A taxa de analfabetos no país teve
queda após um ano de estagnação. O índice de brasileiros com 15 anos ou mais
que não sabem nem ler e escrever era de 8,6% em 2011. Teve ligeira alta para
8,7% em 2012. E caiu para 8,5% em 2013.
Mas o número de
pessoas com 10 anos ou mais que não têm instrução, ou estudaram menos de um
ano, subiu de 15,3 milhões para 16 milhões.
POSSE DE BENS
Em 2013, os domicílios brasileiros
apresentaram aumento de carros (alta de 4,8%) e motos (1,4%) nas garagens.
Outro destaque foi o crescimento de máquinas de lavar – são 7,8% mais
residências com o eletrodoméstico.
Na contramão estão aparelhos de rádio (queda de 4,4%) e DVD (-2,8%). Os índices de fogão e TV dentro dos domicílios brasileiros ficaram estáveis.
Na contramão estão aparelhos de rádio (queda de 4,4%) e DVD (-2,8%). Os índices de fogão e TV dentro dos domicílios brasileiros ficaram estáveis.
ACESSO A INTERNET E POSSE DE CELULAR
Pela primeira vez, segundo a Pnad,
mais da metade da população brasileira tem acesso à internet. A alta no número
de pessoas conectadas foi menor do que em outros anos: menos de 1 ponto
percentual entre 2012 e 2013.
O número de
pessoas com celular no país manteve o crescimento, mas com alta menor na
comparação com outros anos. Em 2012, 72,8% da população tinha o aparelho. Em
2013, o número subiu para 75,5%.
DESIGUALDADE DE RENDA
O Índice de “Gini”, que mede a
distribuição da renda, passou de 0,496 em 2012 para 0,495 em 2013. A leve queda
manteve a tendência decrescente do índice dos últimos anos.
OCUPAÇÃO
A taxa de pessoas economicamente
ativas (15 anos ou mais) era de 65,5%, em 2013. Isso indica estabilidade em
relação a 2012 – o número era de 65,9%.
Fonte:
IBGE – PNAD / 2014
IBGE – PNAD / 2014
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=149
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua*
(PNAD, População)
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua*
(PNAD, População)
É uma pesquisa por amostra probabilística de domicílios, de abrangência nacional, planejada para atender a diversos propósitos. Visa produzir informações básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do País e permitir a investigação contínua de indicadores sobre trabalho e rendimento. A PNAD Contínua segue um esquema de rotação de domicílios. Isso significa que cada domicílio selecionado será entrevistado cinco vezes, uma vez a cada trimestre, durante cinco trimestres consecutivos.
Principais Indicadores que serão produzidos com base na PNAD Contínua:
• População residente segundo o sexo e os grupos de idade
• Taxa de desocupação
• Taxa de atividade
• Nível da ocupação
• Taxa de analfabetismo segundo os grupos de idade e o sexo
• Pessoas de 14 anos ou mais segundo a condição de ocupação
• Pessoas ocupadas na semana de referência segundo o sexo e os grupos de anos de estudo
• População residente segundo a naturalidade em relação à Unidade da Federação e ao município de residência
• Rendimento médio mensal per capita dos domicílios.
Principais Indicadores que serão produzidos com base na PNAD Contínua:
• População residente segundo o sexo e os grupos de idade
• Taxa de desocupação
• Taxa de atividade
• Nível da ocupação
• Taxa de analfabetismo segundo os grupos de idade e o sexo
• Pessoas de 14 anos ou mais segundo a condição de ocupação
• Pessoas ocupadas na semana de referência segundo o sexo e os grupos de anos de estudo
• População residente segundo a naturalidade em relação à Unidade da Federação e ao município de residência
• Rendimento médio mensal per capita dos domicílios.
Créditos:
G1: G1.com
Edição: Shin Oliva Suzuki (Conteúdo); Léo Aragão
(Infografia)
Reportagem: Amanda Polato
Infografia: Elvis Martuchelli, Karina Almeida e Roberta Jaworski
Desenvolvedores: Fábio Rosa, Hector Otávio e Rogerio Banquieri
Reportagem: Amanda Polato
Infografia: Elvis Martuchelli, Karina Almeida e Roberta Jaworski
Desenvolvedores: Fábio Rosa, Hector Otávio e Rogerio Banquieri
O Papel da Mulher na Sociedade
*por Paulo
Silvino Ribeiro
Mulheres e homens ao longo de boa parte da história da humanidade desempenhavam papéis sociais muito diferentes. Mas do que se trata o papel social? Segundo a Sociologia, trata-se das funções e atividades exercidas pelo indivíduo em sociedade, principalmente ao desempenhar suas relações sociais ao viver em grupo. A vida social pressupõe expectativas de comportamentos entre os indivíduos, e dos indivíduos consigo mesmos. Essas funções e esses padrões comportamentais variam conforme diversos fatores, como classe social, posição na divisão social do trabalho, grau de instrução, credo religioso e, principalmente, segundo o sexo. Dessa forma, as questões de gênero dizem respeito às relações sociais e aos papéis sociais desempenhados conforme o sexo do indivíduo, sendo o papel da mulher o mais estudado e discutido dentro dessa temática, haja vista a desigualdade sexual existente com prejuízo para a figura feminina. Assim, enquanto o sexo da pessoa está ligado ao aspecto biológico, o gênero (ou seja, a feminilidade ou masculinidade enquanto comportamentos e identidade) trata-se de uma construção cultural, fruto da vida em sociedade. Em outras palavras, as coisas de menino e de menina, de homem e de mulher, podem variar temporal e historicamente, de cultura em cultura, conforme convenções elaboradas socialmente.
