quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Música/Canções: Pragmática Sociocultural em Sala de Aula

A música é o barulho que pensa.❞ Víctor Hugo
Gláucia Lima
“O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas.” William Shakespeare
Quando escrevi minha tese de doutorado, minha pesquisa teve como objetivo realizar uma análise crítica da utilização de canções como reforço e estratégia no ensino comunicativo de língua espanhola como língua estrangeira, trabalhadas num contexto sociocultural.

 A motivação para trabalhar este tema surgiu de minha experiência laboral, como professora de língua espanhola no Centro de Línguas do IMPARH, na Prefeitura Municipal de Fortaleza. Elaborei minha argumentação a partir do resultado da análise de material didático e da minha prática profissional. Propus que a utilização de canções como atividades criativas em aulas de espanhol como língua estrangeira, possibilitasse interpretá-las num contexto social e cultural. Proceder à escrita desta tese sem levar em conta minha atuação no ensino de espanhol (como L2), seria fugir da realidade e fabricar, naturalmente, uma falsa identidade.

Acredito que canções constitui base para a aprendizagem de línguas, pois atua diretamente na prática da compreensão auditiva, numa comunicação real. A necessidade de uma instrução argumentativa, que faça análise buscando identificar oportunidades gerais e específicas que podem ser levantadas na hora de definir metas e estratégias de utilização de canções nas aulas de línguas estrangeiras, no meu caso em específico, a do espanhol. Já que a cultura, fundamentalmente, tem um papel central de aproximar as sociedades, percebe-se que se pode ensinar a "cultura", porque a música e as canções são manifestações culturais da comunidade linguística, de promover e estimular o conhecimento social e cultural através de canções do mundo hispânico, durante o aprendizado de línguas.

Desenvolver a competência comunicativa com ênfase nos aspectos sócio-culturais do mundo/sociedade hispânica estimula no aluno o interesse pela cultura e língua  hispânicas. Permite contextualizar autor e obra e identificar as características culturais, identificando na sociedade as influências do mundo hispânico através da canção.

Temos portanto nas canções, um  mecanismo por demais prazeroso, que podemos utilizar para fazer funcionar a nossa comunicação. E, nesta época, onde tudo se faz rapidamente, elaborações  mentais se fazem necessárias para acompanhar a velocidade do computador, de toda a evolução da tecnologia, por fim e principalmente, das “redes sociais”, que revolucionam a linguagem e, por conseguinte, as sociedades no mundo.

Minha tese consigna à teoria de Paulo Freire ao defender que “linguagem e realidade prendem-se dinamicamente”, para ele“a leitura do mundo precede à leitura da palavra”. Nada obstante, a língua (e sua linguagem), ainda exerce o protagonismo na comunicação. Ao falar de inteligência múltiplas e de inteligência emocional, se reforça a necessidade de leituras e audições de diversificadas linguagens. As canções têm este poder de acercar os povos e, sobretudo sua cultura e tradição, bases na sociedade. h

Figuras: 1. Lennon e Che ao violão/ 2. Capa CD-Livro Caetano/
     3. criança em losa digital  Capa LP Mercedes Sosa/ e
               4. criança em losa digital imagem show Pablo Milanés e Chico Buarque
Assim, compartilha com a linha de pensamento de Noam Chomsky ao demonstrar preocupação pela criatividade e a liberdade do falante, adicionando a “situação” como matiz que afeta à essência dessa mesma liberdade. As canções contribuem para familiarizar aos alunos com a realidade. Aproximá-los de outras realidades mais distantes, além de que nos traz mensagens diretas (ou não) que nos falam de nosso mundo, transpondo a barreira do mundo do mesmo idioma.

A psicolinguística confirma que a reprodução do modelo sonoro na música, implica sua percepção. A mensagem pode ter a capacidade de atuar sobre nossas emoções, conectando com nosso plano afetivo. Esta carga afetiva e próxima da realidade que traz as canções se convertem no material motivador e significativo para explorar na sala de aula.

Widdowson propõe que o aluno, através da manipulação da linguagem e da percepção de sua função social, desenvolva habilidades comunicativas que ajudam na aquisição da segunda língua.

A música e as canções, numa perspectiva psicopedagógica, contribuem positivamente na compreensão e desenvolvimento para a comunicação e aprendizagem de idiomas (ou 2ª língua), sem alijá-lo  da realidade do mundo; sim, pondo professor/a e aluno/a, de forma prazerosa, no centro e partícipe da situação.  

É nesta mesma perspectiva, ou seja, da educação construtiva, que defendemos e apoiamos a inclusão da música e/ou canções, também  como disciplina curricular, em sala de aula. Ganha a estudantada, o magistério, a arte, a educação como um todo e, principalmente, a sociedade. 
Gláucia Lima * glaucialimavoz.blogspot.com.br/@Glaucia_Lima_

“…debe el canto ser luz sobre los campos
iluminando siempre a los de abajo.
                     (composición: Horacio Guarany-Si se calla el cantor)

Mercedes Sosa & Horacio Guarany Si se calla el cantor - 1972
&♪♫ ?  y  x♪♫ r t  h  ♪♫ 
*Gláucia Lima escreveu a Tese: LAS CANCIONES COMO REFUERZO Y ESTRATEGIA EN LA ENSEÑANZA COMUNICATIVA EN EL CONTEXTO SOCIOCULTURAL DE E/LE (E/LE = Espanhol como Língua Estrangeira)


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