Luca Vianni*
O hábito de fumar é
tão antigo quanto a humanidade. Adquiriu grande prestígio no Ocidente durante
longo período no século XX. Por décadas, o consumo do cigarro, charuto ou
cachimbo conheceu grande esplendor na boca e mãos de atores e atrizes famosos e,
certamente por isso, teve glamour garantido exercendo indiscutível fascínio sobre
plateias ávidas para imitar hábitos e até cacoetes dos grandes astros hollywoodianos.
Desde o início do cinema falado, a indústria do tabaco percebeu ali o filão
para auferir lucros consideráveis. Aliou-se então às grandes produtoras cinematográficas
americanas fazendo com que os ídolos da sétima arte fossem mostrados frequentemente
nas cenas mais decisivas dos enredos sempre com um cigarro ou mesmo um charuto à
boca. O hábito foi visto nos velhos westerns, passou por grandes épicos e
dramalhões e desembocou nos mais diversos seriados policiais ou de qualquer
outro gênero. Galãs e suas partners de todos os matizes eram invariavelmente apresentados
ao grande público exercitando o glamouroso hábito de fumar. O gesto exerceu incontestável
influência sobre expressivas plateias nos mais variados setores sociais e se
disseminou de tal modo que as vendas e o consumo do tabaco tiveram curva
vertiginosamente ascendente por todo o planeta. Fumar tornou-se cult! Era
elegante fumar! Raríssimo era encontrar alguém que não tivesse seu cigarrinho
no bolso ou na boca. Porém, ai porém, como tudo na vida tem preço, o hábito de
fumar também revelou para os fumantes, de modo inexorável, o outro lado da
moeda. O que dá pra rir dá pra chorar.
A fumaça aspirada pelo
indivíduo também exerce sobre o organismo sua ação deletéria implacável e
irreversível. As mais de 4700 substâncias químicas (chumbinho pra matar rato,
querosene, solvente, alcatrão, etc) adicionadas ao fumo contido em apenas um
cigarro - e absorvidas a cada tragada - vão se alojar no interior de todo o
sistema respiratório fixando-se preferencialmente sobre os alvéolos pulmonares,
brônquios e demais órgãos do sistema, afetando ainda sobremodo órgãos como a
boca, a língua e os dentes. Raro não se ver um fumante ou uma fumante que não
tenha os dentes escurecidos pelo acúmulo de nicotina - um dos ingredientes
nocivos do cigarro, causador-mor de uma indesejável halitose. Ressalte-se, um
dos males menores do hábito de fumar. Porque quando o costume avança para o
quadro da dependência tabagista, a qualidade de vida do indivíduo já sofreu
danos irreparáveis devido à saúde ter sido profundamente abalada quando se
constatam doenças como a tuberculose, o enfisema pulmonar ou o câncer de
pulmão, males cuja reversibilidade é impossível - principalmente quando
identificados em estágio avançado de desenvolvimento. Mais grave nessa história
é que os mesmos efeitos deletérios do hábito de fumar também atingem com a
mesma força agressiva pessoas que nunca fumaram, mas que simplesmente convivem
com fumantes. Essas vítimas involuntárias são os chamados fumantes passivos, os
quais, em muitos casos comprovados cientificamente, acabam pagando o altíssimo preço
de adquirir doenças incuráveis e, na maioria das vezes, letais.
É por essas e
outras que os frequentadores do tradicional e venerando barzinho, bebedores
compulsivos e amantes inveterados do bom papo e da boa companhia, da música de
qualidade e defensores incondicionais da vida saudável - além de sabedores dos efeitos
danosos seguidos dos malefícios proporcionados pelo vício tabagista, sugerem fraterna
e democraticamente aos ilustres senhorios desses sacrossantos lugares que recebam
seus frequentadores como num oráculo: com alegria e bom humor em ambiente
asséptico, incondicionalmente livre da nocividade do tabaco e congêneres. O incômodo sempre presente causado pelo uso do
cigarro em bares, restaurantes e assemelhados é o grande inconveniente para os demais
frequentadores que, diga-se a bem da verdade, são atualmente bem mais numerosos
e sempre dispostos a gastar mais.