As diferenças sexuais sempre foram valorizadas ao longo dos séculos pelos mais diferentes povos em todo o mundo. Algumas culturas – como a ocidental – associaram a figura feminina ao pecado e à corrupção do homem, como pode ser visto na tradição judaico-cristã. Da mesma forma, a figura feminina foi também associada à ideia de uma fragilidade maior que a colocasse em uma situação de total dependência da figura masculina, seja do pai, do irmão, ou do marido, dando origem aos moldes de uma cultura patriarcalista e machista. Assim, esse modelo sugeria a tutela constante das mulheres ao longo de suas vidas pelos homens, antes e depois do matrimônio.
Aliás, o casamento enquanto ritual marcaria a origem de uma nova família na qual a mulher assumira o papel de mãe, passando das “mãos” de seu pai para as de seu noivo, como se vê no ato da cerimônia.
Mas como aqui já se abordou, se as noções de feminilidade e masculinidade podem mudar ao longo da história conforme as transformações sociais ocorridas, isto foi o que aconteceu na cultura ocidental, berço do modo capitalista de produção. Com o surgimento da sociedade industrial, a mulher assume uma posição como operária nas fábricas e indústrias, deixando o espaço doméstico como único locus de seu trabalho diário. Se outrora a mulher deveria apenas servir ao marido e aos filhos nos afazeres domésticos, ou apenas se limitando às tarefas no campo – no caso das camponesas europeias, a Revolução Industrial traria uma nova realidade econômica que a levaria ao trabalho junto às máquinas de tear. Obviamente, não foram poucos os problemas enfrentados pelas mulheres, principalmente ao se considerar o contexto hostil de um regime de trabalho exaustivo no início do processo de industrialização e formação dos grandes centros urbanos.
A primeira mulher a assumir o
cargo mais importante da República |
Como se sabe, o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção requer cada vez menos o trabalho braçal, necessitando-se cada vez mais de trabalho intelectual. Consequentemente, criam-se condições cada vez mais favoráveis para a inserção do trabalho da mulher nos mais diferentes ramos de atividade. Ao estudar cada vez mais, as mulheres se preparam para assumir não apenas outras funções no mercado de trabalho, mas sim para assumir aquelas de comando, liderança, cargos em que antes predominavam o terno e a gravata. Essa guinada em seu papel social reflete não apenas nas relações de trabalhos em si, mas fundamentalmente nas relações sociais com os homens de maneira em geral. Isto significa que mudanças no papel da mulher requerem mudanças no papel do homem, o qual passa por uma crise de identidade ao ter de dividir um espaço no qual outrora reinava absoluto.
Mulheres com maior grau de escolaridade diminuem as taxas de natalidade (têm menos filhos), casam-se com idades mais avançadas, possuem maior expectativa de vida e podem assumir o comando da família como no exemplo da propaganda de automóvel citada. Obviamente, vale dizer que as aspirações femininas variam conforme seu nível de esclarecimento, mas também conforme a cultura em que a mulher está inserida.
Contudo, é preciso se pensar que mesmo com todas essas mudanças no papel da mulher, ainda não há igualdade de salários, mesmo que desempenhem as mesmas funções profissionais, ainda havendo o que se chama de preconceito de gênero. Além disso, a mulher ainda acaba por acumular algumas funções domésticas assimiladas culturalmente como se fossem sua obrigação e não do homem – funções de dona de casa. Da mesma forma, infelizmente a questão da violência contra a mulher ainda é um dos problemas a serem superados, embora a “Lei Maria da Penha” signifique um avanço na luta pela defesa da integridade da mulher brasileira.
Mas a pergunta principal vem à tona: qual o papel da mulher na sociedade atual? Pode-se afirmar que a mulher de hoje tem uma maior autonomia, liberdade de expressão, bem como emancipou seu corpo, suas ideias e posicionamentos outrora sufocados. Em outras palavras, a mulher do século XXI deixou de ser coadjuvante para assumir um lugar diferente na sociedade, com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, dando voz ativa a seu senso crítico. Deixou-se de acreditar numa inferioridade natural da mulher diante da figura masculina nos mais diferentes âmbitos da vida social, inferioridade esta aceita e assumida muitas vezes mesmo por algumas mulheres.
Hoje as mulheres não ficam apenas restritas ao lar (como donas de casa), mas comandam escolas, universidades, empresas, cidades e, até mesmo, países, a exemplo da presidenta Dilma Rousseff, primeira mulher a assumir o cargo mais importante da República. Dessa forma, se por um lado a inversão dos papéis sociais ilustrada pela campanha publicitária (citada no início do texto) de um automóvel está em dissonância com um passado não tão distante, por outro lado mostra os sinais de um novo tempo que já se iniciou. Contudo, avanços à parte, é preciso que se diga que as questões de gênero no Brasil e no mundo devem sempre estar na pauta das discussões da sociedade civil e do Estado, dada a importância da defesa dos direitos e da igualdade entre os indivíduos na construção de um mundo mais justo.
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