Bares, restaurantes
e similares, indistintamente, deveriam estar isentos das mazelas do consumo
mórbido do tabaco em todas as suas modalidades e acolher seus habitués de
braços e coração plenos de saúde e satisfação. Como é para o bem de todos os
amantes etílicos da boa vida e felicidade geral da intrépida nação notívaga,
sempre disposta a transfundir significativas somas pecuniárias em favor dos
seus anfitriões e crupiês, que doravante se declare o barzinho TERRITÓRIO DEFINITIVAMENTE LIVRE DO TABACO!!!*Jornalista e Acadêmico de Farmácia na UFC (Universidade Federal do Ceará)
31 de maio - Dia Mundial Sem Tabaco |
Tabagismo
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável no mundo. A organização
estima que um terço da população mundial adulta, isto é, cerca de 1 bilhão e
200 milhões de pessoas, sejam fumantes. Pesquisas comprovam que aproximadamente
47% de toda a população masculina mundial e 12% da feminina fumam.
Divulgação/Ministério da Saúde Ampliar
- Maço de cigarro carrega mensagem alertando sobre os riscos para
quem fuma
A fumaça do cigarro tem mais de 4,7 mil substâncias
tóxicas. O alcatrão, por exemplo, é composto de mais de 40 compostos
cancerígenos. Já o monóxido de carbono (CO) em contato com a hemoglobina do
sangue dificulta a oxigenação e, consequentemente, ao privar alguns órgãos do
oxigênio causa doenças como a aterosclerose (que obstrui os vasos sanguíneos).
A nicotina é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) droga
psicoativa que causa dependência. Ela também aumenta a liberação de
catecolaminas, que contraem os vasos sanguíneos, aceleram a freqüência
cardíaca, causando hipertensão arterial.
O tabagismo está relacionado a mais de 50 doenças
sendo responsável por 30% das mortes por câncer de boca, 90% das mortes por
câncer de pulmão, 25% das mortes por doença do coração, 85% das mortes por
bronquite e enfisema, 25% das mortes por derrame cerebral. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), todo ano cinco milhões de pessoas morrem no
mundo por causa do cigarro. E, em 20 anos, esse número chegará a 10 milhões se
o consumo de produtos como cigarros, charutos e cachimbos continuar aumentando.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o
tabaco também tem relação com a impotência sexual e infertilidade masculina
pois, segundo estudos, prejudica a mobilidade do espermatozóide. Os mesmos
prejuízos também são atribuídos ao cachimbo e ao charuto. Apesar de não serem
tragáveis, possuem uma concentração de nicotina maior, que é absorvida pela
mucosa oral.
Não só o fumo ativo, mas o passivo também aumenta
os riscos de doença. Sete não fumantes morrem por dia em consequência do fumo
passivo. O tabagismo passivo aumenta em 30% o risco para câncer de pulmão e 24%
o risco para infarto.
Tratamentos e benefícios
Os tratamentos mais eficazes unem apoio
medicamentoso com mudanças de hábitos. A combinação é importante porque o
tabaco causa dependência física, psicológica e comportamental, veja os
detalhes:
Física: Cada tragada tem 4.730 substâncias e, com o
tempo, o corpo do fumante passa a precisar do cigarro para funcionar. Quando se
tira essas substâncias, particularmente a nicotina, o corpo vive uma espécie de
curto-circuito e entra em síndrome de abstinência. Os principais sintomas são
ansiedade, inquietação, sonolência ou insônia, e prisão de ventre.
Psicológica: O cigarro torna-se uma “bengala” para
o viciado, que passa a fumar mais quando está estressado, triste e se sentindo
sozinho.
Comportamental: O fumante tem uma rotina com o
cigarro. Há momentos em que o fumar é um hábito automático. Depois da refeição,
com o cafezinho, após ir ao banheiro, etc.
Especialistas aconselham as pessoas a marcar uma
data para largar o vício. Há dois métodos para parar de fumar: imediatamente ou
gradualmente. O método mais adequado é a parada imediata, no qual você marca
uma data e, a partir desse dia, não fuma mais nenhum cigarro. Esta deve ser sempre
sua primeira opção. Outra alternativa é parar gradualmente, reduzindo o número
de cigarros ou retardando a hora do primeiro cigarro do dia. Mas você não deve
gastar mais de duas semanas, pois pode se tornar uma forma de adiar, e não de
parar de fumar.
Para reduzir o número de cigarros, diminua um pouco
a cada dia. Por exemplo, uma pessoa que fuma 30 cigarros por dia, no primeiro
dia fuma os 30 cigarros usuais, no segundo dia 25, no terceiro 20, no quarto
15, no quinto 10 e no sexto fuma apenas 5 cigarros. O sétimo dia é a data para
deixar de fumar e o primeiro dia sem cigarros.
Ao retardar a hora do primeiro cigarro, o fumante
deve proceder com o mesmo método gradual. Por exemplo, no primeiro dia você
começa a fumar às 9h, no segundo às 11h, no terceiro às 13h, no quarto às 15h,
no quinto às 17h e no sexto às 19 h. O sétimo dia é a data para deixar de fumar
e o primeiro dia sem cigarros.
Lembre-se também que fumar cigarros de baixos
teores não é uma boa alternativa. Todos os tipos de derivados do tabaco (cigarros,
charutos, cachimbos, cigarros de Bali, etc.) fazem mal à saúde. Cuidado com os
métodos milagrosos para deixar de fumar. Caso não consiga parar de fumar
sozinho, procure orientação médica.
Para obter informações sobre tabagismo consulte o
site do Instituto Nacional de Câncer (Inca)
[http://www1.inca.gov.br/tabagismo/], órgão do Ministério da Saúde responsável
por coordenar e executar o Programa de Controle do Tabagismo no Brasil.
Ou ligue no Disque Saúde (0800-611997).
Leis
Antifumo pelo Brasil
Desde 1996, o Brasil conta com uma lei federal número 9.294 que
restringe o uso – e também a propaganda – de produtos derivados de tabaco em
locais coletivos, públicos ou privados, com exceção às áreas destinadas para
seu consumo, desde que isoladas e ventiladas (também conhecidos como
fumódromos).
Porém, com o objetivo de se aproximar mais do
artigo 8 da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco,
tratado internacional elaborado pela Organização Mundial da Saúde e do qual o
Brasil é signatário, estados e municípios têm elaborados leis que eliminam a
presença dos fumódromos e proíbem o consumo de cigarros, charutos, cachimbos e
cigarrilhas em bares, restaurantes, casas noturnas, escolas, áreas comuns de
condomínios e hotéis, supermercados, shoppings etc.
A fiscalização, aliada à aplicação de multas
(previstas em lei) aos estabelecimentos e à adesão da população, tem feito com
que as leis sejam, de fato, respeitadas.
Por enquanto, sete estados possuem leis que deixam
o ambiente 100% livre da fumaça do cigarro: Amazonas, Paraíba, Paraná, Rio de
Janeiro, Rondônia, Roraima e São Paulo. Nestes estados, além de restringir o
uso em ambientes coletivos fechados, é vedada a criação de fumódromos dentro
dos estabelecimentos. Acre, Piauí e Rio Grande do Norte esperam se juntar a
este grupo: desde 2009 tramitam em suas Assembleias Legislativas projetos de
lei para a criação de ambientes livres do tabaco.
Em comum, as legislações estaduais têm: a proibição
do fumo em locais fechados, a atuação de agentes fiscalizadores, a
possibilidade de a população denunciar estabelecimentos em que a lei não é
aplicada, e a liberdade que os donos ou responsáveis por tais lugares têm de
expulsar quem não segue a legislação (vale lembrar que são eles quem pagam a
multa e podem ter seus negócios fechados).
Além dos Estados já citados, outros 15 mais o
Distrito Federal possuem leis específicas para proibição ao fumo em locais
fechados. A diferença é que nestas regiões é permitida a criação de fumódromos.
O Amapá é a única unidade da Federação que não possui legislação antitabaco.
Algumas cidades do País também possuem leis
próprias que proíbem o uso do cigarro em ambientes fechados. Parte delas foi
criada antes das leis estaduais. Belo Horizonte, por exemplo, proíbe o cigarro
(mas permite fumódromos) desde 1995 enquanto a lei válida para todo o Estado de
Minas Gerais só entrou em vigor em 2010.
Estados com leis antitabaco, sem fumódromo
Amazonas
Paraíba
Paraná
Rio de Janeiro
Rondônia
Roraima
São Paulo
Amazonas
Paraíba
Paraná
Rio de Janeiro
Rondônia
Roraima
São Paulo
Estados com leis antitabaco, mas que permitem
fumódromo
Alagoas
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Pernambuco
Pará
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Sergipe
Tocantins
Alagoas
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Pernambuco
Pará
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Sergipe
Tocantins
Estados com projetos de lei antitabaco em
tramitação
Acre
Rio Grande do Norte
Piauí
Estado sem legislação antitabaco
Amapá
Acre
Rio Grande do Norte
Piauí
Estado sem legislação antitabaco
Amapá
Convidamos os companheiros e companheiras leitores e leitoras a cerrar fileiras em defesa da saúde, contribuindo de forma efetiva nessa luta sem trégua pela erradicação do hábito tabagista. E que os nossos anfitriões se sensibilizem positivamente com essa ideia e sejam nossos parceiros incondicionais - o que, com certeza, só fará crescer seus cofrinhos, botijas e baús cifronados!!!!... Amém!!
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